22/Set/2021
Os preços do algodão em pluma no Brasil somam oito dias de quedas consecutivas e já voltam a operar nos patamares observados em meados de agosto deste ano. A pressão vem do aumento na oferta de pluma no spot nacional, devido ao avanço do beneficiamento, e das desvalorizações externas. Neste último caso, incertezas relacionadas ao consumo chinês levaram o primeiro vencimento de algodão negociado na Bolsa de Nova York ao menor valor desde o final de julho. Diante do atual enfraquecimento doméstico, as cotações internas da pluma se aproximam dos da paridade de exportação, o que, ressalta-se, é comum para período de maior disponibilidade nacional.
Na parcial deste mês (de 1º a 20 de setembro), a distância média entre a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) e o preço no spot doméstico está em 12,5%, ainda com vantagem para o valor interno, mas a menor em cinco meses. No caso específico da China, principal destino do algodão nacional, até o final de agosto, os preços no Brasil estavam bem acima do Índice Cotlook A, vantagem que foi reduzida agora em setembro. Assim, a paridade de exportação é de R$ 4,77 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e em R$ 4,78 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Os contratos da Bolsa de Nova York estão recuando, diante do dólar mais forte, da desvalorização do petróleo, de previsões de maior estoque e de clima desfavorável nos Estados Unidos e da expectativa de possibilidade de redução no consumo chinês. O vencimento Outubro/2021 fechou a 89,89 centavos de dólar por libra-peso, queda de 4,8% nos últimos sete dias. O contrato Dezembro/2021 está cotado a 89,02 centavos de dólar por libra-peso (-4,08%), Março/2022, a 88,39 centavos de dólar por libra-peso (-3,88%) e, Maio/2022, a 88,10 centavos de dólar por libra-peso (-3,82%). No Brasil, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 5,21 por libra-peso, baixa de 2% nos últimos sete dias.
Entretanto, a média parcial de setembro segue sendo a maior nominal de toda a série histórica, a R$ 5,31 por libra-peso. Em termos reais (valores corrigidos pelo IGP-DI, base agosto/2021), a alta é de 35,2% em um ano. Vale considerar que, ao se tratar da média mensal, a paridade de exportação subiu mais que a média do Indicador, tendo em vista que os preços domésticos cederam 2,6%, ao passo que a paridade subiu 1,9%, está sustentada pela valorização do dólar, de 3,4%. No período, o Índice Cotlook A cedeu 1,3% e o primeiro vencimento da ICE Futures, 4,3%.
Com o avanço do beneficiamento, as exportações também seguem ganhando força, apesar das dificuldades logísticas e dos maiores custos com fretes marítimos. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 12 dias úteis de setembro, foram embarcadas 76,1 mil toneladas de pluma, com média diária de 6,34 mil toneladas, contra 7,6 mil toneladas em setembro/2020 (queda de 16,2%). O preço médio de setembro está 1,16% abaixo do de agosto/2021, mas 18,24% acima do preço de setembro/2020, a R$ 4,09 por libra-peso (77,94 centavos de dólar por libra-peso, considerando o dólar médio de R$ 5,25). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.