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06/Out/2021

Tendência é de alta nos preços internos e externos

Os preços externos e internos do algodão em pluma estão em forte ritmo de alta. A paridade de exportação e o Indicador CEPEA/ESALQ operam em patamares recordes nominais, impulsionados pela valorização expressiva dos contratos negociados na Bolsa de Nova York e pela alta do Índice Cotlook A, que, por sua vez, atingiram os maiores níveis em 10 anos. No mercado internacional, players estão atentos às condições climáticas nas lavouras dos Estados Unidos e da Índia, dois grandes produtores mundiais, e aos possíveis impactos sobre a qualidade e a produção de algodão. Esse cenário somado à elevação no preço do petróleo, ao atraso na colheita dos Estados Unidos e à maior demanda chinesa pela pluma norte-americana impulsionam os preços externos.

Assim, o primeiro vencimento negociado na Bolsa de Nova York está cotado a 106,93 centavos de dólar por libra-peso, aumento de 8,11% nos últimos sete dias. O contrato Dezembro/2021 registra avanço de 7,02% no mesmo período, a 104,93 centavos de dólar por libra-peso. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 5,51 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e R$ 5,52 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), ambos recordes, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. No Brasil, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, vem renovando de forma consecutiva os recordes nominais, e está cotado a R$ 5,71 por libra-peso, forte alta de 8,41% nos últimos sete dias. O Indicador está apenas 3,4% acima da paridade de exportação.

No spot nacional, os agentes do mercado interno estão atentos aos recentes fortes aumentos e à valorização do dólar frente ao Real. Esse cenário estimula a comercialização de novos lotes no spot e programações futuras. Por outro lado, algumas indústrias optam por adiar os recebimentos de volumes já contratados, mas que estavam com preços em aberto, alegando dificuldade no repasse desses custos. No geral, os compradores com necessidade imediata têm que ceder para conseguir realizar novas aquisições e aumentar os valores de suas ofertas para atrair vendedores. Os comerciantes, por sua vez, buscam realizar negociações “casadas” e/ou, aqueles que estavam comprados a valores maiores, aproveitam para desovar os lotes no mercado.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, em setembro, o Brasil exportou 140,21 mil toneladas de algodão em pluma, bem acima das 50,78 mil toneladas de agosto/2021 (+176,1%), mas 11,72% inferior ao volume de setembro/2020 (158,83 mil toneladas). O preço médio de exportação em setembro, em dólar, foi de 76,89 centavos de dólar por libra-peso, 2,5% inferior ao valor médio de agosto/2021 (78,85 centavos de dólar por libra-peso), porém, 16,7% acima do de um ano atrás (65,92 centavos de dólar por libra-peso. Em moeda nacional, considerando-se a média mensal do dólar em R$ 5,29, o preço médio em setembro/2021 ficou em R$ 4,07 por libra-peso, queda de 1,68% no mês, mas alta de 14,30% frente ao valor de setembro/2020 (R$ 3,56 por libra-peso).

Esse preço de exportação ficou 23,5% inferior ao verificado no spot nacional em setembro (Indicador), a maior diferença negativa desde maio/2011 (-35,2%). Em relatório divulgado no dia 1º de outubro, o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) estimou produção mundial da safra 2021/2022 em 25,75 milhões de toneladas, elevação de 6,45% frente à anterior. O aumento da oferta na Austrália, no Brasil e nos Estados Unidos deve compensar a queda nas produções da China e da Índia. O consumo mundial de algodão em pluma deve crescer apenas 0,82% em 2021/2022, para 25,9 milhões de toneladas. Mesmo com sanções de importação, o consumo chinês na temporada 2021/2022 está estimado em 8,2 milhões de toneladas.

Na safra anterior, o consumo chinês foi o maior das últimas três temporadas (8,4 milhões). Projeta-se que a Índia aumente em 5% o consumo, indo para 5,89 milhões de toneladas, e ocupe o segundo lugar dentre os maiores demandantes mundiais, seguida pelo Paquistão (2,15 milhões de toneladas). Vale considerar que, com o aquecimento do consumo e os estoques finais na temporada 2019/2020 mais altos, as exportações mundiais na safra 2020/2021 estão previstas em 10,75 milhões de toneladas, elevação de 19,18% frente às da safra anterior e reajuste positivo de 2,58% sobre o relatório de setembro. Dessa forma, os estoques da temporada 2020/2021 caíram 2,66% em relação aos dados do mês anterior.

Para a safra 2021/2022, a exportação teve queda de 4,28% frente à safra passada, indo para 10,29 milhões de toneladas. O estoque final deve ser de 19,96 milhões de toneladas, recuo de 0,75% na comparação com o da temporada 2020/2021. O bom desempenho nas vendas no varejo de têxteis nas economias desenvolvidas segue dando suporte a um cenário positivo para demanda de algodão. Dessa forma, a estimativa de preços também continua altista. O Icac indica média do Índice Cotlook A de 101,60 centavos de dólar por libra-peso para a temporada 2021/2022, sendo 3,5% maior que a média prevista em setembro (98,20 centavos de dólar por libra-peso). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.