07/Out/2021
O mercado interno de algodão registra baixa liquidez no spot. A volatilidade expressiva dos contratos futuros na Bolsa de Nova York, que atingiram máximas históricas, afasta compradores e vendedores. As indústrias domésticas são cautelosas na aquisição de novos lotes, esperando por uma estabilidade das cotações externas. Os produtores, por sua vez, avaliam que os preços podem subir ainda mais e se desfazem de lotes pontualmente. Os preços domésticos acompanham a valorização externa, e registram alta pela segunda semana consecutiva, atingindo, no dia 5 de outubro, o maior nível dos últimos 25 anos. O Indicador de preço do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), com pagamento em 8 dias, alcançou o recorde da série histórica iniciada em 1996, encerrando a R$ 5,80 por libra-peso no dia 5 de outubro.
Nos últimos sete dias, o Indicador apresenta avanço de 4,72%, enquanto no mês a alta é de 2,36%. A paridade de exportação também atinge recordes nominais. Em Minas Gerais, na região de Belo Horizonte, ocorrem negócios apenas para entrega na entressafra, com preços a fixar, ou seja, com base no indicador Cepea/Esalq do período da entrega ou com o basis praticado no momento. Para embarque imediato, a comercialização evolui pouco, com falta de acordo sobre o valor entre compradores e vendedores. É um momento conturbado em virtude da volatilidade. O preço internacional subiu em 15 dias entre 15% e 20% e o dólar subiu 1% ante o Real, o que travou o mercado interno. O mercado nacional ainda não assimilou a mudança de patamar dos preços internacionais e o movimento altista está defasado.
Mesmo com a alta do indicador Cepea/Esalq, o avanço das cotações domésticas ainda está abaixo do praticado no exterior. Negócio para exportação sairia acima de R$ 6,00 por libra-peso. O produtor faz essa conta e não aceita vender para indústria local abaixo do valor pago pela trading. Os valores locais pagos pela fibra devem subir no curto prazo a fim de reduzir essa disparidade. Por outro lado, contudo, as indústrias não estão dispostas a pagar valores mais elevados pela pluma. A maioria das têxteis está abastecida até o fim do ano. Aquelas que precisam de contratos para recebimento dentro deste ano preferem aguardar o fim desse período de forte volatilidade. Já os produtores estão mais propensos aos negócios, mas ainda com baixa disponibilidade de pluma, já que cumprem contratos firmados anteriormente e esperam que as cotações subam mais para se desfazer dos lotes.
Em contrapartida, as reações no mercado externo estimulam o fechamento de novos negócios para entrega futura envolvendo a safra 2021/2022 e 2022/2023. Atentos aos preços internacionais atrativos, os produtores estão mais ativos nas vendas futuras, buscando efetivar contratos a valores maiores. Há registro de negócios entre 90,00 e 91,00 centavos de dólar por libra-peso, para entrega no porto no segundo semestre do ano que vem e em média a 83,00 centavos de dólar por libra-peso, para embarque no segundo semestre de 2023. Essa valorização favorece negócios antecipados entre produtores e tradings. Em relação à safra 2020/2021, a colheita foi praticamente finalizada no País, com 99,96% da área retirada.
O beneficiamento atingia 55% da produção até o dia 30 de setembro, de acordo com dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). A produção da temporada é estimada em 2,32 milhões de toneladas. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão continuam sustentados, acima dos 105,00 centavos de dólar por libra-peso. Nos últimos sete dias, o incremento é de 4,6% e em um mês, a alta é de 18%. Nos últimos pregões, os contratos vêm sendo negociados em seu nível mais alto desde setembro de 2011. O movimento reflete a crescente demanda chinesa, que vem sendo atendida, em parte, pelo aumento das exportações dos Estados Unidos.
De acordo com a previsão mais recente do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o consumo de algodão na China deve ser de 8,9 milhões de toneladas. Isso representa um aumento de 24% em comparação com as duas últimas temporadas, impulsionado também por um aumento pós-pandêmico na demanda por bens de consumo de modo geral. Os ganhos são impulsionados também pelo atraso na colheita norte-americana condições climáticas adversas às lavouras dos Estados Unidos e pela queda na produção da Índia, grandes produtores mundiais. Além disso, a elevação no preço do petróleo também contribui para sustentar os preços da fibra natural, que tende a ter maior demanda ante à sintética. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.