14/Out/2021
Enquanto o algodão em pluma já é negociado no mercado brasileiro na casa dos R$ 6,00 por libra-peso, recorde nominal da série histórica do Cepea, iniciada em 1996, a paridade de exportação em dólar, o Índice Cotlook A e os contatos da Bolsa de Nova York operam nos maiores patamares em 10 anos. A sustentação vem da combinação de altas nos preços de fibras sintéticas, concorrentes na indústria têxtil, e da demanda firme, especialmente por parte da Ásia. No spot brasileiro, o movimento de avanço é reforçado pela restrição de vendedores, que tem levado algumas indústrias a pagarem valores maiores, sobretudo as que trabalham com baixos estoques. Porém, dificuldades logísticas e preocupações em relação ao crescimento chinês acabam limitando as elevações em todo o mercado. Na Bolsa de Nova York, os valores também são impulsionados por posições sobrecompradas de fundos.
Assim, o primeiro vencimento (Dezembro/2021) está cotado a 109,79 centavos de dólar por libra-peso, alta de 1,4% nos últimos sete dias. Os demais contratos até meados de 2022 operam acima de 100,00 centavos de dólar por libra-peso. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 5,81 por libra-peso (105,04 centavos de dólar por libra-peso) no Porto Santos (SP) e a R$ 5,82 por libra-peso (105,23 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. No mercado interno, o Indicador CEPEA/ESALQ está cotado a R$ 6,01 por libra-peso, reação de 5,25% nos últimos sete dias. A liquidez no spot, contudo, está baixa, devido à disparidade entre os valores de agentes. Os vendedores apostam em preços firmes para novos negócios, mas os compradores apontam dificuldade no repasse de novos reajustes positivos sobre os produtos manufaturados.
Diante da recente forte alta, a média da parcial de outubro/2021 já está quase 61% acima da registrada em outubro/2020, em termos nominais. Assim, é de se esperar aumento na área destinada à cultura do algodão na próxima temporada, mas o alto custo de produção e dificuldades de novas compras de insumos, especialmente fertilizantes, podem limitar esse possível crescimento. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área pode aumentar 10,2% na temporada 2021/2022, somando 1,51 milhão de hectares. Espera-se crescimento de 3,1% na produtividade, a 1.772 quilos por hectare, o que elevaria a produção em 13,7%, totalizando 2,68 milhões de toneladas. Estima-se que o consumo interno aumente 2,5% entre as safras 2020/2021 e 2021/2022, para 765 mil toneladas. A exportação pode ficar em torno de 2 milhões de toneladas, o que contribuiria para reduzir os estoques de passagens.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em relatório divulgado no dia 12 de outubro, estimou produção mundial na temporada 2021/2022 em 26,188 milhões de toneladas, volume 7,2% acima do apontado no relatório anterior. Para a Índia, maior produtora mundial, a oferta foi reduzida em 1,8% frente ao mês anterior, para 6,096 milhões de toneladas (mesmo volume projetado na temporada 2020/2021). Para os Estados Unidos, houve reajuste negativo de 2,7%, para 3,920 milhões de toneladas em outubro, mas ainda 23,2% superior à safra passada. O consumo é previsto em 26,868 milhões de toneladas, aumento de 2,9% em relação ao da safra 2020/2021 e 3% superior à oferta mundial. Para a Índia, especificamente, o consumo está previsto em 5,552 milhões de toneladas, 5,4% maior que o da temporada anterior e um recorde. Espera-se uma recuperação no consumo interno e nas exportações de fios, tecidos e produtos acabados de algodão.
As importações mundiais, por sua vez, estão previstas para caírem 5,1%, indo para 10,112 milhões de toneladas em 2021/2022. Os dados sobre a importação chinesa tiveram elevação de 5% frente ao relatório de setembro. As exportações globais podem atingir 10,108 milhões de toneladas, retração de 4,3%. O estoque mundial deve ser de 18,971 milhões de toneladas, queda de 3,5% frente ao da safra 2020/2021. A China e o Brasil tiveram seus estoques aumentados quando comparados com dados de setembro/2021, enquanto os Estados Unidos e a Austrália, reduções. Quanto ao preço médio pago ao produtor norte-americano na temporada 2021/2022, a previsão é de 90,00 centavos de dólar por libra-peso, elevação de 7,1% frente ao mês passado (84,00 centavos de dólar por libra-peso). Para a safra 2020/21, a previsão de preço médio teve leve queda de 0,3%, ficando em 66,30 centavos de dólar por libra-peso em outubro. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.