21/Out/2021
Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), a exportação brasileira de algodão na safra 2020/2021 deve registrar queda de 27% em comparação com o reportado no ciclo anterior, passando de 2,4 milhões de toneladas para 1,75 milhão de toneladas. O recuo das vendas externas acompanha a queda na produção nacional de 23%, para 2,32 milhões de toneladas, de acordo com dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Com a safra menor, a estimativa é exportar 650 mil toneladas a menos. Haveria demanda para exportar volume superior, se a safra fosse maior. Do volume esperado, já foram embarcadas 342 mil toneladas da safra 2020/2021 até o dia 15 de outubro, com geração de receita de US$ 584,4 milhões, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). De julho a outubro do ano passado, quatro primeiros meses da safra 2019/2020, foram exportadas 585,8 mil toneladas de algodão, com faturamento de US$ 855,4 milhões. A janela de comercialização externa da temporada atual se estende até junho do ano que vem.
Estima-se que 80% do algodão a ser exportado já foi contratado. A maior parte das exportações (55%) deve se concentrar neste segundo semestre e os outros 45% vão ser embarcados no primeiro semestre de 2022. Mesmo com a queda nas exportações, o País se manterá como o segundo maior exportador global de algodão, posição alcançada no ciclo anterior, atrás somente dos Estados Unidos. A China, maior importador mundial de algodão, segue como o principal destino das exportações brasileiras da fibra. Além do gigante asiático, Vietnã, Paquistão, Bangladesh, Turquia, Indonésia e Malásia também figuram como os maiores compradores da pluma. Estes países devem se manter como os principais importadores do algodão brasileiro e a ideia é continuar nestes mercados nos próximos anos. É uma matriz diversificada, sadia e de consumidores ativos para o setor. Há interesse dos exportadores em ampliar vendas também para Tailândia.
Na percepção da Anea, a valorização do algodão brasileiro tem crescido no exterior. O Brasil é um player relativamente novo no mercado de algodão. Os compradores já estão entendendo que as características da fibra brasileira são equivalentes ou superiores à norte-americana e apenas abaixo da australiana, que tem cultivo irrigado. A disparidade entre o preço pago pela fibra brasileira ante as principais concorrentes, principal queixa dos produtores, vêm diminuindo. Os prêmios estão mais próximos e a tendência é que fiquem equiparados com ações como o blue card (selo de qualidade que será implementado no produto brasileiro). A cadeia tem feito um trabalho de convencimento de importadores da qualidade da pluma brasileira e de que o País tem capacidade de fornecimento ao longo de todo o ano. Há uma preocupação, contudo, com o cumprimento dos contratos externos diante dos gargalos logísticos do transporte marítimo de contêineres, estrutura utilizada para envio do algodão.
Até o momento não foram reportados prejuízos com lotes que deixaram de ser exportados, mas observa-se um maior tempo para o escoamento da safra. O setor reporta atrasos nos embarques diante da menor disponibilidade de contêineres e das rolagens de reservas de navios (chamados de bookings). Se a safra fosse igual à do ano passado, o problema teria sido maior. Haveria grandes dificuldades de exportar volumes daquela ordem. A menor produção ameniza as dificuldades enfrentadas. Os impactos poderão ser contabilizados ao fim da safra 2020/2021. Deve haver implicações econômicas em decorrência do atraso nos embarques. O algodão não deixará de ser exportado por estes entraves, mas haverá um custo não previsto de carregamento dos estoques à espera dos embarques com maior custo financeiro, de seguros e de armazenagem.
Pode haver também uma maior distribuição do que não for exportado neste semestre para os primeiros meses do primeiro semestre do ano que vem. Além do atraso no embarque, os exportadores relatam dificuldades em conseguir contêiner disponível para exportações no spot, ou seja, firmadas com menor prazo e não antecipadamente e sem o contrato prévio do serviço de navegação. Hoje, haveria navio apenas para embarque em janeiro ou fevereiro com custos maiores. Para dezembro, já não deve haver espaço. Isso complica a comercialização de algum lote adicional. Por ser um problema de ordem mundial, a situação não afeta a competitividade da pluma brasileira no mercado internacional. Todos os outros produtores também estão enfrentando custos maiores para exportação. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.