21/Out/2021
O setor de algodão espera retomada nas exportações da fibra na temporada 2021/2022, após queda de 27% na comercialização externa da pluma na temporada atual (2020/2021). A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) projeta vendas externas entre 2,2 milhões e 2,3 milhões de toneladas em 2021/2022 ante 1,75 milhão de toneladas da temporada 2020/2021. A recuperação das exportações será puxada pela perspectiva de aumento na produção e pelo fortalecimento dos preços internacionais. A estimativa considera uma safra brasileira entre 2,8 milhões e 3 milhões de toneladas e, com isso, a expectativa é embarcar volumes maiores. Mesmo com o crescimento esperado de 26% a 31%, as vendas externas da fibra brasileira ainda devem continuar atrás do observado antes da pandemia de Covid-19. No ciclo 2019/2020, o País exportou 2,4 milhões de toneladas de algodão.
No momento, o setor está escoando as vendas externas da safra 2020/2021, que se estende até junho do próximo ano. A janela de comercialização externa da temporada 2021/2022, que será semeada no início do ano que vem após a colheita da soja, vai de julho de 2022 a junho de 2023. Confirmadas as expectativas de exportações, o Brasil se manterá como o segundo maior exportador mundial da pluma, atrás apenas dos Estados Unidos. Os países asiáticos (maiores compradores de algodão do mundo) tendem a continuar também como o principal mercado para a fibra brasileira. Os principais destinos do algodão do Brasil são China, Vietnã, Bangladesh, Paquistão, Turquia, Indonésia e Malásia. A expectativa é aumentar a participação nestes mercados. Outros países, como Índia e Colômbia, eventualmente, recorrem à importação de algodão brasileiro e podem ampliar suas compras na próxima safra. Mas, ainda são compras pontuais.
O crescimento das vendas externas deve acompanhar o incremento da safra brasileira de algodão. A Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) prevê aumento de 20,3% na produção para 2,79 milhões de toneladas. Esse número ainda pode chegar a 3 milhões de toneladas, patamar de antes da pandemia. Até o momento, o clima está ajudando com a janela de desenvolvimento da soja dentro do ideal e o preço firme estimula o plantio. Dificuldades para importação de insumos agrícolas podem atrapalhar a expansão esperada das lavouras. Outro fator que deve contribuir para o aumento das exportações da commodity em 2021/2022 são os firmes preços internacionais da pluma. Esses patamares atrativos vêm estimulando a venda antecipada da pluma para as próximas safras. Estima-se que 40% da produção esperada para 2021/2022 já está comercializada antecipadamente e outros de 10% a 15% da temporada 2022/2023 foi vendida, até o momento.
Em ambos os casos, a maior parte dos contratos foi firmada para exportação. O produtor aproveita os preços para a frente para comprometer a venda e travar os custos antes do plantio. O dólar apreciado ante o Real também contribui para a valorização externa do produto local e estimula as exportações. A moda norte-americana se mantendo fortalecida ante a divisa brasileira deve colaborar para as exportações em 2021/2022. A tendência é de cotações fortalecidas no mercado internacional na próxima safra, considerando os fundamentos de mercado. Em setembro, os contratos futuros da pluma negociados na Bolsa de Nova York atingiram o maior nível desde 2011, especialmente por especulação de fundos de investimento. Mas, é difícil os preços se manterem próximos do patamar de 110,00 centavos de dólar por libra-peso por muito tempo. Porém, não há espaço para grande queda.
Na terça-feira (19/10), o contrato mais líquido, para dezembro, fechou em 107,83 centavos de dólar por libra-peso. Até março do ano que vem, as cotações tendem a permanecer acima dos 100,00 centavos de dólar por libra-peso e, a partir do segundo trimestre, tendem a oscilar entre 90,00 e 100,00 centavos de dólar por libra-peso, sustentadas pelo aperto no balanço mundial entre oferta e demanda. A perspectiva é de estoques menores mundialmente em 2021/2022 apesar do aumento da produção, que tende a não acompanhar o crescimento do consumo. Parte da sustentação dos preços deve vir da demanda, que tende a continuar forte no mercado externo, especialmente no Leste Asiático. É possível observar fechamento de negócios diariamente. Os mercados estão ativos, com demanda normal, mas as dúvidas de retomada econômica permanecem. Ainda há incertezas relacionadas à pandemia de Covid-19.
O Vietnã, por exemplo, voltou a restringir a circulação. Uma possível nova onda poderia atrapalhar a recuperação econômica e o consumo de algodão. Outros receios advêm da China, maior comprador mundial da pluma, que enfrenta uma crise energética levando à paralisação de atividades fabris e dúvidas quanto à capacidade financeira, decorrentes da crise da incorporadora Evergrande. Enquanto essas incertezas não forem concretizadas, os fundamentos permanecem altistas. Entre os riscos para o desempenho das vendas externas, o setor exportador aponta a crise global do transporte marítimo, especialmente dos contêineres com aperto na oferta da estrutura, atrasos nos embarques e elevação expressiva dos preços. Especialistas em logística preveem a amenização da escassez de contêineres a partir do segundo semestre do ano que vem.
A expectativa é de que até a janela de comercialização da safra (julho de 2022 a junho de 2023), a situação dos contêineres esteja melhor e que seja possível embarcar esses volumes maiores sem problemas logísticos. Outro sinal de alerta para os exportadores é a concorrência da pluma natural com as fibras sintéticas e uma eventual menor competitividade. Historicamente, quando o preço sobe muito, algumas fiações migram para as sintéticas. Isso preocupa o setor. Contudo, não deve haver uma migração expressiva das têxteis da fibra natural para sintética no curto prazo em virtude do encarecimento do algodão. Com o petróleo fortalecido, as sintéticas também devem ficar em patamares elevados. Além disso, as fábricas adotam um mix estabelecido de uso de natural e sintético na composição. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.