11/Nov/2021
A comercialização interna de algodão evolui pouco no spot. Do lado da demanda, a maior parte das fábricas está abastecida até o fim do ano. Do lado da oferta, os valores pagos para exportação estão mais atraentes para os produtores que os pagos pela indústria doméstica. Os preços seguem fortalecidos. O Indicador de preço do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 6,04 por libra-peso, avanço de 1,36% nos últimos sete dias. No mês, a alta é de 1,59%. O Indicador atingiu novo recorde, alcançando R$ 6,06 por libra-peso no dia 8 de novembro, maior nível dos últimos 25 anos. O Indicador bateu recordes por três dias consecutivos. A média da parcial deste mês, de R$ 6,01 por libra-peso, é a maior da série mensal, está 30,8% acima da verificada em novembro de 2020, e, apesar disso, está 2,6% abaixo da paridade de exportação. No spot, ocorrem apenas negócios pontuais para consumo doméstico.
Com a alta dos preços, os compradores estão recuados. A demanda está um pouco mais fraca e muitas fábricas estão abastecidas até dezembro. A maioria das indústrias terá férias coletivas a partir da segunda quinzena de dezembro, com retomada das atividades a partir de 2022, o que também reduz a demanda neste fim de ano. Tende a haver maior procura de lotes para entrega a partir de janeiro. No momento, poucos negócios estão sendo fechados para entrega em 2022, mas a liquidez deve aumentar neste fim de ano e início do ano que vem. Outro motivo que limita a negociação e retrai a ponta compradora são as dúvidas em relação aos preços da fibra. Com os elevados preços externos do algodão, o valor para exportar a pluma brasileira, representado pela paridade de exportação, voltou a ficar mais atrativo que a cotação no spot brasileiro. Atentos a esse cenário, os vendedores estão firmes nos valores pedidos, enquanto parte dos compradores com maior necessidade cede nos preços pagos, especialmente para adquirir lotes de melhor qualidade.
As poucas fábricas que compram por necessidade de abastecimento imediato cedem e pagam acima do Indicador Cepea/Esalq. Com o Indicador em R$ 6,06 por libra-peso, não há oferta de venda abaixo de R$ 6,20 por libra-peso. O Indicador Esalq está defasado em relação à paridade de exportação. Os preços pagos pelas tradings pela exportação variaram de R$ 6,30 a R$ 6,50 por libra-peso. Por isso, não há interesse do produtor de vender para mercado interno. Por outro lado, as fábricas estão resistentes em pagar os preços pedidos por dificuldade de reajuste do produto final. Em relação à negociação antecipada, envolvendo fibra da safra 2021/2022, que está sendo plantada, e 2022/2023, há negócios com frequência, porém não em ritmo acelerado. Há negócios especialmente para 2021/2022 com basis interessantes ao produtor e 2022/2023 estão com basis um pouco mais fracos e patamar de preço abaixo de 2021/2022.
Os basis para 2021/2022 têm variado de 400 a 500 pontos FOB porto, enquanto para 2922/2023 oscilam de 300 a 400 pontos no FOB porto. A maior parte dos contratos firmados para 2022/2023 são com preços a fixar. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) informou que a comercialização de algodão em pluma em Mato Grosso da safra 2020/2021 avançou 1,08% em outubro ante setembro, atingindo 87,03% da produção prevista. As negociações seguem praticamente iguais ante a média de cinco anos (87,09%) e 2,46% à frente na comparação com a temporada anterior (84,57%). Em relação à safra 2021/2022, até outubro a comercialização da pluma alcançava 56,12% da produção prevista, avanço de 7,77% na comparação mensal. Há adiantamento de 6,84% ante a temporada 2020/2021 e atraso de 1,57% em relação à média dos últimos cinco anos. Para o ciclo 2022/2023, no fim de outubro, 8,4% da produção prevista para o Estado já estava vendida, avanço mensal de 2,2%.
Em relação à média dos últimos cinco anos, a comercialização também está adiantada em 3,96%. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) cortou a sua previsão de reservas mundiais em 2021/2022 em 43,54 mil toneladas, de 18,97 milhões de toneladas para 18,92 milhões de toneladas. Se confirmado, o volume será 522,53 mil toneladas menor que o esperado ao fim da temporada 2020/2021, de 19,44 milhões de toneladas. Em relação aos Estados Unidos, o USDA elevou sua previsão de estoque final de algodão no país em 2021/2022 de 697 mil toneladas para 740 mil toneladas. O governo norte-americano também aumentou a expectativa de produção do país em 2021/2022 de 3,92 milhões de toneladas para 3,96 milhões de toneladas, na mesma proporção do ajuste de estoques. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.