02/Dez/2021
O mercado interno de algodão patina. Apenas lotes pontuais são negociados no spot. Os compradores estão retraídos em meio à proximidade do recesso coletivo de fim de ano e dispostos a adquirir volumes somente para entrega no próximo ano. Apesar da baixa liquidez, os preços domésticos continuam firmes, acima dos R$ 6,20 por libra-peso. O Indicador de preço do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 6,26 por libra-peso, avanço de 0,90% nos últimos sete dias. No mês passado, a valorização foi de 5,25%, encerrando o mês de novembro com a quinta alta mensal consecutiva.
Além das indústrias estarem, majoritariamente, abastecidas até o fim deste ano, a manutenção dos preços sustentados também afasta os compradores. Os vendedores indicam em torno de R$ 6,30 por libra-peso, para entrega em indústria das Regiões Sul e Sudeste em janeiro e fevereiro. Mas, o comprador observa a queda dos preços na Bolsa de Nova York, que caiu cerca de 500 pontos em um pregão, e não aceita. As fábricas domésticas estariam dispostas a efetivar novos contratos a R$ 6,00 por libra-peso, para entrega em janeiro, abaixo da indicação de venda. Tradings indicam cerca de 100,00 centavos de dólar por libra-peso, o que totalizaria em torno de R$ 6,20 por libra-peso posto no produtor, considerando impostos e dólar.
Para dezembro, a indústria está trabalhando apenas com recebimento de contratos até o dia 15 já fechados e com qualidade de embarque aprovada. Do lado da oferta, a baixa nas cotações internacionais estimula a disponibilidade pelos produtores de alguns lotes no mercado, com receio de que a piora possa ser agravada. Os vendedores relatavam não ter pluma disponível nas semanas anteriores, mas nos últimos dias oferecem volumes a R$ 6,30 por libra-peso. Há registro de negócios pontuais entre R$ 6,20 e R$ 6,25 por libra-peso, para entrega nos dois primeiros meses do ano que vem. Trata-se de negócio pontual, pois o mercado está parado.
A comercialização antecipada, envolvendo lotes da safra 2021/2022 e 2022/2023, também está enfraquecida. Para a próxima temporada, que está sendo plantada, a estimativa é de que quase a totalidade do volume disponibilizado antecipadamente pelo produtor já está travado. Aproximadamente de 70% a 80% da safra 2021/2022 já foi vendida. Geralmente, o produtor trabalha em negociar 70% antecipadamente. Deste volume, cerca de 70% são destinados para exportação e outros 30% para mercado interno. Os outros 30% da safra são segurados pelo produtor na negociação no spot. Para o ciclo 2022/2023, há interesse de indústrias em compras de lotes com preço fixo ou na base Esalq.
Na Bolsa de Nova York, os contratos acumularam queda de mais de 8% entre 24 e 30 de novembro. As cotações são pressionadas pelo enfraquecimento do petróleo nas bolsas internacionais, que melhora a competitividade de fibras sintéticas e pode desestimular a demanda por algodão. Os contatos também acompanham a aversão a risco dos investidores com o surgimento da nova variante de Covid-19. O mercado segue atento ao avanço da Ômicron, cauteloso de possíveis impactos de uma nova onda da pandemia no consumo global de algodão. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.