10/Jan/2022
O maior consumo, a produção inferior e os menores estoques de passagem mundial e nacional devem dar suporte à cotação do algodão em pluma no início de 2022. Além disso, diante dos atuais patamares dos preços internacionais, da elevada paridade de exportação e o fato de que boa parte da safra 2020/2021 já está comprometida, os valores domésticos devem continuar firmes e/ou em alta também na entressafra. O estoque de passagem da temporada 2020/2021 (em dezembro/2021) está estimado em 1,37 milhão de toneladas e para a próxima safra (dezembro/2022), em 1,26 milhão de toneladas, o menor desde 2017/2018, quando foi de 1,02 milhão de toneladas. No entanto, a incerteza quanto ao poder de compra da população e o repasse para os produtos têxteis deixam empresas cautelosas em novas aquisições envolvendo grandes volumes. Esses demandantes também estão atentos à pandemia e à oscilação do dólar frente ao Real, especialmente neste ano de eleição no Brasil. Quanto à safra 2021/2022, a produção deverá crescer.
Com as chuvas mais regulares nesta temporada, a semeadura do algodão de 2ª safra deve acontecer dentro da “janela ideal”, principalmente em áreas de soja de Mato Grosso, maior produtor nacional da pluma. No entanto, agentes estão preocupados com o elevado custo de produção no campo, diante, especialmente, das valorizações dos fertilizantes, um dos principais insumos utilizados da cotonicultura. A produção nacional deve somar 2,610 milhões de toneladas na temporada 2021/2022, alta de 10,7% frente à anterior e a terceira maior da história. A expectativa é de que a área semeada aumente 9,1%, para 1,495 milhão de hectares, e a produtividade se eleve 1,5% (1.747 Kg/hectare). Para o consumo doméstico, espera-se aumento de 3,4%, indo para 750 mil toneladas. De acordo com dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias), ao menos 39,6% da safra brasileira 2020/2021 e 21,9% da 2021/2022 teriam sido comercializados até o dia 3 de janeiro. Vale considerar que, nas cinco temporadas anteriores, foram registrados, em média, 68,3% da produção nacional.
Em volume, na safra 2020/2021, foram registradas 935,2 mil toneladas, sendo 398,1 mil toneladas para o mercado interno, 437,3 mil toneladas para o externo e 99,7 mil toneladas como contratos flex (exportação com opção para mercado interno). Já para a 2021/2022, 573,3 mil toneladas tiveram registros confirmados, sendo a maior parte para exportação (372,9 mil toneladas), seguida pelo mercado interno (com 137,6 mil toneladas) e como contratos flex (62,8 mil toneladas). Os contratos a termo envolvendo a safra 2021/2022, coletados de outubro/2020 a dezembro/2021, apontam para média de preço de R$ 4,6004 por libra-peso. Quando consideradas as ofertas de compra e de venda, a média vai para R$ 4,9936 por libra-peso posto Sul-Sudeste. Além disso, também foram realizados fechamentos com base no Indicador CEPEA/ESALQ e/ou nos contratos da Bolsa de Nova (ICE Futures).
Depois da projeção de embarque recorde de 2,4 milhões de toneladas na safra 2020/2021 (agosto/2020 a julho/2021), estimativas do USDA apontam que o Brasil deve se manter como o segundo maior exportador mundial de pluma, agora com 1,8 milhão de toneladas em 2021/2022 (agosto/2021 a julho/2022), atrás apenas dos Estados Unidos (3,4 milhões de toneladas) e na frente da Índia (1,26 milhão de toneladas). As negociações para exportação com embarques durante 2022 apresentam média de 81,04 centavos de dólar por libra-peso, considerando-se os valores FOB Porto de Santos (SP). As entregas programadas para o primeiro semestre de 2022 registram média de 85,40 centavos de dólar por libra-peso e as para os últimos seis meses de 2022, de 77,60 centavos de dólar por libra-peso. Considerando-se a movimentação ao longo de toda a safra 2020/2021, a média está em 68,00 centavos de dólar por libra-peso e, para a temporada 2021/2022, em 80,66 centavos de dólar por libra-peso. Os negócios para 2022/2023 têm médias de negociações de US$ 80,72 centavos de dólar por libra-peso (com entregas de agosto a dezembro de 2023).
O USDA estima a produção mundial da safra 2021/2022 em 26,5 milhões de toneladas (+8,8% frente à temporada anterior), impulsionada pelos Estados Unidos (+25,1%), Brasil (+22,0%) e Paquistão (+26,6%). Mesmo com a redução de 9,3% na produção chinesa, o país asiático ainda deve continuar como segundo maior produtor mundial de algodão – a liderança continua sendo da Índia, que teve menor aumento (+1,4%) quando comparado ao da safra passada. Já o consumo global deve aumentar 2,8%, para 27,06 milhões de toneladas, ficando 2,2% acima da oferta mundial. A comercialização deve totalizar 10,2 milhões de toneladas, com recuos de 4,2% nas importações e de 3,1% nos embarques frente aos da safra anterior. O estoque mundial foi estimado pelo USDA em 18,67 milhões de toneladas em 2021/2022, queda de 3,2% sobre o da safra anterior e o menor desde 2018/2019 (17,35 milhões de toneladas). Nesse cenário, a relação estoque/consumo está estimada em 69% na temporada 2021/2022, sendo que, para o Brasil, a relação estoque/consumo é a menor em cinco anos (78,7%) na safra 2020/2021 e 111,11% na próxima. O Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) indica média do Índice Cotlook A de US$ 1,0329 por libra-peso para a temporada 2021/2022, variando de 91 centavos de dólar por libra-peso a 119 centavos de dólar por libra-peso. Fontes: Cepea e Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.