04/Fev/2022
A movimentação de algodão segue atrelada à necessidade de indústrias. As que possuem maior volume nos armazéns preferem aguardar antes de fazer novas compras, enquanto as que necessitam de suprimento imediato ainda desembolsam valores na faixa de R$ 7,00 por libra-peso. Do lado da venda, os produtores negociam pontualmente e as ofertas de tradings são escassas no mercado interno. Os preços de algodão, que chegaram a recuar do patamar de R$ 7,00 por libra-peso, voltaram a subir acima disso. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias está cotado a R$ 7,01 por libra-peso. O volume ofertado é limitado, o que mantém as cotações sustentadas. Os produtores estão vendendo de maneira bastante comedida. Enquanto tradings indicam entre R$ 7,10 e R$ 7,15 por libra-peso para ofertar internamente algodão 31.4, o interesse comprador está na faixa de R$ 7,00 a R$ 7,03 por libra-peso. Os valores das duas pontas podem se aproximar nos próximos dias se o dólar continuar caindo.
A indústria compra algodão da mão para boca, pois está muito restritiva por questões de custos e vai comprar só quando for momento de desabastecimento. Não tem indústria fazendo estoque de passagem. A necessidade de suprimento varia de indústria para indústria. Tem fábrica com 3 a 4 meses de uso de algodão em estoque, então não vai pagar esse preço. Por outro lado, há indústrias que não adquirem volumes há um mês ou mais. Quem estiver entrando no mercado neste momento vai ter de pagar esse nível de R$ 7,00 por libra-peso. Quanto à negociação da safra 2021/2022, que está sendo plantada, houve negócios na semana passada a R$ 6,05 por libra-peso, para entrega na Região Sudeste de agosto a dezembro. Os preços do algodão em pluma acumularam ganhos pelo sétimo mês consecutivo em janeiro. O impulso veio especialmente da baixa oferta no spot nacional, sobretudo de pluma de qualidade superior, que levou compradores com maior necessidade a ceder e a pagar preços maiores para conseguir fechar novos negócios.
O suporte também veio das altas nos preços internacionais, que elevaram a paridade de exportação, mesmo diante da desvalorização do dólar. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de algodão somaram 199,361 mil toneladas em janeiro. O volume é 27% inferior às 273,987 mil toneladas de algodão bruto embarcadas em igual mês de 2021. Segundo informou a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o plantio de algodão da safra 2021/2022 atingiu 52% da área prevista até o dia 20 de janeiro. A semeadura avançou 14% em relação à semana anterior. A implantação das lavouras da fibra está ocorrendo em oito Estados: Bahia (84%), Goiás (84%), Maranhão (67%), Minas Gerais (85%), Mato Grosso do Sul (98%), Mato Grosso (40%), Piauí (81%) e São Paulo (81%). No Paraná, o plantio foi concluído. Em Mato Grosso, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o plantio de algodão da safra 2021/2022 atingiu 40,45% da área estimada no Estado até o dia 21 de janeiro. Os trabalhos de campo avançaram 19,15%.
A semeadura está 16,09% à frente do reportado em igual período da safra passada (24,36%), mas 4,66% atrasada em relação à média dos últimos cinco anos (45,11%). Neste período, o Estado cultiva as lavouras de algodão de 2ª safra, que são implantadas nas áreas em que a soja já foi colhida. No curto prazo, a perspectiva é que as cotações internacionais continuem sustentadas. Os preços internacionais vêm seguindo a recuperação das economias. Neste ano, a demanda mundial deve continuar muito elevada. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê aumento de 3% no consumo global da pluma na safra 2021/2022 ante a 2020/2021, o que seria recorde. A demanda é o principal suporte para os preços em meio ao cenário de estoques apertados. No curto prazo, devem continuar pelo menos nos níveis atuais. No médio prazo, o plantio do Hemisfério Sul e a intenção de semeadura do Hemisfério Norte podem refletir no mercado.
Há alguns fatores sazonais que podem segurar a alta dos preços como a entrada da produção norte-americana no mercado e de outras safras do Hemisfério Norte. Contudo, o peso maior ainda será do comportamento da demanda. O mercado de algodão tem sensibilidade maior à demanda, por ser artigo não essencial. Mas, o cenário é de recuperação das economias e, consequente, aumento do consumo destes artigos. Um impacto da Ômicron e de eventuais novas variantes da Covid-19 nos preços da fibra não pode ser descartado, principalmente se exigirem medidas de restrição de circulação. Com a vacinação, o cenário é diferente. Mas, caso o vírus force os países a adotarem lockdown novamente, o mercado de algodão será diretamente afetado porque consumidores isolados em casa adquirem menos artigos de algodão. Essa não é a conjuntura que se apresenta. No caso do Brasil, além de acompanhar os preços internacionais, o dólar forte ante o Real e a elevada paridade de exportação contribuem para sustentação dos preços locais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.