10/Fev/2022
A retração de indústrias, que argumentam não conseguir repassar os preços atuais do algodão para produtos têxteis, torna a negociação no disponível mais lenta do País. As cotações, entretanto, seguem sustentadas neste período de entressafra, em que produtores não têm pressa para desovar estoques e tradings ofertam alguns volumes, mas às vezes a valores mais altos do que fábricas se dispõem a pagar. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias está cotado a R$ 7,05 por libra-peso e acumula alta de 0,97% na parcial deste mês. A negociação ocorre em ritmo lento, pois tem pouco algodão no mercado. No exterior, o preço teve alta significativa, embora o dólar esteja recuando. Mesmo assim, as fiações afirmam que não conseguem repassar os preços do algodão para o produto. As indústrias estão trabalhando com o que possuem em estoque ou, em alguns casos, programando férias coletivas se as cotações não cederem. O mercado interno está lento, pois o consumo diminuiu.
O setor têxtil tem expectativa de um reaquecimento das vendas em março. Dependendo da necessidade, alguns compradores indicam entre R$ 6,50 e R$ 6,60 por libra-peso, enquanto outros indicam entre R$ 7,00 e R$ 7,05 por libra-peso mais ICMS, em ambos os casos para pronta entrega na Região Sudeste. Do lado da venda, algumas tradings indicam entre R$ 7,10 e R$ 7,15 por libra-peso, enquanto outras chegaram a apresentar lotes entre R$ 7,00 e R$ 7,05 por libra-peso. Os produtores indicam R$ 252,00 por arroba com taxas e impostos. A indústria está com dificuldade de comprar, pois os produtores estão firmes em suas indicações. Mas, nos preços em que o produtor está ofertando atualmente, está difícil de fechar conta. As fiações podem acabar cedendo porque não tem muito produto disponível e parar a produção é um prejuízo maior. Os preços do algodão em pluma seguem firmes no Brasil, sustentados pela valorização externa, que eleva a paridade de exportação, e pela baixa oferta no spot nacional. Os vendedores não mostram urgência em negociar
Quanto à comercialização futura da safra 2021/2022, as indústrias indicam R$ 6,20 por libra-peso, para entregas a partir de agosto na Região Sudeste, enquanto tradings ofereciam algodão a R$ 6,30 por libra-peso. Parte das fábricas se mantém fora das negociações na expectativa de produção maior, o que poderia levar a preços mais baixos no segundo semestre. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) revisou para cima a projeção de produção de algodão em pluma no Estado em 2021/2022 para 1,992 milhão de toneladas, ante 1,957 milhão de toneladas previstas anteriormente. O novo número representa aumento de 19,31% ante o ciclo anterior. O adiantamento do ciclo da soja nesta temporada e o ritmo forte empregado na semeadura do algodão nas últimas semanas contribuíram para que mais de 70% das áreas ficassem dentro da janela ideal de cultivo. O maior percentual de área semeada dentro do período ideal tende a diminuir os riscos à produtividade.
Além disso, os modelos climáticos de longo prazo da NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos) apontam volumes de chuvas acima da média histórica nos próximos meses, principalmente em abril, o que pode colaborar para o armazenamento de água no solo e contribuir para o desenvolvimento final das lavouras no Estado. O Itaú BBA prevê que as cotações tendem a seguir elevadas no Brasil com os preços firmes internacionais e o real enfraquecido ante o dólar. No entanto, a fragilidade da economia local deve impedir que os compradores nacionais consigam ofertar preços tão superiores aos observados atualmente. Os futuros de algodão na Bolsa de Nova York continuarão sustentados ao longo dos próximos meses em virtude de um balanço global apertado e das dificuldades de afretamento de transporte marítimo, mas o espaço para altas significativas é limitado. Apesar do preço alto do petróleo, que dá suporte às cotações da fibra, um dos pontos de atenção é a perspectiva de área plantada nos Estados Unidos, que pode apresentar aumento em relação ao ano anterior diante do incentivo decorrente dos preços elevados.
O aumento da taxa de juros nos Estados Unidos e o efeito da pandemia na taxa de crescimento da economia global poderão influenciar negativamente a demanda pelo produto. Se isso coincidir com a volta à normalidade do fluxo global de exportações, os preços poderão ser afetados. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão fecharam em baixa nesta quarta-feira (09/02), após o governo dos Estados Unidos ter elevado sua estimativa para estoques domésticos da fibra. O vencimento março recuou 72 pontos (0,57%), e fechou a 126,43 centavos de dólar por libra-peso. Em seu relatório mensal de oferta e demanda, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aumentou a previsão de estoque final de algodão no país em 2021/2022, de 697 mil toneladas para 762 mil toneladas. Do lado da demanda, o USDA reduziu a projeção de exportações de 3,266 milhões de toneladas para 3,211 milhões de toneladas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.