18/Fev/2022
A movimentação de algodão no disponível segue limitada à necessidade mais urgente de indústrias. Muitas fábricas preferem aguardar em virtude da dificuldade de repassar o preço atual do algodão para fio. Do lado dos vendedores, as ofertas de tradings no mercado interno são pontuais, e os produtores buscam ao menos o Indicador Cepea/Esalq para desovar o que resta em estoque. O Indicador com pagamento em 8 dias está cotado a R$ 6,96 por libra-peso e acumula alta de 0,19% na parcial deste mês. Até a entrada da safra nova, as fábricas vão esticar os estoques. Nos preços atuais de algodão não fecha a conta para fazer fio e vender. As indústrias tendem a usar o que têm em estoque e o que receberão de contratos fechados previamente. Em alguns casos, avaliam diminuir a produção ou reduzir turnos. As fábricas que precisam adquirir a fibra neste momento indicam R$ 7,00 por libra-peso posto na Região Sudeste ou algum ágio/deságio dependendo da qualidade.
Embora a combinação de futuros e câmbio poderia render ofertas em torno de R$ 6,80 por libra-peso, tradings não estão apresentando lotes internamente por esse valor, pois a exportação está pagando mais. Os produtores buscam ao menos o Esalq do dia para negociar o que ainda possuem de algodão. Os produtores que têm algodão até agora vão continuar aguardando novas altas. Ainda faltam 4 meses até a safra. As vendas devem ser dosadas nesse intervalo até a colheita 2021/2022. Por outro lado, com as exportações em volume menor por problemas de falta de contêineres e gargalo em portos, as indústrias esperam que sobre algodão no mercado interno antes da virada de ciclo. Os valores do algodão em pluma estão oscilando, ora sustentados pela postura firme de vendedores, ora pressionados pelos menores preços ofertados pelas indústrias para novas aquisições no spot.
Parte das indústrias segue utilizando a matéria-prima estocada e/ou de contratos, mas outras unidades ainda têm interesse em aquisições no spot. Nestes casos, os agentes compram apenas para atender à necessidade imediata e/ou alguma reposição, tendo em vista que mostram dificuldades no repasse da valorização da pluma aos produtos ao longo da cadeia têxtil. Os vendedores, em especial os produtores, estão um pouco mais flexíveis nos preços, mas sem grandes necessidades de fechar novos negócios. Para a safra 2021/2022, que está sendo plantada no Brasil, há interesse de venda por 600 pontos acima do contrato dezembro da Bolsa de Nova York ou R$ 6,00 por libra-peso, posto na Região Sudeste, porém não há indicação de compra. A avaliação é de que a Bolsa de Nova York subiu demais por causa de fundos de investimento e, com os Estados Unidos aumentando os juros, as commodities tendem a cair.
O mercado está em compasso de espera. Os compradores estão aguardando, na expectativa de que o preço volte para a casa dos 85,00 a 90,00 centavos de dólar por libra-peso. A perspectiva de uma safra maior no Brasil também alimenta a disposição de indústrias de aguardar. Na semana passada, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ajustou a sua previsão de produção de algodão em pluma de 2,708 milhões de toneladas para 2,711 milhões de toneladas em 2021/2022. O novo número representa aumento de 15% ante os 2,359 milhões de toneladas colhidos no ciclo anterior. A área plantada sofreu revisão de 1,542 milhão de hectares para 1,536 milhão de hectares, enquanto a produtividade esperada passou de 1.756 quilos por hectare para 1.765 quilos por hectare. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o plantio de algodão da safra 2021/2022 em Mato Grosso atingiu 96,80% da área estimada no Estado até o dia 11 de fevereiro.
Os trabalhos de campo avançaram 9,98% na semana. A semeadura está 15,12% à frente do reportado em igual período da safra passada (81,69%) e adiantada em relação à média dos últimos cinco anos (94,12%). Neste período, o Estado cultiva as lavouras de algodão de 2ª safra, que são implantadas nas áreas em que a soja já foi colhida. Para 2022/2023, a ideia de compradores ia de even (sem prêmio ou desconto ante Bolsa de Nova York) até 200 pontos acima do dezembro de 2023, mas os vendedores indicam 400 pontos acima FOB no Porto de Santos (SP). A China deve, em algum momento dos próximos meses, buscar repor parte de seus estoques de algodão abrindo novos leilões de compra com maiores participações de fibras importadas, cujos preços estão mais atrativos.
Refletindo essa questão, neste início de 2022, o ritmo de importações chinesas deve melhorar, ao passo que o segundo semestre do ano passado registrou desaceleração, por causa de diversos fatores, como crise de logística global, economia menos aquecida, problemas no setor energético. Entre novembro e dezembro do ano passado, houve aumentos mensais de volume importado de algodão na China, beneficiando principalmente Brasil e Estados Unidos, que estavam com parte de suas exportações travadas especialmente pela menor participação chinesa. Por conseguinte, é possível que os meses de janeiro e fevereiro tragam dados mais robustos, com melhora na disponibilidade de navios e contêineres e com a volta da China aos negócios e desembarques do algodão global em direção às suas fábricas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.