10/Jun/2022
Na região oeste da Bahia, a estiagem em março e abril frustrou a expectativa dos produtores de algodão, que devem retirar do campo uma produção menor que o inicialmente esperado. Os trabalhos de campo ainda são incipientes na região e tendem a se intensificar a partir do dia 15 deste mês, mas as perspectivas do setor produtivo apontam para recuo de até 15% na produtividade da fibra ante o potencial das lavouras. Isso porque a seca registrada na região, de cerca de 40 dias, afetou a pluma em período determinante para a definição do seu rendimento. Faltou chuva no período crítico de formação das maçãs. A região, formada pelos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras, São Desidério, Formosa do Rio Preto, Correntina, Santa Maria da Vitória, Cocos, Jaborandi, Baianópolis e Riachão das Neves, concentra 98% do total plantado com a fibra no Estado, com cerca de 303 mil hectares semeados na safra 2021/2022. Segundo a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), nesta safra, com clima adverso, a região deve colher, em média, 290 arrobas de algodão por hectare ante 308 arrobas por hectare do ciclo passado.
A expectativa era colher de 320 a 330 arrobas por hectare no oeste da Bahia, mas os preços internacionais estão excelentes, o que vai compensar a pequena perda de produção, além do grande apetite comprador. Importante lembrar que 17% das lavouras de algodão da região são irrigadas, o que contribui para compensar a perda de produtividade em áreas que registraram seca. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a produção de algodão no oeste da Bahia na safra atual foi prejudicada por dois fatores climáticos relacionados à chuva em diferentes momentos: excesso durante os meses de dezembro e janeiro e seca em março e abril. Inicialmente, a preocupação era perder algodão por apodrecimento em vez de falta de chuva, porque choveu 1 mil milímetros quando deveria ter chovido 500 milímetros, mesmo assim foi possível recuperar as lavouras para um ótimo potencial produtivo. Entretanto, as chuvas cessaram já no início de março, o que reduziu o rendimento das lavouras.
O Grupo Horita, um dos principais produtores de algodão do Estado, declarou que os preços remuneradores da fibra tendem a compensar parcialmente as perdas de rendimento. Não é grave perder de 10% a 12% em média de rendimento das lavouras. Por um lado, a maioria dos produtores locais também produz soja e milho, que tiveram boas produções. Além disso, o algodão está com preços firmes, acima do esperado, o que vai compensar bastante a perda de produtividade no balanço final da safra, garantindo, em geral, boa rentabilidade. Haverá redução de produtividade, especialmente no sul do oeste da Bahia (de Luís Eduardo Magalhães a Correntina), onde houve períodos mais secos, de 30 a 40 dias, com chuva insuficiente para repor déficit hídrico, para em média 290 arrobas por hectare. Na região de Luís Eduardo a Formosa do Rio Preto, foram registrados maiores volumes de chuva e os rendimentos tendem a ser melhores, entre 340 e 350 arrobas por hectare.
O rendimento geral no oeste baiano tende a oscilar de 270 a 280 arrobas por hectare ante potencial estimado de 310 arrobas por hectare. Sabendo que Mato Grosso também teve safra prejudicada por seca, é possível estimar redução em média de 15% na produção nacional, de 2,8 milhões de toneladas projetados inicialmente para cerca de 2,45 milhões de toneladas de algodão em pluma. A Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) informou que a produção estadual será menor em produtividade, mas não em volume de pluma, na comparação com a temporada passada. A associação estima produção estadual de 530 mil toneladas de algodão em pluma em 307,652 mil hectares. Apesar do menor rendimento que o esperado, a produção em volume ainda será superior à safra passada, quando foram colhidas 517 mil toneladas da commodity em pluma em área de 286,7 mil hectares com rendimento de 315 arrobas por hectare. Nas últimas três safras, a Bahia vinha colhendo acima de 300 arrobas por hectare.
Para 2021/2022, a previsão era de produtividade de 311 arrobas por hectare. Porém, houve má distribuição de chuvas, levando à redução ante a média dos últimos anos para em torno de 280 a 300 arrobas por hectare. Em relação ao inicialmente projetado, a safra deve ser 10% menor ante 588 mil toneladas esperadas no início do ciclo. O Estado é o segundo maior produtor da pluma no País, ficando atrás apenas de Mato Grosso. Mesmo com a redução em relação às expectativas iniciais, a safra tende a ser remuneradora para os produtores, já que a maior parte da pluma foi comercializada acima de 80,00 centavos de dólar por libra-peso e os insumos adquiridos em preços inferiores aos atuais. Aproximadamente 70% da produção da safra 2021/2022 já foi vendida antecipadamente pelos produtores. A maior parte da fibra deve entrar no mercado em meados de julho, após o período de beneficiamento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.