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10/Jun/2022

BA: projeção para safra de algodão em 2022/2023

Na safra 2022/2023, a área plantada com algodão na Bahia tende a ficar estável ou até mesmo apresentar leve queda. O principal fator que limita o investimento na pluma é o elevado custo de produção das lavouras, que aumentou cerca de 50% ante a safra anterior. Neste cenário, muito produtores cogitam migrar parte da área com algodão para a soja, que apresenta custo mais baixo e rentabilidade semelhante. Segundo o Grupo Fazenda Busato, a previsão inicial era ampliar lavoura de algodão, mas com o aumento do custo, a opção foi pelo recuo para talvez avançar na safra 2023/2024. Esse relato já é considerado como tendência nas projeções da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa). Pode haver manutenção da área plantada ou leve recuo. O investimento em algodão é quase três vezes superior ao da soja, que entrega praticamente a mesma rentabilidade com risco e investimento menor. Por isso, há competição por área. Não há concorrência das áreas com milho, porque o cereal também exige alto investimento na produção.

A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado da Bahia (Aprosoja-BA) estima que cerca de 100 mil hectares de algodão e milho possam ser destinados à soja na próxima safra 2022/2023. A Abapa, descarta, contudo, a possibilidade de uma redução expressiva na área ocupada com algodão no Estado em virtude da necessidade de manutenção dos mercados compradores conquistados. A próxima safra será plantada no Estado a partir de novembro. Na safra 2021/2922, que está sendo colhida, a Bahia semeou 307,652 mil hectares com a pluma, com produção prevista em 530 mil toneladas. Apesar do provável recuo na área, a produção em 2022/2023 poderá ser maior, podendo atingir 580 mil toneladas, caso os investimentos em insumos sejam mantidos e a produtividade volte ao patamar de 310 a 315 arrobas por hectare. O Estado é o segundo maior produtor nacional da pluma, ficando atrás apenas de Mato Grosso.

A produção está concentrada na região oeste, com cerca de 98% da área plantada, de 303 mil hectares em 2021/2022. A Schmidt Agrícola avaliou que o custo dos fertilizantes será determinante para a decisão final de plantio pelo produtor. Todas as culturas no oeste da Bahia mostram bom comportamento de clima, oportunidades de mercado e preços. O ponto mais sensível nas decisões são os fertilizantes (oferta e preços), mas ainda é cedo para o produtor definir substituição de culturas. Acredito que o momento é de permanecer com as culturas plantadas na mesma proporção. Na mesma linha, o Grupo Horita, um dos principais produtores de algodão do Estado, declarou que o comportamento de preços do algodão até meados de agosto e setembro ainda pode influenciar na decisão de plantio do produtor até novembro. Se houver elevação de preço do algodão, a intenção pode mudar. Neste momento, a soja também está com preços muito favoráveis e o que está influenciando na decisão é o custo de produção mais elevado do algodão, mas uma alta nas cotações da pluma pode direcionar até para ciclo de expansão de área.

Caso a situação permaneça como está, com a soja apresentando rentabilidade semelhante ao do algodão, poderá haver migração no oeste baiano de, no máximo, 50 a 60 mil hectares semeados com algodão para a oleaginosa, mas descarta redução de área de até 100 mil hectares. Mesmo que a soja tenha maior liquidez, menor risco, exija menor estrutura de capital e tenha rentabilidade semelhante, não deve haver redução expressiva na área de algodão. Hoje, os produtores já têm estrutura nas fazendas para colheita e beneficiamento de algodão e tendem a não reduzir tanto a área plantada, principalmente os que já possuem fertilizantes comprados. A leitura geral observada na região é de leve redução pelo impacto dos preços dos fertilizantes no custo total da safra. O custo total de produção do algodão deve subir de R$ 12 mil a R$ 13 mil por hectare na safra 2021/2022 para R$ 18 mil por hectare em 2022/2023.

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) calcula que o custo total de produção do algodão no País tenha aumentado de 45% a 50% entre a safra 2021/2022, que está sendo colhida, e a 2022/2023, que será plantada no fim do ano. A rentabilidade da safra vai diminuir muito em relação à atual. Esse aumento no custo de produção, certamente, vai afetar a rentabilidade, que também vai depender do clima e da produtividade. A expectativa é que os preços não recuem para não haver problemas maiores na relação custo de produção versus rentabilidade. De acordo com dados da Abrapa, o custo para produzir a pluma passou de US$ 2.400,00 por hectare para US$ 3.000,00 por hectare. Hoje, para o produtor ter rentabilidade positiva com o atual custo de produção a pluma deveria ser negociada acima de 100,00 centavos de dólar por libra-peso. Mesmo com o encarecimento dos insumos, a Abapa projeta que 80% dos fertilizantes e defensivos a serem aplicados na safra de algodão 2022/2023 da Bahia já foram adquiridos pelos produtores.

Boa parte dos insumos já está nas propriedades para uso na próxima safra, com custo cerca de 45% maior. Como algodão exige elevada adubação de nitrogenados, os fertilizantes pesam mais no custo e puxaram o aumento. A Abapa projeta que cerca de 40% da produção baiana da próxima temporada, com potencial produtivo de 580 mil toneladas, já foi comercializada antecipadamente. O volume, inferior na comparação com anos anteriores, deve-se à queda dos preços. Ainda há tempo para definir as vendas para 2022/2023. Nacionalmente, a Abrapa ainda não consolidou as estimativas para vendas da safra 2022/2023, mas o volume já comercializado ainda é pequeno. Houve um descasamento do preço que o produtor conseguia vender este algodão que está sendo colhido, de 120,00 centavos de dólar por libra-peso, e da próxima safra que será plantada, de 83,00 centavos de dólar por libra-peso, o que retraiu os produtores porque abaixo de 100,00 centavos de dólar por libra-peso, dado o atual custo de produção, a rentabilidade talvez já seria negativa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.