15/Jun/2022
Diante da disparidade entre os preços indicados por compradores e vendedores no spot nacional, a liquidez no mercado de algodão em pluma está limitada, e os valores, oscilando com certa força. Parte dos vendedores se mantém firme, enquanto outros até chegaram a ser mais flexíveis, possibilitando alguns fechamentos. Do lado da demanda, boa parcela das indústrias continua afastada e/ou indicando valores menores para novas aquisições, alegando dificuldades no repasse para seus manufaturados. Os comerciantes dão preferência para negócios “casados” e/ou compram a pluma para cumprimento de suas programações. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento 8 dias, registra recuo de 0,69% nos últimos sete dias, cotado a R$ 7,79 por libra-peso. Na parcial de junho, a baixa é de 4,17%. No entanto, a média do Indicador nesta parcial de junho está 15% acima da paridade de exportação. Quanto a novos contratos a termo, a movimentação ainda está limitada a agentes que buscam garantir a pluma, sobretudo da nova temporada, para embarque no segundo semestre.
Para exportação, as negociações seguem em ritmo lento, independentemente da safra. No campo, os produtores seguem atentos à colheita e/ou ao desenvolvimento das lavouras. Ressalta-se que parte dos agentes indica que a falta de chuva e geadas em algumas regiões verificadas em maio e precipitações recentes, com o algodão já na fase final, prejudicaram algumas lavouras. Conforme a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), 2,6% do total da área da safra 2021/2022 havia sido colhida até o dia 9 de junho. Na Bahia, a área colhida chegou a 5%; em Goiás, a 3,7%; em Mato Grosso do Sul, a 3,6%; em Minas Gerais, a 4,5%; em São Paulo, a 53%, e no Paraná, a 90%. Em Mato Grosso, talhões já foram colhidos para realizar a regulagem das máquinas, e Maranhão e Piauí começam as atividades ainda esta semana. Estimativa divulgada dia 8 de junho pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica área brasileira na temporada 2021/2022 de 1,6 milhão de hectares, leve queda de 0,04% frente ao relatório anterior, mas 16,8% acima da safra passada.
A produtividade deve aumentar 2,2% no comparativo com a safra 2020/2021, para 1.759 quilos por hectare, mas houve queda de 0,13% frente ao relatório de maio/2022. Assim, a produção brasileira deve aumentar 19,3%, totalizando 2,81 milhões de toneladas, mas também com queda de 0,17% em relação aos dados de maio. Além disso, a colheita já começou em vários Estados do País, devendo ganhar maior ritmo no final de junho. Em Mato Grosso, as estimativas se mantiveram inalteradas frente ao relatório passado, com área de 1,14 milhão de hectares, alta de 18,6% frente à safra 2020/2021. A produtividade deve ser de 1.741quilos por hectare, resultando em produção de 1.985 milhão de toneladas, respectivas altas de 3,5% e de 22,8% em relação à temporada anterior. Na Bahia, a área de cultivo se manteve estável frente ao relatório anterior, em 307,7 mil hectares. Para a produtividade e a produção, os aumentos foram de respectivos 0,91% e 0,93% frente aos dados de maio/2022, passando para 1,878 quilos por hectare e 577,9 mil toneladas.
A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 7,39 por libra-peso (144,42 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 7,40 por libra-peso (144,62 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos registram alta nos últimos sete dias, influenciados pelo fortalecimento do valor do petróleo no mercado internacional e pela demanda firme pela pluma norte-americana. Assim, o vencimento Julho/2022 tem valorização de 5,75%, a 145,66 centavos de dólar por libra-peso; o contrato Outubro/2022 registra alta de 1,34% nos últimos sete dias, indo para 129,63 centavos de dólar por libra-peso; o Dezembro/2022 acumula aumento de 2,51%, a 122,81 centavos de dólar por libra-peso; e o Março/2023, tem alta de 2,69% nos últimos sete dias, a 118,21 centavos de dólar por libra-peso.
Em relatório divulgado no dia 10 de junho, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu a estimativa de produção mundial em 1,3% frente ao relatório do mês anterior, para 25,46 milhões de toneladas na safra 2021/2022, mas ainda 4,9% superior à da temporada 2020/2021. Para o Brasil, especificamente, o USDA diminuiu em 3,8% o volume produzido frente ao relatório anterior, para 2,765 milhões de toneladas, porém, esta quantidade ainda é expressivamente maior que a da safra 2020/2021 (+17,4%). O consumo mundial de algodão também caiu (-1%) se comparado aos dados de maio/2022, indo para 26,495 milhões de toneladas, estável frente à safra anterior. As importações mundiais, por sua vez, estão estimadas em 9,719 milhões de toneladas, quedas de 9% frente à safra 2020/2021 e de 1,8% no comparativo com o relatório passado. As exportações globais podem somar 9,834 milhões de toneladas, baixas de 6,9% e de 0,8% nos mesmos comparativos.
Nesse cenário, o estoque final está previsto em 18,059 milhões de toneladas, com quedas de 0,8% frente ao estimado no mês anterior e de 5,8% em relação à temporada 2020/2021. Quanto à safra 2022/2023, a produção mundial está projetada em 26,4 milhões de toneladas, 3,7% superior à anterior. Já o consumo mundial de algodão deve diminuir 0,1%, para 26,462 milhões de toneladas, depois da queda de 0,4% frente aos dados de maio/2022. As importações mundiais devem subir 6,4% frente à safra 2021/2022, e as exportações devem crescer 5,1%, somando 10,34 milhões de toneladas. Assim, os estoques finais de 2022/2023 podem ser de 18,02 milhões de toneladas, 0,2% abaixo dos da temporada 2021/2022. Quanto ao preço médio pago ao produtor norte-americano, de maio para junho, subiu 5,6% e registrou alta de 3,3% se comparado com o da temporada 2021/2022, para 95,00 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.