29/Jun/2022
Os preços do algodão em pluma estão em queda nos mercados externo e interno. O cenário inflacionário e as perspectivas de recessão econômica mundial e de redução na demanda global, sobretudo por parte da China, são alguns dos fatores que exerceram pressão sobre os valores internacionais e, consequentemente, domésticos. No Brasil, as cotações, que já estavam enfraquecidas há um tempo, operam atualmente nos patamares observados no início deste ano. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento 8 dias, registra recuo de 11,61% nos últimos sete dias, a R$ 6,56 por libra-peso, o menor valor desde o dia 10 de janeiro de 2022 (R$ 6,54 por libra-peso). Na parcial de junho, a baixa é de expressivos 19,33%. No entanto, a média do Indicador nesta parcial de junho ainda está 7,5% acima da paridade de exportação, mas, se considerar a média de 21 a 27 de junho, a cotação interna já está 0,3% inferior à paridade.
Na Bolsa de Nova York, o vencimento Julho/2022 registra desvalorização de expressivos 30,05% nos últimos sete dias, a 100,35 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Outubro/2022 tem recuo de 17,57%, indo para 103,15 centavos de dólar por libra-peso; o Dezembro/2022 registra baixa de 20,49%, a 94,05 centavos de dólar por libra-peso; e o Março/2023, -21,58%, a 89,52 centavos de dólar por libra-peso. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 6,61 por libra-peso (126,48 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 6,62 por libra-peso (126,68 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. No mercado interno, parte dos vendedores segue mais flexível em suas indicações, mas, ainda assim, alguns compradores ofertam valores ainda menores, limitando a liquidez.
Uma parte dos vendedores segue firme em suas indicações, voltados às atividades de campo e relatando estar com boa parte da safra comprometida. A demanda, por sua vez, está enfraquecida. Muitos compradores estão atentos aos avanços da colheita e do beneficiamento, que têm elevado o número de lotes da safra nova disponibilizados no spot, e, com isso, têm expectativa de conseguirem negócios a preços inferiores. Parte das indústrias adquire somente o necessário para continuar com a produção, e outras unidades trabalham com capacidade reduzida e/ou estão voltando das férias coletivas. Comerciantes, além das aquisições para cumprimento de suas programações, continuam dando preferência para realização de negócios “casados”.
De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), 6,92% da área total brasileira da temporada 2021/2022 havia sido colhida até o dia 23 de junho. Na Bahia, a área colhida chegou a 17%; em Goiás, a 10,8%; em Mato Grosso do Sul, 10%; em Mato Grosso 4%; em Minas Gerais, 8%; no Paraná, 95%; em São Paulo, 87%, e no Piauí, 6%. No Maranhão, a colheita começou na semana passada. Estimativas divulgadas no dia 24 de junho apontam que o volume produzido na safra 2021/2022 pode ser de 2,609 milhões de toneladas, 6,8% menor que a projeção inicial, de 2,8 milhões de toneladas, mas ainda 10,6% maior que a da temporada 2020/2021 (2,36 milhões de toneladas). Essa redução está atrelada às intempéries climáticas.
Dados do Departamento de Alfândegas da China (GACC) indicam que a importação de algodão do país totalizou 180 mil toneladas em maio/2022, alta de 6,8% frente ao mesmo período de 2021, mas queda de 5,6% frente ao volume de abril/2022 (170 mil toneladas). De janeiro a maio deste ano, a China importou 790 mil toneladas. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou à China apenas 5,14 mil toneladas em maio/2022, o menor volume desde julho de 2021, quando embarcou 2,23 mil toneladas, e 149,32 mil toneladas nos primeiros cinco meses de 2022. Dessa forma, o Brasil representaria 2,9% do total reportado como importado pela China em maio e 18,9% de janeiro a maio. Sobre as exportações totais de algodão em pluma, aqui considerando-se os dados da Secex, a China representou 6,3% do volume de maio escoado pelo Brasil e 19,4% do de janeiro a maio. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.