13/Jul/2022
Há algumas semanas, os preços internacionais do algodão vêm recuando com certa força. O Índice Cotlook A voltou ao patamar observado em janeiro de 2022 e o primeiro vencimento da Bolsa de Nova York opera nos valores registrados em setembro de 2021. A paridade de exportação, por sua vez, voltou ao nível da primeira quinzena de março deste ano. Diante desse cenário, no Brasil, os preços da pluma são os menores desde novembro de 2021 e estão abaixo da paridade da exportação. Ressalta-se que negociar a pluma no mercado brasileiro vinha sendo mais vantajoso do que exportar desde novembro do ano passado. Preocupações relacionadas a uma recessão econômica global e elevação de juros estão afastando investidores dos mercados futuros, cenário que tem resultado em desvalorizações de commodities de forma geral, inclusive do algodão.
Assim, nestas últimas semanas, foi observada certa reversão na tendência altista nos preços das commodities que vinha sendo registrada desde o início de 2022, quando os valores foram impulsionados pela demanda, por restrições de investimentos e disponibilidade de energia e mineração e, posteriormente, pela menor oferta de alimentos, diante da invasão russa na Ucrânia. Novamente, os fundos de hedge têm exercido pressão sobre as cotações, tendo em vista que, apostando em novas quedas, realizam vendas de posições compradas. No mercado brasileiro, o movimento tem sido de queda nos valores, mas a pressão está menor nestes últimos dias. A disponibilidade de pluma da nova safra ainda não é expressiva, com boa parte dos lotes classificados sendo destinada ao cumprimento de contratos a termo. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) voltou a reduzir a estimativa de oferta da temporada 2021/2022, o que deverá contribuir para que a disponibilidade interna fique em linha com a registrada na temporada passada, mas ainda se caracterizando como o segundo maior volume da história.
Do lado comprador, seguem os relatos de dificuldades de vendas e de pressão dos demandantes de manufaturados para a redução do preço, diante dos menores valores da pluma. Ressalta-se, no entanto, que os produtos em estoques foram produzidos com a pluma adquirida a valores acima dos registrados atualmente. Em meio à “queda de braço” entre os agentes ativos no mercado, a liquidez segue limitada. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento 8 dias, registra recuo de 3,18% nos últimos sete dias, a R$ 6,06 por libra-peso. Na parcial de julho, a cotação acumula baixa de 4,37%. A média do Indicador nesta parcial de julho está 4,1% abaixo da paridade de exportação. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 6,21 por libra-peso (115,78 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 6,22 por libra-peso (115,97 centavos de dólar por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Na Bolsa de Nova York, o contrato Julho/2022, que se encerrou no dia deste mês, teve queda de 5,6% de 30 de junho a 7 de julho, a 98,12 centavos de dólar por libra-peso. Nos últimos sete dias, o contrato Outubro/2022 apresenta alta de 1,05%, indo para 102,44 centavos de dólar por libra-peso; o Dezembro/2022 tem avanço de 1,45%, a 94,84 centavos de dólar por libra-peso; e o Março/2023, 1,47%, a 90,68 centavos de dólar por libra-peso. No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), 20,5% da área total da temporada 2021/2022 havia sido colhida até o dia 7 de julho. Na Bahia, a área colhida chegou a 37%; em Goiás, a 23%; em Mato Grosso do Sul, a 16%; em Mato Grosso, a 16%; em Minas Gerais, a 15%; no Piauí, a 33%; em São Paulo, a 94%, no Maranhão, a 3% e no Paraná, 95%.
Estimativa divulgada no dia 7 de julho pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica área brasileira da safra 2021/2022 de 1,6 milhão de hectares, com leve queda de 0,02% frente ao relatório de junho, mas 16,8% acima em relação à de 2020/2021. A produtividade deve aumentar 1,1% em relação à temporada passada, para 1.741 quilos por hectare, mas houve queda de 1,01% no comparativo com o mês anterior. Assim, a produção no Brasil pode aumentar 18,2%, totalizando 2,79 milhões de toneladas, mas também com queda de 1% frente aos dados de junho. A queda da produção em relação ao relatório anterior se deve ao clima desfavorável em parte das áreas.
Em Mato Grosso, as projeções se mantiveram estáveis frente ao relatório de junho/2022. A área total semeada está prevista em 1,14 milhão de hectares, alta de 18,6% frente à safra passada. A produtividade deve ser de 1.741 quilos por hectare, com produção de 1.958 milhão de toneladas, com respectivas altas de 3,5% e de 22,8% em relação à temporada 2020/2021. Na Bahia, a estimativa de área cultivada se manteve inalterada frente aos dados do relatório passado, em 307,7 mil hectares, aumento de 15,4% se comparado aos da safra anterior. Para a produtividade, houve quedas de 5,43% em relação ao mês anterior e de 6,5% no comparativo com a safra 2020/2021, indo para 1.776 quilos por hectare. Dessa forma, a estimativa de produção caiu 5,42% frente às informações de junho, para 546,6 mil toneladas 2021/2022, mas ainda é 7,9% maior que a produção da safra anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.