03/Ago/2022
Depois da baixa expressiva de 22% em junho/2022, a cotação do algodão em pluma recuou com menor intensidade em julho. Quanto às negociações, se mantiveram em ritmo lento. Com o avanço da colheita, do beneficiamento e da classificação dos lotes, os produtores seguiram priorizando o cumprimento dos contratos a termo em detrimento dos negócios no spot, influenciados por incertezas quanto à produtividade da safra 2021/2022 em algumas regiões. Esses agentes estiveram retraídos porque a maioria desses contratos foi realizada acima dos valores praticados no spot nacional. Vale destacar que, na última semana de julho, a movimentação até chegou a melhorar no mercado da pluma, devido ao aumento da disponibilidade de lotes; porém, as negociações seguiram limitadas diante da dificuldade de acordar preço e qualidade.
Do lado comprador, parte das indústrias está fora de mercado, preferindo fazer uso de estoque e/ou da matéria-prima contratada, uma vez que algumas fábricas ainda estão trabalhando com capacidade reduzida e/ou com dificuldade de vendas de alguns produtos manufaturados. Os comerciantes estão preferindo fazer negócios “casados” e/ou adquirem a pluma para atender às programações. Tradings, por sua vez, estão mais focadas nos contratos para os mercados interno e externo. No acumulado de julho (de 30 de junho a 29 de julho), o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, recuou 5,55%. O preço no Brasil ficou, em média, 2,2% inferior à paridade de exportação em julho. Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador registra baixa de 0,51%, cotado a R$ 5,97 por libra-peso, o menor valor desde o dia 3 de novembro de 2021 (R$ 5,96 por libra-peso).
A média de julho, de R$ 6,04 por libra-peso está 18,32% inferior à do mês passado, mas ainda ficou 10,75% superior à média de um ano atrás (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de junho/2022). Em dólar, o Indicador à vista registrou média de 112,36 centavos de dólar por libra-peso, menor que o Índice Cotlook A (131,40 centavos de dólar por libra-peso), mas ficou 13,2% acima do primeiro vencimento negociado na Bolsa de Nova York, de 99,27 centavos de dólar por libra-peso. Este é o menor valor desde setembro/2021, quando a média foi de 95,75 centavos de dólar por libra-peso. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 5,96 por libra-peso (115,01 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 5,97 por libra-peso (115,22 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Na Bolsa de Nova York, embora os contratos tenham registrado alta nos últimos sete dias, entre 30 de junho e 29 de julho, o vencimento Outubro/2022, especificamente, se desvalorizou 2,38%, fechando a 103,13 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Dezembro/2022 caiu 2,12% no acumulado de julho, indo para 96,74 centavos de dólar por libra-peso, o Março/2023 recuou 1,34%, a 93,51 centavos de dólar por libra-peso, e o Maio/2023 caiu apenas 0,48%, a 92,03 centavos de dólar por libra-peso. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), 48,54% da área brasileira da temporada 2021/2022 havia sido colhida até o dia 28 de julho. Quanto ao beneficiamento da nova temporada, a estimativa é de que esteja em 15% do total. Em relatório divulgado no dia 1º de agosto, o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) estimou a produção mundial em 25,44 milhões de toneladas na safra 2021/2022, 4,41% superior à anterior, mas com queda de 1,8% frente aos dados divulgados no início de julho.
O consumo mundial de algodão deve aumentar 1,89%, para 26,145 milhões de toneladas, se comparado à safra 2020/2021. As exportações podem recuar expressivos 9,34% frente à temporada anterior, com baixa de 4,58% no comparativo mensal, a 9,628 milhões de toneladas. Assim, os estoques finais podem ser de 20,373 milhões de toneladas na safra 2021/2022, 1,15% menores que os da anterior. Para a temporada 2022/2023, foi reduzida a estimativa de produção mundial em 1,53% frente ao relatório do mês anterior, para 25,81 milhões de toneladas, mas ainda com elevação de 1,44% em relação à temporada 2021/2022. O consumo mundial de algodão permaneceu praticamente estável frente ao estimado em julho/2022, em 26,11 milhões de toneladas. As exportações devem aumentar 4,28% em relação à safra anterior, para 10,04 milhões de toneladas na safra 2022/2023, estável se comparado aos dados de julho/2022. Nesse cenário, o estoque final deve somar 20,07 milhões de toneladas, com baixas de 2,15% frente ao estimado no mês anterior e de 1,49% em relação à temporada 2021/2022. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.