17/Ago/2022
Os preços do algodão em pluma voltaram a registar alta nos últimos dias, impulsionados pela posição firme de vendedores. Estes agentes vêm disponibilizando baixo volume de pluma no spot, especialmente de lotes de melhor qualidade, dando prioridade ao cumprimento dos contratos a termo. Além disso, as recentes e fortes elevações na Bolsa de Nova York e da paridade de exportação também reforçam os aumentos no Brasil. Do lado comprador, indústrias adquirem o necessário para seguir com suas atividades e ainda têm dificuldades em acordar preço e qualidade dos lotes. Os comerciantes buscam fazer novas aquisições para cumprir com suas programações e/ou negócios “casados”. Nesse cenário, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra alta de 1,87% nos últimos sete dias, cotado a R$ 6,14 por libra-peso. Na parcial do mês, o Indicador acumula alta de 2,63%.
Na primeira quinzena de agosto, o preço no Brasil ficou, em média, 14,6% superior à paridade de exportação. Vale considerar que os recentes aumentos nos valores internacionais fizeram com que alguns vendedores que já tinham contratos a termo baseados nos contratos da ICE Futures ainda em aberto fixassem os valores. Quanto a novas negociações antecipadas, alguns agentes até demonstram interesse, especialmente envolvendo a pluma da safra 2022/2023, mas a liquidez está enfraquecida, e o desacordo de preços dificulta ainda mais os fechamentos. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 5,46 por libra-peso (107,31 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 5,47 por libra-peso (107,51 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Na Bolsa de Nova York, os contratos apresentam alta expressiva nos últimos dias, influenciados pela piora nas condições das lavouras norte-americanas e pelas expectativas de menores produção e estoque dos Estados Unidos. Além disso, o recuo do dólar e o fortalecimento do valor do petróleo no mercado internacional também contribuem para a alta. O vencimento Outubro/2022 tem valorização de 17,58% nos últimos sete dias, a 119,44 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Dezembro/2022 registra alta de 18,83% no mesmo período, indo para 113,59 centavos de dólar por libra-peso; o Março/2023 apresenta aumenta 18,55%, a 110,64 centavos de dólar por libra-peso; e o Maio/2023 tem avanço 18,38% nos últimos sete dias, cotado a 108,87 centavos de dólar por libra-peso.
Em relatório divulgado no dia 12 de agosto, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou produção mundial praticamente estável (-0,23%) frente ao relatório do mês anterior, em 25,246 milhões de toneladas na safra 2021/2022, sendo também 4,1% superior à da temporada 2020/2021. Para o Brasil, especificamente, o USDA diminuiu por mais um mês o volume produzido frente ao relatório anterior, para 2,613 milhões de toneladas (-2,43%), porém, esta quantidade ainda é superior à da safra 2020/2021 (+10,9%). O consumo mundial de algodão caiu (-0,48%) se comparado aos dados de julho/2022, indo para 25,957 milhões de toneladas, ficando 2% abaixo do da temporada anterior.
As importações mundiais, por sua vez, estão estimadas em 9,357 milhões de toneladas, quedas de 12,4% frente à safra 2020/2021 e de 0,8% no comparativo com o relatório passado. As exportações globais podem somar 9,425 milhões de toneladas, diminuições de 10,7% e de 1,45% nos mesmos comparativos. Nesse cenário, o estoque final está previsto em 18,446 milhões de toneladas, com aumento de 0,81% frente ao estimado no mês anterior, mas baixa de 3,9% em relação à temporada 2020/2021. Quanto à safra 2022/2023, a produção mundial está projetada em 25,477 milhões de toneladas, apenas 0,9% superior à anterior, mas recuo de 2,5% frente aos dados de julho/2022, pressionada pelo reajuste negativo de 18,9% para os Estados Unidos, que ficou em 2,737 milhões de toneladas, 28,3% inferior à da temporada 2021/2022 e a menor desde a safra 2009/2010.
O consumo mundial de algodão deve recuar apenas 0,1%, para 25,93 milhões de toneladas, depois da retração de 0,7% frente aos dados de julho/2022. As importações mundiais caíram por mais um mês, 3,9% de julho para agosto, ficando em 9,705 milhões de toneladas, mas ainda devem subir 3,7% frente às da safra 2021/2022. As exportações, por sua vez, podem crescer 3% frente às da safra 2021/2022, somando 9,706 milhões de toneladas, recuo de 3,9% no comparativo mensal. Para os Estados Unidos, especificamente, a queda é de 14,3% frente aos dados de julho/2022 e de 18,1% em relação à safra anterior, a 2,613 milhões de toneladas. Assim, os estoques mundiais finais de 2022/2023 podem ser de 18,021 milhões de toneladas, 2,3% abaixo dos da temporada 2021/2022 e 1,8% inferiores aos do mês passado.
Estimativa divulgada no dia 11 de agosto pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica área brasileira da safra 2021/2022 de 1,6 milhão de hectares, estável frente ao relatório de julho/2022 (-0,01%), mas 16,8% acima da de 2020/2021. A produtividade deve cair 0,07% em relação à temporada passada e 1,8% frente ao mês anterior, para 1.709 quilos por hectare. Ainda assim, a produção no Brasil pode aumentar 16% em relação à safra passada, totalizando 2,74 milhões de toneladas, mas também com reajuste negativo de 1,8% frente aos dados de julho. Em Mato Grosso, a área cultivada se manteve estável frente ao relatório de julho/2022, em 1,14 milhão de hectares, alta de 18,6% se comparada à safra passada.
A produtividade deve ser de 1.702 quilos por hectare, e a produção, de 1.941 milhão de toneladas, ambas com queda de 2,24% frente ao relatório anterior. Devido aos fatores climáticos observados em meados de abril, o rendimento foi distinto, resultando em queda da produtividade. Na Bahia, a estimativa de área cultivada se manteve inalterada frente aos dados do relatório passado, em 307,7 mil hectares, aumento de 15,4% se comparado aos da safra anterior. Para a produtividade, as quedas foram de 1,46% em relação ao mês anterior e de 7,9% no comparativo com a safra 2020/2021, indo para 1.750 quilos por hectare. Dessa forma, a estimativa de produção caiu 1,46% frente às informações de julho, para 538,6 mil toneladas em 2021/2022, mas ainda 6,3% maior que a produção da safra anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.