ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

22/Ago/2022

Têxteis: preocupação com entressafra do algodão

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), a entressafra nacional de algodão, período entre janeiro até meados de julho do ano que vem, deve ser uma das mais apertadas da história em disponibilidade de matéria-prima para as fabricantes de têxteis por causa da quebra da safra nacional, quebra da safra norte-americana, exportação da pluma brasileira e consumo local. Isso é muito preocupante porque a indústria brasileira é a maior cliente do algodão nacional. A preocupação considera a estimativa de produção de 2,6 milhões de toneladas (200 mil toneladas a menos que o inicialmente previsto) e exportação de 1,7 milhão de toneladas.

Será um mercado apertado, considerando que talvez os Estados Unidos, maior exportador mundial, podem produzir volume igual ao do Brasil. Além disso, ainda não se sabe o real tamanho da safra brasileira, que ainda está sendo colhida. É importante que a indústria se antecipe com contratos futuros. O momento atual é mais favorável ao abastecimento da indústria, já que o País está em meio à colheita e ao beneficiamento da entrada do ciclo 2021/2022 de algodão. Há maior disponibilidade de pluma no mercado, mas também há muitos contratos a serem cumpridos, apesar de que a indústria, especialmente de maior porte, também se antecipou com acordos.

No acumulado deste ano, a indústria deve consumir entre 700 mil e 705 mil toneladas de algodão, estável em relação ao ano passado. Um dos motivos da manutenção do consumo da fibra natural é o aumento acumulado dos preços da commodity de 25% no mercado internacional. O preço do algodão subiu nos últimos dias, mas está abaixo do pico que atingiu em maio, de 145,00 centavos de dólar por libra-peso, mas já demonstra um crescimento de 15% a 16% antes os 90,00 a 100,00 centavos de dólar por libra-peso, atingindo até 115,00 centavos de dólar por libra-peso. Essa volatilidade expressiva observada nas cotações do algodão prejudica o planejamento da indústria e leva ao maior uso de matérias-primas de fibras sintéticas de menor preço pelos fabricantes de têxteis e confecções.

Há um deslocamento grande entre o preço do algodão e o dos sintéticos. O preço médio do algodão que está sendo exportado é o dobro do poliéster. Quando há mercado preocupado com capacidade de consumo, indústrias fazem reajuste nas misturas entre as fibras. A perspectiva das fábricas de vestuário e produtos têxteis em geral para este ano é de estabilidade na produção em relação ao ano passado. Este segundo semestre tende a ser mais positivo que o primeiro e mais ajustado à demanda do varejo, mas ainda insuficiente para compensar a queda na produção da primeira metade do ano. No primeiro semestre deste ano, a indústria têxtil foi muito impactada pelo forte aumento dos custos, incluindo os do algodão, que afetou a produção e levou à diminuição do ritmo de atividade.

Esse impacto negativo do primeiro semestre não será recuperado na totalidade neste segundo semestre. Entre os segmentos, o desempenho das têxteis tende ser inferior comparado ao das confecções, já que são mais vulneráveis ao impacto no aumento de custos das matérias-primas, sobretudo o algodão. Para 2023, ainda cedo para mensurar como será o desempenho da produção da indústria têxtil. O cenário ainda está em "aberto", considerando que há eleição para Presidência da República neste ano e arrefecimento da economia global. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.