24/Ago/2022

Os preços do algodão voltaram a subir com certa força no spot nacional, impulsionados por preocupações com a oferta no Hemisfério Norte, sobretudo dos Estados Unidos (devido ao clima seco), e pelo maior otimismo em relação à demanda. Nem mesmo a desvalorização externa do petróleo segura os avanços no Brasil. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra alta de expressivos 7,3% nos últimos sete dias, cotado a R$ 6,59 por libra-peso, o maior patamar nominal desde 24 de junho (R$ 6,90 por libra-peso). Na parcial do mês, o Indicador acumula alta de 10,13%. Até o dia 22 de agosto, o preço no Brasil ficou, em média, 12,7% superior à paridade de exportação. A média do Indicador neste mês, de R$ 6,16 por libra-peso, já está 2,02% acima da média de julho/2022 e 7,38% superior à de um ano atrás (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de julho/2022).

Na Bolsa de Nova York, os valores estão oscilando nos últimos dias, o que pode indicar que agentes tentam entender as influências da seca sobre a oferta norte-americana e como se dará o impacto da evolução mundial sobre a demanda global em 2022 e nos dois próximos anos. Além disso, os contratos externos também são influenciados por realizações de lucros, pela desvalorização do petróleo e pelo dólar mais forte nos Estados Unidos, o que, por sua vez, tende a deixar a fibra daquele país menos atraente aos compradores estrangeiros. O vencimento Outubro/2022 apresenta desvalorização de 1,3% nos últimos sete dias, a 117,89 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Dezembro/2022 tem aumento de 0,48% no mesmo período, indo para 114,14 centavos de dólar por libra-peso; o Março/2023 registra alta de 0,54%, a 111,24 centavos de dólar por libra-peso; mas o Maio/2023 apresenta baixa de 0,58% nos últimos sete dias, a 108,24 centavos de dólar por libra-peso.

A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 5,91 por libra-peso (114,65 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 5,92 por libra-peso (114,86 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. No Brasil, os vendedores se mantêm firmes nos valores indicados, enquanto os compradores com necessidades imediatas elevam as suas indicações. Ainda assim, a restrição vendedora limita a liquidez. Ressalta-se que os vendedores seguem atentos à colheita, ao beneficiamento, à classificação e ao cumprimento de seus contratos a termo, especialmente aqueles que já estão com boa parte da safra 2021/2022 comprometida, o que acaba restringindo a disponibilidade de lotes no spot, ainda mais de qualidade superior. Quanto às negociações antecipadas, na parcial de agosto, há melhora no ritmo de comercialização de pluma tanto ao mercado interno como, principalmente, ao externo. Os fechamentos envolveram as safras 2021/2022, 2022/2023 e de forma pontual a de 2023/2024.

Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) mostram que 88% da área brasileira da safra 2021/2022 havia sido colhida até o dia 18 de agosto. Quanto ao beneficiamento da nova temporada, a estimativa é que soma 33% do total da produção. Em Mato Grosso, especificamente, 27% da produção esperada havia sido beneficiada e na Bahia, 50% (também até o dia 18 de agosto). Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 15 dias úteis de agosto/2022, as exportações brasileiras de algodão em pluma somaram 29,96 mil toneladas, 79,8% acima do volume embarcado em todo o mês de julho/2022, mas ainda 41% inferior ao de agosto/2021. A atual média diária está em 1,997 mil toneladas, contra 2,308 mil toneladas em agosto/2021 (-13,5%). Quanto ao preço, está em 87,50 centavos de dólar por libra-peso na parcial de agosto/2022, o menor desde fevereiro deste ano (87,30 centavos de dólar por libra-peso), registrando baixa de 20,7% no comparativo mensal (110,31 centavos de dólar por libra-peso), mas alta de 10,7% no comparativo anual (79,05 centavos de dólar por libra-peso). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.