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31/Ago/2022

Tendência de alta dos preços do algodão no Brasil

Depois de acumularem quedas por dois meses consecutivos, os preços do algodão em pluma no Brasil voltaram a subir em agosto e retornaram aos patamares observados no final de junho. Essa recuperação está atrelada à posição firme de vendedores, que estiveram atentos às fortes valorizações dos contratos na Bolsa de Nova York e, parcialmente, da paridade de exportação. A baixa oferta no spot brasileiro, sobretudo de pluma de melhor qualidade, também reforça o movimento de alta nos preços. Ressalta-se que o beneficiamento no Brasil não chegou nem na metade, e os agentes estão focados no cumprimento de contratos a termo. Alguns compradores com interesse em adquirir novos lotes ao longo do mês aumentam as indicações para atrair vendedores.

No entanto, a disparidade entre os preços e a qualidade da pluma limita a liquidez. Algumas tradings operam no mercado doméstico ao mesmo tempo em que comerciantes buscam fazer novas aquisições para cumprir com suas programações e/ou tentam fazer negócios “casados”. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra avanço de 1,62% nos últimos sete dias, a R$ 6,70 por libra-peso. No mês de agosto, o Indicador acumula forte alta de 11,91%. Até o dia 29 de agosto, o preço no Brasil ficou, em média, 12,8% superior à paridade de exportação. A média do Indicador neste mês, de R$ 6,28 por libra-peso, já está 3,98% acima da média de julho/2022 e 9,44% superior à de agosto/2021, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de julho/2022).

Os vendedores têm fechado contratos a termo em agosto, inclusive para 2023, mas estes agentes também seguem avaliando a qualidade e a disponibilidade da safra atual. Vale lembrar que, em algumas regiões, a produtividade pode ficar abaixo da projetada inicialmente, o que leva os vendedores a aguardarem o avanço da safra para retomar as negociações. Ao longo do mês de agosto, com o aumento nos valores internacionais, os agentes aproveitaram para fixar os contratos que ainda estavam em aberto e para fechar novos tanto a valores fixos como os baseados nos contratos da ICE Futures. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 5,81 por libra-peso (115,72 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 5,82 por libra-peso (115,93 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.

Na Bolsa de Nova York, os primeiros contratos registram alta, tanto nos últimos sete dias como na parcial de agosto. Entre 29 de julho e 29 de agosto, o vencimento Outubro/2022 apresenta valorização de expressivos 18,32%, a 122,02 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Dezembro/2022 registra avanço de 21,11% no acumulado de agosto, indo para 117,16 centavos de dólar por libra-peso; o Março/2023 tem alta de 21,56% no mesmo período, a 113,67 centavos de dólar por libra-peso; o contrato Maio/2023 apresenta valorização de 20% no acumulado do mês, a 110,38 centavos de dólar por libra-peso. Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) mostram que 95% da área brasileira da safra 2021/2022 havia sido colhida até o dia 25 de agosto.

Quanto ao beneficiamento da nova temporada, estima-se que soma 40% do total da produção. Em Mato Grosso, especificamente, 35% da produção esperada havia sido beneficiada e na Bahia, 56% (até o dia 25 de agosto). Em relatório divulgado no dia 26 de agosto pelo Cotton Outlook, a produção mundial da safra 2021/2022 está estimada em 25,007 milhões de toneladas, queda de 0,29% frente aos dados de julho/2022, pressionada pelas retrações de 0,93% nos volumes da Índia (5,305 milhões de toneladas) e de 1,92% no Brasil (2,55 milhões de toneladas). O consumo mundial teve reajuste negativo de 0,06% frente aos dados de julho/2022 e deve ficar em 24,723 milhões de toneladas na temporada 2021/2022.

Para 2022/2023, houve diminuições de 2,76% na produção mundial no comparativo com o relatório anterior e de 0,2% frente à safra passada, projetada em 24,951 milhões de toneladas. Os Estados Unidos, por sua vez, tiveram redução de 12,61% de julho para agosto e baixa 28,26% frente à safra 2021/2022, com estimativa de produção de 2,737 milhões de toneladas. No caso do Brasil, a produção em 2022/2023 deve ser 2% maior que a anterior (2,6 milhões de toneladas) e estável se comparado aos dados de julho/2022. Quanto ao consumo mundial na temporada 2022/2023, deve ficar em 24,939 milhões de toneladas, apenas 0,32% menor que o estimado no mês passado, mas ainda 0,87% superior à safra 2021/2022. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.