08/Set/2022
O ritmo de comercialização de algodão em pluma esteve mais lento entre o encerramento de agosto e o início de setembro, e o preço, em queda. Atentos à desvalorização externa e ao recuo da paridade de exportação, parte dos vendedores nacionais está mais flexível nos valores de negociação, sobretudo as tradings. Outros vendedores, especialmente os produtores, estão focados na entrega de contratos a termo, se mostrando capitalizados e, portanto, sem necessidade imediata de venda no spot. Os compradores estão afastados do mercado, indicando ter bom volume em estoque e/ou pluma a ser recebida de contratos. Muitas empresas também alegam dificuldades no repasse de custos aos produtos aos manufaturados. Dessa forma, as aquisições ocorrem apenas quando há necessidade imediata. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuo de 1,86% nos últimos sete dias, a R$ 6,57 por libra-peso. Neste início de setembro, o Indicador acumula baixa de 2%.
Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) mostram que 98% da área brasileira da safra 2021/2022 havia sido colhida até o dia 1º de setembro. Quanto ao beneficiamento da nova temporada, a Abrapa estima que soma 48% do total da produção. Em Mato Grosso, especificamente, 43% da produção esperada havia sido beneficiada e na Bahia, 62%, também até o dia 1º de setembro. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 5,70 por libra-peso (110,74 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 5,71 por libra-peso (110,95 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos registram queda, pressionados pela preocupação quanto à demanda chinesa por pluma, pelo enfraquecimento do valor do petróleo e pelo fortalecimento do dólar no mercado internacional.
O vencimento Outubro/2022 tem desvalorização de 11,17% nos últimos sete dias, a 108,39 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Dezembro/2022 registra baixa de 11,91% no mesmo comparativo, a 103,21 centavos de dólar por libra-peso, o Março/2023 apresenta recuo de 11,9% nos últimos sete dias, a 100,14 centavos de dólar por libra-peso, e o Maio/2023, baixa de 11,41%, a 97,79 centavos de dólar por libra-peso. Em relatório divulgado no dia 1º de setembro, o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) estimou a produção mundial em 24,71 milhões de toneladas na safra 2022/2023, 2,88% inferior à anterior e com o reajuste negativo de 4,26% frente aos dados divulgados no início de agosto, devido aos impactos das mudanças climáticas que estão sendo sentidos nos principais produtores. Para o Paquistão, por sua vez, a produção, que era estimada em 1,576 milhão de toneladas em agosto/2022, passou para 1 milhão de toneladas em setembro/2022, retração de 36,6%, em decorrência de inundações.
Para os Estados Unidos, a expectativa de volume produzido caiu 18,9% entre agosto e setembro, indo para 2,74 milhões de toneladas, influenciada pela seca no Texas. Vale considerar que, para o Brasil, o Icac mantém a previsão de produção em 2,61 milhões de toneladas para a safra 2022/2023. Quanto ao consumo mundial de algodão, a estimativa caiu 3,11% no comparativo mensal e 3,24% frente à safra 2021/2022, passando para 25,299 milhões de toneladas. As exportações podem recuar apenas 0,85% frente às da temporada anterior, mas com baixa de 4,92% no comparativo mensal, a 9,546 milhões de toneladas. Nesse cenário, o estoque final deve somar 19,784 milhões de toneladas, com diminuições de 1,43% frente ao estimado no mês anterior e de 2,89% em relação à temporada 2021/2022. Quanto ao preço médio, o Índice Cotlook A está previsto em 126,95 centavos de dólar por libra-peso para a temporada 2022/2023. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.