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14/Set/2022

Tendência de baixa dos preços internos do algodão

Os preços do algodão em pluma estão em queda consecutiva no Brasil desde o início de setembro e já operam nos patamares observados em meados de agosto. A liquidez doméstica segue enfraquecida, com negócios apenas para atender à necessidade imediata. Ainda há desacordo quanto aos preços e à qualidade dos lotes disponibilizados no spot, e alguns agentes focam no cumprimento dos contratos a termo. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuo de 3,66% nos últimos sete dias, a R$ 6,33 por libra-peso, o menor valor desde 16 de agosto de 2022 (R$ 6,29 por libra-peso). Na parcial de setembro, o Indicador acumula baixa de 5,59%. Até o dia 12 de setembro, o preço no Brasil ficou, em média, 14,6% superior à paridade de exportação, o que atrai tradings para vendas no spot. Comerciantes, por sua vez, buscam realizar negócios “casados” e/ou adquirem a pluma para atender a programações.

A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 5,44 por libra-peso (107,00 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 5,45 por libra-peso (107,20 centavos de dólar por libra-peso), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Os contratos na Bolsa de Nova York registram altas, influenciados pela valorização do petróleo e pelo recuo do dólar, uma vez que ambos tendem a estimular a demanda pelo algodão norte-americano. O vencimento Outubro/2022 tem valorização de 1,77% nos últimos sete dias, a 110,21 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Dezembro/2022 tem alta de 2,09% no mesmo comparativo, indo para 105,71 centavos de dólar por libra-peso, o Março/2023 registra aumento de 1,98%, a 102,37 centavos de dólar por libra-peso, e o Maio/2023, alta de 1,95%, a 100,13. Estimativa divulgada no dia 8 de setembro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica área brasileira da safra 2021/2022 de 1,6 milhão de hectares, praticamente estável frente ao relatório de agosto/2022 (-0,04%), mas 16,8% acima da safra 2020/2021.

A produtividade estimada ficou 6,63% inferior à do mês anterior e 7,3% menor que a temporada passada, em 1.596 quilos por hectare. Assim, a produção brasileira deve ficar 8,3% maior em relação à safra 2020/2021, chegando a 2,55 milhões de toneladas, mas também com reajuste negativo de 6,68% frente aos dados de agosto. Mesmo com o aumento de produção, a disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) deve ficar em 3,95 milhões de toneladas, a menor em três anos. O consumo interno é estimado em 705 mil toneladas em 2022, contra 750 mil toneladas previstas até o mês anterior. Assim, o excedente interno é estimado em 3,24 milhões de toneladas, também o menor em três anos. As exportações de 2022 estão previstas em 1,9 milhão de toneladas, 5,7% inferiores às de 2021. Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) mostram que 98% da área brasileira da safra 2021/2022 havia sido colhida até o dia 8 de setembro. Quanto ao beneficiamento da nova temporada, a estimativa da entidade é de que soma 55% do total da produção.

Em Mato Grosso, especificamente, 50% da produção esperada havia sido beneficiada e na Bahia, 68%, também até o dia 8 de setembro. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em relatório divulgado no dia 12 de setembro, aponta produção mundial praticamente estável (-0,21%) frente ao relatório do mês anterior, em 25,192 milhões de toneladas na safra 2021/2022, sendo também 3,9% superior à da temporada 2020/2021. As estimativas para o consumo mundial de algodão subiram levemente (+0,20%) se comparadas às do mês anterior, indo para 26,01 milhões de toneladas, mas 2,1% abaixo do da temporada passada. As importações mundiais, por sua vez, estão estimadas em 9,312 milhões de toneladas, quedas de 12% frente à safra 2020/2021 e de 0,48% no comparativo com o relatório passado. As exportações globais podem somar 9,378 milhões de toneladas, diminuições de 11,3% e de 0,5% nos mesmos comparativos. Nesse cenário, o estoque final está previsto em 18,461 milhões de toneladas, praticamente estável (+0,08%) frente ao estimado no mês anterior, mas baixa de 4,1% em relação à temporada 2020/2021.

Quanto à safra 2022/2023, a produção mundial está projetada em 25,789 milhões de toneladas, 1,2% superior à anterior e aumento de 2,4% frente aos dados de agosto/2022. Vale considerar que o USDA, que no mês anterior havia reduzido fortemente a estimativa de volume produzido nos Estados Unidos, em setembro aumentou em 10% frente aos dados de agosto/2022, para 3,012 milhões de toneladas, mas ainda é 21% inferior à produção da safra 2021/2022. O consumo mundial de algodão deve recuar apenas 0,7%, para 25,828 milhões de toneladas, depois da retração de 0,4% frente aos dados de agosto/2022. As importações mundiais subiram somente 0,1% de agosto para setembro, estimadas em 9,713 milhões de toneladas, mas ainda devem subir 4,3% frente às da safra 2021/2022. Assim, os estoques mundiais finais de 2022/2023 podem ser de 18,453 milhões de toneladas, reajuste positivo de 2,4% se comparado aos dados do mês anterior e estável frente aos da temporada 2021/2022. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.