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05/Out/2022

Tendência de baixa nos preços internos do algodão

Os preços internos do algodão em pluma recuaram ao longo de setembro, pressionados pela flexibilidade de alguns vendedores, que, por sua vez, estiveram atentos à baixa externa, ao dólar e à paridade de exportação. O movimento de queda foi reforçado pela demanda enfraquecida, tendo em vista que indústrias utilizaram estoques e/ou a pluma recebida por meio de contratos. Assim, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, acumulou forte baixa de 15,7% em setembro, fechando a R$ 5,65 por libra-peso no dia 30 de setembro, o menor patamar nominal desde outubro do ano passado. Apesar disso, a média mensal do Indicador CEPEA/ESALQ em setembro, de R$ 6,12 por libra-peso, ficou 12,7% acima da paridade de exportação. Em dólar, o Indicador à vista teve média de 116,78 centavos de dólar por libra-peso em setembro, 1,8% abaixo do Índice Cotlook A (118,88 centavos de dólar por libra-peso), mas 16% superior ao primeiro vencimento negociado na Bolsa de Nova York, que foi de 100,70 centavos de dólar por libra-peso. No acumulado de setembro, o dólar se valorizou 3,40%.

Na Bolsa de Nova York, todos os contratos caíram de forma expressiva em setembro, influenciados pela desvalorização do petróleo, pelo enfraquecimento do dólar no mercado internacional, pelo aumento da taxa de juros dos Estados Unidos, por preocupação quanto à demanda, especialmente da China, e por uma possível recessão global. Assim, entre 31 de agosto e 30 de setembro, o contrato Outubro/2022 se desvalorizou 21,19%, fechando a 93,22 centavos de dólar por libra-peso no dia 30 de setembro. O contrato Dezembro/2022 caiu 24,62%, a 85,34 centavos de dólar por libra-peso, o Março/2023 recuou 24,23%, a 83,45 centavos de dólar por libra-peso, e Maio/2023, 23,54%, a 82,09 centavos de dólar por libra-peso. Esse cenário externo fez com que algumas tradings atuassem na venda da pluma no spot nacional a valores mais competitivos. Ainda assim, os negócios foram limitados pela dificuldade em acordar preço e qualidade da pluma disponível. Os comerciantes, por sua vez, realizaram negócios “casados” e/ou buscaram lotes para cumprir compromissos. Estes agentes, diante da volatilidade do mercado, não acham interessante manter o algodão estocado.

Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 2,21%, cotado a R$ 5,63 por libra-peso, o menor patamar nominal desde o dia 29 de setembro de 2021 (R$ 5,53 por libra-peso). A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,68 por libra-peso (90,51 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,69 por libra-peso (90,72 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) mostram que 99,2% da área brasileira da safra 2021/2022 havia sido colhida até o dia 29 de setembro, sendo que 73% do total da produção já foi beneficiado. Relatório divulgado no dia 30 de setembro pelo Cotton Outlook indica que a produção mundial da safra 2021/2022 está estimada em 24,992 milhões de toneladas, queda de apenas 0,06% frente aos dados de agosto/2022. O consumo mundial se manteve estável em 24,723 milhões de toneladas na temporada 2021/2022.

Para 2022/2023, houve diminuições de 0,24% na produção mundial no comparativo com o relatório anterior e de 0,40% frente à safra passada, projetada em 24,891 milhões de toneladas. No caso do Brasil, a produção em 2022/2023 deve ser 1,96% maior que a anterior, a 2,6 milhões de toneladas, mas na Índia espera-se redução de 1,41% (5,95 milhões de toneladas). Os Estados Unidos, por sua vez, tiveram elevação de 10,05% de setembro para outubro, mas baixa de 21% frente à safra 2021/2022, com estimativa de produção de 3,012 milhões de toneladas. O Paquistão tem produção estimada em 950 mil toneladas na temporada 2022/2023, baixas de 20,83% no comparativo mensal e de 25,5% frente à safra anterior. Quanto ao consumo mundial na temporada 2022/2023, deve ficar em 24,439 milhões de toneladas, 2% menor que o estimado no mês passado e 1,15% inferior à safra 2021/2022. Em relatório divulgado no dia 3 de outubro, o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) estimou a produção mundial em 24,985 milhões de toneladas na safra 2022/2023, 1,8% inferior à anterior, mas com reajuste positivo de 1,11% frente aos dados divulgados no início de setembro.

Com as recentes inundações no Paquistão, a produção de algodão pode estar comprometida no país, com possível queda de 21% em relação à safra anterior. Nos Estados Unidos, com a passagem do furacão Ian, impactos foram sentidos na Geórgia, o segundo maior estado produtor de algodão norte-americano. Portanto, a qualidade da pluma pode recuar, visto que seus capulhos já estavam abertos quando foram atingidos pelas chuvas. Quanto ao consumo mundial de algodão, a estimativa caiu 3,24% no comparativo com o a safra 2021/2022, ficando em 25,299 milhões de toneladas. As exportações podem recuar apenas 0,85% frente às da temporada anterior, a 9,546 milhões de toneladas. Nesse cenário, o estoque final deve somar 20,058 milhões de toneladas, com elevação de 1,38% frente ao estimado no mês anterior, mas retração de 1,38% em relação à temporada 2021/2022. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.