13/Out/2022
Os preços do algodão no mercado brasileiro voltaram a subir após 16 dias seguidos de queda, período no qual cederam 14,9%. O indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias subiu 0,1%, para R$ 5,25 por libra-peso. No mês, contudo, a perda é de 7,1%. Ainda assim, neste início de outubro, o preço no Brasil ficou, em média, 15,8% superior à paridade de exportação. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,57 por libra-peso (88,30 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,58 por libra-peso (88,50 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente, ambos são os menores valores desde o dia 15 de outubro de 2021. Na Bolsa de Nova York, depois de oscilar fortemente nos sete últimos dias, no balanço, o contrato Dezembro/2022 apresenta alta de 4,79%, indo para 88,23 centavos de dólar por libra-peso; o Março/2023 tem avanço de 5,44%, a 86,66 centavos de dólar por libra-peso, e o Maio/2023, alta de 5,86%, a 85,51 centavos de dólar por libra-peso.
A oscilação nos preços externos, a disparidade entre as ofertas de compradores e os pedidos de vendedores no Brasil e o consistente movimento de desvalorização da pluma no mercado interno vêm restringindo as negociações no spot neste mês de outubro. Após a finalização da colheita na maioria dos Estados produtores, o processo de beneficiamento (separação do caroço e da fibra) e a análise da qualidade do algodão (HVI) avança no Brasil. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a estimativa nacional é de que 55% da produção já foi tanto beneficiada, como analisada a qualidade, estando pronta para ser entregue aos compradores da pluma brasileira. Os cotonicultores estão focados no cumprimento dos contratos a termo. Como a maioria está com boa parte da safra 2021/2022 já comprometida, os atuais preços praticados não atraem agentes para novas negociações. A recente recuperação no valor internacional também mantém vendedores retraídos.
Enquanto isso, indústrias usam a matéria-prima já adquirida, ainda cautelosas para novas aquisições e focadas nas vendas de seus produtos. A comercialização da safra 2021/2022 de algodão em Mato Grosso atingiu 83,3% da produção estimada para o ciclo, avanço mensal de apenas 1,9 ponto porcentual. Com a produtividade da safra 2021/2022 ainda incerta, os cotonicultores mato-grossenses têm optado por cumprir os contratos acordados antecipadamente, ao invés de fechar novos negócios, cenário que tem limitado o andamento da comercialização no Estado. A queda nos preços da fibra na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) no último mês se refletiu em queda nas cotações do Estado. Esse cenário também dificultou novos acordos para a safra futura. A comercialização da safra 2022/2023 atingiu 50% da produção estimada para a temporada, avanço de 2,7 pontos porcentuais em setembro ante agosto.
No 1º levantamento da safra 2022/2023, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetou produção de algodão em pluma de 2,924 milhões de toneladas, 14,7% acima da safra anterior, com área 1,9% maior, de 1,630 milhão de hectares, e produtividade 12,6% acima do observado no ciclo anterior, de 1.794 quilos por hectare. Em Mato Grosso, especificamente, a área cultivada está prevista em 1,169 milhão de hectares, alta de 2,5% frente à safra passada. A produtividade deve ser de 1.780 quilos por hectare, elevação de 14,9%, resultando em produção de 2,08 milhões de toneladas, avanço de 17,8% em relação à temporada 2021/2022. Na Bahia, a área semeada está prevista em 308 mil hectares, elevação de apenas 0,1% frente à safra anterior. A produtividade, por sua vez, está estimada em 1.901 quilos por hectare, aumento de 12,4% em relação à temporada 2021/2022, com a produção prevista em 2,180 milhões de toneladas, crescimento de 17% no mesmo comparativo. Fontes: Cepea, Broadcast Agro e Conab. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.