28/Out/2022
A negociação de algodão no País avança pouco, com players do lado da compra e venda aguardando para ver como ficará o câmbio após o segundo turno das eleições presidenciais no dia 30 de outubro. Com a continuidade da pressão sobre os futuros na Bolsa de Nova York da alta do dólar no exterior e dos temores de recessão global, as fábricas também apostam em preços mais baixos e seguram novas aquisições. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias está cotado a R$ 5,00 por libra-peso. No mês, acumula queda de 11,36%. A movimentação é restrita no Brasil. Tecelagens pressionam fiações para obter descontos, devido à queda recente do algodão. O recuo dos preços no Brasil se deve principalmente à queda dos futuros na Bolsa de Nova York. O contrato dezembro acumula desvalorização de mais de 16% em 2022. O ritmo de negócios dependerá muito de para onde vai o câmbio depois das eleições. Por ora, o interesse de compra de fábricas está próximo ao Esalq, na faixa de R$ 5,05 por libra-peso.
Muitas fábricas consideram o valor atual ainda elevado e acreditam que o mercado vai ceder mais. Do lado da oferta, tradings oferecem algodão no mercado interno por 1.800 até 2.000 pontos acima do contrato dezembro da Bolsa de Nova York, para entrega imediata em fábricas das Regiões Sudeste e Sul. Os vendedores indicam em torno de R$ 5,27 por libra-peso. Trading tem algodão para vender no mercado interno, o que não tem é comprador nesse preço. O produtor, com o problema de produtividade e qualidade da safra, tinha 70% do algodão vendido antes do início da colheita e já nem vende mais para cumprir contratos. Os preços internos do algodão em pluma chegaram a esboçar uma reação na semana passada, mas o movimento de recuperação não se sustentou, e quedas voltaram a ser observadas. A pressão sobre a cotação doméstica vem das desvalorizações externas, que reduziram a paridade de exportação, e da maior presença de tradings no mercado negociando a preços menores. Boa parte dos produtores se mantém afastada do spot nacional, focada no cumprimento de contratos a termo.
A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) informou que fiações estão operando muito abaixo da capacidade nos principais mercados mundiais e que os estoques de produtos acabados estão se acumulando. Na China, contudo, há sinais de melhora da demanda, com aumento das margens das fiações e das taxas de operação das indústrias. Após vários meses com preços de algodão importado muito acima da paridade com algodão doméstico, a importação de algodão começa a ser viável. Para a safra 2022/2023, não há referências de compra nem por preço fixo nem por prêmios ante o dezembro de 2023, com a perspectiva de demanda externa mais fraca. Quanto à safra 2023/2024, como o custo de plantio subiu muito, a indicação de compra de acordo com os parâmetros de futuros e câmbio não atrairia vendedor, então quase não são apresentadas propostas firmes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.