03/Nov/2022
Os valores internacionais e nacionais do algodão em pluma caíram de forma significativa em outubro. A preocupação quanto à demanda por pluma e produtos têxteis diante da possível recessão global influenciaram a queda dos valores. à medida que levaram algumas tradings a atuarem a preços mais competitivos ao longo do mês passado. Os produtores demonstram pouco interesse em novas negociações no spot, uma vez que boa parte da produção está comprometida, e o atual patamar de preço não é considerado atrativo. Os compradores, por sua vez, adquirem apenas o necessário para seguir com suas atividades, utilizando a pluma estocada e/ou de programações. Além disso, há dificuldade em encontrar lotes com as características desejadas, o que limita ainda mais as negociações.
Diante disso, a média do Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, foi de R$ 5,19 por libra-peso em outubro, a menor desde dezembro/2020 (R$ 4,76 por libra-peso), sendo também 15,08% inferior à média de setembro/2022 e 17% abaixo da de outubro/2021, em termos reais (valores mensais deflacionados pelo IGP-DI). Apesar disso, a média de outubro ainda ficou 13,4% superior à paridade de exportação. No acumulado do mês (entre 30 de setembro e 31 de outubro), o Indicador recuou 10,85%, chegando a fechar a R$ 4,90 por libra-peso no dia 28 de outubro, o menor patamar nominal desde o dia 6 de julho de 2021. Com as consecutivas quedas nos preços da pluma, as indústrias relatam que clientes estão pressionando os valores de seus manufaturados. Vale considerar que também há contratos a termo que estão sendo entregues a valores superiores aos preços praticados no spot.
Em dólar, o Indicador à vista registrou média de 98,81 centavos de dólar por libra-peso em outubro, 1,5% menor que o Índice Cotlook A (100,36 centavos de dólar por libra-peso). Ambos são os mais baixos desde julho/202, mas ainda ficou 19% acima da média do primeiro vencimento na Bolsa de Nova York, que foi de 83,07 centavos de dólar por libra-peso, o menor desde janeiro/2021. Em outubro, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) foi de R$ 4,16 por libra-peso (80,48 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,17 por libra-peso (80,69 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, de 30 de setembro a 31 de outubro, o contrato Dezembro/2022 se desvalorizou 15,63%, indo para 72,00 centavos de dólar por libra-peso no dia 31 de outubro, o menor desde janeiro/2021.
O contrato Março/2023 recuou 14,15% no mesmo comparativo, a 71,64 centavos de dólar por libra-peso; o Maio/2023, 12,47%, a 71,85 centavos de dólar por libra-peso; e o Julho/2023, 10,34%, a 71,98 centavos de dólar por libra-peso. O fechamento de contratos a termo esteve em bom ritmo em outubro e envolveu sobretudo a pluma da safra 2021/2022. As entregas serão realizadas nos próximos meses, visando atender principalmente indústrias nacionais. Foram realizados fechamentos tanto a preços fixos como baseados no Indicador e/ou nos vencimentos da ICE Futures. Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) apontam que o beneficiamento da safra 2021/2022 estava em 89% do total estimado da produção até o dia 27 de outubro, em linha com o registrado em Mato Grosso (89%). Na Bahia, os trabalhos estão levemente mais adiantados (92%).
Em relatório divulgado no dia 28 de outubro pelo Cotton Outlook, a produção mundial da safra 2021/2022 foi estimada em 25,042 milhões de toneladas, elevação de 0,2% frente aos dados de setembro/2022, influenciada pelo reajuste positivo da Austrália, que compensou o recuo do Uzbequistão. O consumo mundial ficou estável no comparativo mensal, em 24,723 milhões de toneladas na temporada 2021/2022. Para 2022/2023, houve diminuições de 0,35% na estimativa de produção mundial no comparativo com o relatório anterior e de 1% frente à safra passada, projetada em 24,804 milhões de toneladas. No caso do Brasil, especificamente, a produção em 2022/2023 está estimada para ser 14,7% maior que a anterior (2,55 milhões de toneladas) e 12,7% superior aos dados de setembro/2022. Quanto ao consumo mundial na temporada 2022/2023, deve ficar em 23,809 milhões de toneladas, 2,58% menor que o estimado no mês passado e 3,7% inferior à safra 2021/2022. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.