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23/Nov/2022

Preços do algodão acima da paridade de exportação

Os preços do algodão no mercado interno têm relação direta com a paridade de exportação. Sendo a Ásia a principal importadora mundial, certamente a base de referência para a paridade são os valores da pluma posta na região, descontados dos custos logísticos, que, por sua vez, acabam sendo o patamar mínimo que se espera observar no mercado brasileiro. O limite superior de preço doméstico vem da paridade de importação, que é o valor de aquisição da pluma no mercado externo acrescido do custo logístico até a unidade consumidora. O fato é que, ao longo dos últimos dois anos, pelo menos, os preços internos da pluma estão bem próximos dos valores registrados pelo Índice Cotlook A (para o produto posto no Extremo Oriente). Esse cenário, ainda que observado pontualmente, não é o padrão.

Considerando-se uma média de agosto deste ano até atualmente, os preços domésticos ficaram apenas 1,7% menores que o Índice Cotlook A. Na safra passada (agosto/2021 a julho/2022), a diferença foi negativa, em 5,4%. Isso está relacionado, na prática, à redução do percentual da produção brasileira disponível para exportação. Em anos em que o excedente se amplia, os preços domésticos cedem em relação aos externos. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,82 por libra-peso (90,78 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,83 por libra-peso (90,97 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Os contratos na Bolsa de Nova York estão pressionados pela desvalorização do petróleo e pela perspectiva de menor demanda pela pluma, especialmente da China, diante dos lockdowns naquele país.

Assim, o contrato Dezembro/2022 tem desvalorização de 4,83% nos últimos sete dias, indo para 81,16 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Março/2023 registra recuo de 4,59% no mesmo comparativo, a 79,78 centavos de dólar por libra-peso; o Maio/2023, -4,06%, a 79,15 centavos de dólar por libra-peso; e o Julho/2023, tem baixa de 3,69% no período, a 78,56 centavos de dólar por libra-peso. No mercado interno, após duas semanas de sustentação, as cotações estão um pouco pressionadas pela desvalorização externa e pelo maior interesse de negociação no spot por parte de alguns vendedores, diante da necessidade de “fazer caixa”. Como indústrias e comerciantes também estão ativos, a liquidez está maior.

O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, apresenta recuo de 0,47% nos últimos sete dias, cotado a R$ 5,35 por libra-peso. Ainda assim, na parcial do mês, o Indicador subiu 6,15%. A média parcial do Indicador em novembro está 12,2% superior à paridade de exportação. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 12 dias úteis de novembro/2022, as exportações brasileiras de algodão em pluma somaram 183,17 mil toneladas, 29,6% abaixo do volume embarcado em todo o mês de outubro/2022, mas já 10,1% acima da quantidade de novembro/2021. A atual média diária de vendas externas está em 15,26 mil toneladas, contra 8,76 mil toneladas em novembro/2021 (+74%). Caso esse ritmo atual de embarques seja mantido, as exportações em novembro/2022 podem totalizar 305,3 mil toneladas em novembro, o volume mais elevado desde dezembro/20 (370,46 mil toneladas).

O preço médio está em 89,85 centavos de dólar por libra-peso na parcial de novembro/2022, baixa de 5,5% no comparativo mensal (95,05 centavos de dólar por libra-peso), mas aumento de 13,6% no anual (79,09 centavos de dólar por libra-peso). Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) apontam que o beneficiamento da safra 2021/2022 estava em 93% do total estimado da produção até o dia 17 de novembro. Em Mato Grosso, 96% da produção esperada havia sido beneficiada, na Bahia, 94%; em Goiás, 99%; em Minas Gerais, 98%; em Mato Grosso do Sul, 97% e no Maranhão, 63%. Enquanto para a safra 2022/2023, a semeadura em São Paulo chegou a 7% da área prevista até o dia 17 de novembro. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.