16/Jun/2023
Os preços do algodão no País seguem em queda, diante da perspectiva cada vez mais clara de uma safra cheia e da proximidade da chegada de volumes que vão sendo colhidos ao mercado. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias está cotado a R$ 4,04 por libra-peso. A queda acumulada no mês é de 1,55%. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou de 2,901 milhões de toneladas para 2,978 milhões de toneladas a previsão de produção de algodão em 2022/2023. O novo número, se confirmado, representa aumento de 16,6% ante o ciclo anterior. As quedas recentes dos futuros de algodão negociados na Bolsa de Nova York e do dólar ante o Real também pesam sobre as cotações internas. Na última semana, os futuros caíram 1,38%, enquanto o dólar cedeu 2,38%.
Segundo a Conab, mais de 70% das lavouras estão em fase de maturação e com bom desenvolvimento devido a condições climáticas favoráveis e sem problemas com pragas. Conforme o último relatório de progresso de safra, 0,9% da produção esperada foi colhida até o dia 10 de junho, com áreas já colhidas na Bahia (4%), em Mato Grosso do Sul (4%), Minas Gerais (3%) e Goiás (1%). Os trabalhos estão atrasados ante igual período da safra anterior (1,6%). As negociações envolvendo algodão em pluma estão enfraquecidas no Brasil. Parte dos agentes está afastada do spot, enquanto os vendedores e compradores ativos estão em desacordo quanto ao preço e à qualidade dos lotes disponibilizados.
As oscilações dos valores externos também reforçam a baixa liquidez interna. Assim, apenas alguns lotes têm sido comercializados e de forma pontual, para atender a necessidades imediatas e/ou repor estoques. Parte dos produtores se mantém firme nos preços para a pluma de melhor qualidade, enquanto os vendedores com necessidade de levantar recursos ou liberar espaço em armazéns diante da proximidade da entrada de um maior volume da safra nova estão mais flexíveis. Agentes de indústrias, por sua vez, pressionam os valores de compra, enquanto outros estão fora do mercado, utilizando a matéria-prima estocada e/ou de programações. Algumas empresas operam com capacidade reduzida.
Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a comercialização da safra 2022/2023 de algodão de Mato Grosso atingiu 66,44%, 2,43% acima do último mês, quando a comercialização era de 64%, disse. Em relação a igual período da safra 2021/2022, quando o percentual era de 73,02%, há atraso de 6,58%. A média para os últimos cinco anos é de 76,9%. A negociação prévia da safra de algodão 2023/2024 do Estado alcançou 18,91%, avanço de 4,79% em relação a maio. As vendas estão 19,56% atrás de igual período de 2022, de 38,17%, e 17,45% atrasadas em relação à média histórica, de 36,36%.