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07/Jul/2023

Exportações de algodão seguem com ritmo lento

As exportações de algodão encerraram a temporada referente aos embarques da safra 2021/2022 com volume 19% abaixo do observado no ciclo anterior. O Brasil embarcou 1,396 milhão de toneladas de julho do ano passado a junho deste ano, considerando os dados de junho ainda preliminares divulgados nesta semana pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Na temporada passada, as exportações totalizaram 1,723 milhão de toneladas. Embora no segundo semestre do ano passado o ritmo tenha sido mais aquecido do que um ano antes, no primeiro semestre deste ano as vendas externas perderam ritmo diante da menor demanda global. As exportações semanais indicam baixos volumes comercializados, sinalizando que a demanda externa ainda apresenta um ritmo lento. Até o dia 30 de junho, o acumulado de 2023 atingiu 424,5 mil toneladas abaixo da média de 930,5 mil toneladas nos últimos três anos para o mesmo período.

O cenário é semelhante para o comércio interno: a compra de matéria-prima é realizada apenas para necessidades imediatas, dada a redução do consumo dos derivados da commodity. Na semana passada, durante a 71ª Reunião da Câmara Setorial do Algodão e Derivados, do Ministério da Agricultura e Pecuária, realizada como parte da programação do XX Anea Cotton Dinner and Golf Tournament, a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) indicou que os estoques globais estão elevados, mas a China começa a voltar às compras. A inflação começa a demonstrar os primeiros sinais de queda nos Estados Unidos, mas, na Europa, ainda está elevada. O basis do algodão brasileiro segue pressionado para baixo, com a safra cheia no Brasil e na Austrália. Além disso, o terremoto na Turquia, no início do ano, atingiu em cheio a indústria turca. Os preços da commodity estão variando em torno de 80,00 centavos de dólar por libra-peso, há seis meses, com tendência de queda.

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) estimou que a safra 2022/2023 do Brasil, plantada em uma área de 1,668 milhão de hectares (0,8% acima do ciclo anterior), deve alcançar produtividade de 1,84 mil quilos de pluma por hectare, contra 1,54 mil quilos por hectare em 2021/2022. Com isso, a produção brasileira deve alcançar 3,069 milhões de toneladas de algodão em pluma, 19,8% superior na comparação anual. Em 20 anos, a marca foi atingida apenas uma vez, no ciclo 2019/2020. A boa distribuição das chuvas ao longo da safra explica o aumento da produtividade. Cerca de 92% das lavouras brasileiras dependem exclusivamente de água da chuva para se desenvolver e a tecnologia da irrigação está presente nos demais 8%. O produtor usa todas as tecnologias disponíveis para mitigar riscos climáticos, mas, ainda assim, precisa de chuva na quantidade e no momento certo, para garantir as boas produtividades e produção. Até o dia 30 de junho, 4,21% da safra brasileira havia sido colhida.

Mato Grosso, maior produtor, colheu 1,8% da safra, e a Bahia, 7,5%. Entre os demais Estados, Paraná colheu 95%, São Paulo, 72%, Piauí, 24,5%, Minas Gerais, 18%, Goiás, 10,05%, Mato Grosso do Sul, 3,8% e Maranhão, 2,44%. Para o consumo interno, a expectativa para este ano é de 650 mil toneladas, segundo Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), ainda sob influência dos reflexos da recessão mundial pós-pandemia. Até o momento, o ano de 2023 não foi positivo. Houve queda na produção da indústria e no varejo, aumento nas importações (de produtos de vestuário), e o dado positivo é que, ainda assim, foi possível gerar cerca de 5 mil novos postos de trabalho no primeiro semestre. Para o segundo semestre, a expectativa é melhor, mas não o suficiente para compensar as perdas da primeira metade do ano.

Para 2024, a perspectiva é alcançar consumo de 680 mil toneladas. Em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) revisou para cima a projeção de área e de produtividade para o algodão plantado no Estado na safra 2022/2023. Com isso, a expectativa agora é de uma colheita de 5,27 milhões de toneladas de caroço e 2,195 milhão de toneladas de pluma. A estimativa de julho para a área semeada com a fibra é de 1,2 milhão de hectares, 0,28% mais que o registrado no relatório de junho. Esse cenário é resultado do incremento nas áreas de 1ª safra, visto que os produtores estavam visando semear um maior percentual dentro da janela ideal. A produtividade, por sua vez, foi aumentada para 292,35 arrobas por hectare, ou 0,85% acima da projeção do mês passado, o que reflete, principalmente, as condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da fibra. O Imea alerta, porém, para o risco de possíveis incidências de chuvas, pragas e doenças, fatores ainda incertos que podem comprometer a produtividade e a qualidade final da fibra. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.