18/Jul/2023
Segundo a Agroconsult, o Brasil deve produzir 3,11 milhões de toneladas de algodão em pluma na safra 2022/2023, que está sendo colhida neste momento, e pode chegar a 3,44 milhões de toneladas no ciclo 2023/2024 (+10,5%), cujo plantio começa no fim do ano. As grandes safras projetadas representam desafios de exportação para o Brasil. Apesar do cenário de retomada do consumo global de algodão em 2023/2024, persistem preocupações com o crescimento diante de uma inflação mundial começando a ser controlada, mas taxas de juros que ainda não pararam de subir. Após uma safra 2021/2022 de 2,52 milhões de toneladas, prejudicada por adversidades climáticas, neste ano os principais Estados produtores caminham para bons resultados. Mato Grosso, o maior em produção da fibra, deve atingir produtividade ao redor de 300 arrobas por hectare em caroço e Bahia, segundo maior produtor, um rendimento de 320 arrobas por hectare.
Com embarques ao exterior mais fracos nos últimos meses, o estoque da temporada que encerrou em junho deve ser superar 500 mil toneladas. O grande desafio é a exportação da próxima safra, que está sendo colhida agora, de 3,1 milhões de toneladas. Para não aumentar de novo o estoque, o Brasil precisa exportar pelo menos 2,4 milhões de toneladas de pluma. O País já conseguiu exportar esse volume, mas em condições da economia mundial distintas das atuais. Daí a necessidade de aprimorar as comunicações e logística. Qualidade de produto o Brasil tem, mas precisa acessar mercados. O cenário ideal seria o Brasil alcançar novo recorde de 2,6 milhões de toneladas na exportação. O desafio é dar esse salto de pelo menos 1 milhão de toneladas a mais colocadas no mercado internacional desta safra que está sendo colhida agora. Quanto à safra 2023/2024, que será plantada em dezembro na Bahia e de janeiro em Mato Grosso, o volume de produção e, consequentemente de exportação, tende a ser ainda maior.
A área plantada terá crescimento de 8%, para 1,81 milhão de hectares, em virtude de o cultivo de algodão estar mais atrativo do que o milho. Serão ocupadas algodoeiras até maio para poder dar conta do algodão que pode vir a ser produzido no Brasil no próximo ano. Os preços futuros do algodão na Bolsa de Nova York devem seguir ao redor de 80,00 centavos de dólar por libra-peso. No Brasil, o recuo das cotações foi reflexo do câmbio, mas o milho, principal concorrente em área do algodão na 2ª safra no País, teve queda de preço maior nos últimos meses. A situação poderia ser mais crítica no mercado de algodão se não fosse a redução de custos que ocorre neste momento. A rentabilidade projetada de soja na safra de verão e algodão em 2ª safra em Mato Grosso está melhor do que a prevista para o combo soja e milho. Isso vai afetar a área de algodão em Mato Grosso em cima da área do milho para quem pode plantar algodão. Na Bahia, o algodão também leva vantagem sobre o milho na comparação de margens.
É muito provável que haja uma redução de área do milho no oeste da Bahia. O espaço deve ser ocupado em parte pela soja e em parte pelo algodão, já que o cereal no Estado concorre por área na safra de verão com ambas as culturas. Se o clima ficar dentro da normalidade, seria possível obter uma produção de 3,4 milhões de toneladas em 2023/2024, o que exigirá do País um esforço para exportar um volume ainda maior de algodão. Este ano será muito bom, com produtividade, qualidade e rendimento excelentes e talvez um novo recorde de exportação, acima de 2,4 milhões de toneladas. Isso é ótimo, mas é pouco, porque no ano que vem será preciso fazer muito mais. O plantio deve ser de 1,8 milhão de hectares, com produção de mais de 3,4 milhões de toneladas, precisando exportar próximo de 3 milhões de toneladas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.