19/Jul/2023
Os preços internos do algodão em pluma se mantêm em alta nos últimos dias, impulsionados pela posição firme dos vendedores, que, por sua vez, estiveram fundamentados no avanço dos contratos na Bolsa de Nova York, na melhora da demanda e no bom desempenho das exportações. Ressalta-se que os vendedores brasileiros buscam ajustar as cotações internas em patamar superior ao da paridade de exportação e que a diferença entre esses valores vem diminuindo. Com produtores retraídos e/ou focados nas atividades de campo, os compradores com necessidade imediata têm ofertado valores mais altos pela pluma, na tentativa de atrair vendedores. Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) mostram que 12,86% da área brasileira da safra 2022/2023 havia sido colhida até o dia 14 de julho, sendo que 3,91% da produção esperada foi beneficiada. Na Bahia, o segundo maior estado produtor do Brasil, 27% haviam sido colhidos até o dia 14 de julho, e 15%, beneficiados.
Quanto à liquidez, com o aumento da demanda nos últimos dias, há certo avanço nas negociações. Algumas tradings também entraram no mercado, especialmente para a compra de novos lotes, contribuindo para elevar as vendas. No entanto, parte dos fechamentos ainda envolve lotes pequenos, visto que algumas indústrias seguem estocadas e/ou recebendo matéria-prima de contratos a termo, diante da demanda ainda baixa por produtos acabados, devido à dificuldade no repasse dos preços ao longo da cadeia têxtil. Comerciantes permanecem adquirindo pluma para cumprir com as programações e/ou realizar “negócios casados”. Quanto aos lotes da safra 2022/2023, vale ressaltar que, inicialmente, os produtores devem priorizar o cumprimento de contratos, tanto para o mercado interno quanto para o externo. No entanto, mais lotes da nova safra vêm sendo disponibilizados. Com relação aos preços domésticos, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra alta de 2,59% nos últimos sete dias, cotado a R$ 3,84 por libra-peso. Na parcial de julho, o Indicador acumula alta de 6,94%.
Ainda assim, a cotação interna está, em média, 3,6% inferior à paridade de exportação. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 3,84 por libra-peso (79,83 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,85 por libra-peso (80,05 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos estão sendo impulsionados pela valorização do petróleo e pelas altas temperaturas em regiões produtoras norte-americanas. O vencimento Outubro/2023 apresenta alta de 4,43% nos últimos sete dias, cotado a 83,49 centavos de dólar por libra-peso; o Dezembro/2023, 3,63%, a 82,13 centavos de dólar por libra-peso; o Março/2024, 3,34%, a 82,04 centavos de dólar por libra-peso; e o Maio/2024, 3,04%, a 82,03 centavos de dólar por libra-peso.
Dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 12 de julho apontaram elevação de leve 0,1% na produção mundial de algodão frente ao estimado em junho, mas queda de 1% em relação à safra 2022/2023, totalizando 25,439 milhões de toneladas. De junho para julho, os dados apontaram maior oferta no Paquistão (+10,1%) e retração de 6,9% para a Austrália. Com essas estimativas, a oferta mundial está 0,34% acima do consumo global, que está projetado em 25,354 milhões de toneladas, retração mensal de 0,5%, mas 6,1% acima da temporada passada. As importações mundiais estão previstas em 9,468 milhões de toneladas, 0,6% inferiores ao apontado no relatório de junho, mas alta de significativos 17,2% no comparativo com a safra 2022/2023. As exportações estão projetadas em 9,473 milhões de toneladas na safra 2023/2024, recuo de 0,6% no comparativo mensal, mas elevação de 15,8% frente à temporada anterior.
Para o Brasil, especificamente, o USDA espera que as exportações somem 2,123 milhões de toneladas, o segundo maior volume da história, ficando atrás apenas das 2,398 milhões de toneladas da temporada 2020/2021, com reajuste positivo de 5,4% frente aos dados do mês passado e expressivo aumento de 50% se comparado com a temporada 2022/2023. O estoque final global está previsto em 20,578 milhões de toneladas na temporada 2023/2024, aumento de 1,9% frente ao estimado no mês anterior e leve alta de 0,6% em relação à safra passada. Quanto aos preços, o valor médio pago ao produtor norte-americano para safra 2022/2023 está em 82,00 centavos de dólar por libra-peso, e para a temporada 2023/2024 está em 76,00 centavos de dólar por libra-peso. Relatório divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 13 de julho indicou que a área nacional de algodão na safra 2022/2023 deve somar 1,659 milhão de hectares, 3,6% maior que a da temporada 2021/2022 e 1,42% mais ampla que a estimada no relatório divulgado em junho.
A produtividade teve uma leve retração frente ao último relatório (-0,42%), porém, no comparativo de safras, a alta ainda é de significativos 13,6%, para 1.813 Kg por hectare. Dessa forma, o volume colhido no Brasil deve aumentar 0,99% no comparativo mensal e 17,8% em relação à temporada 2021/2022, podendo chegar a 3,007 milhões de toneladas, ultrapassando o antigo recorde histórico registrado na temporada 2019/2020 (3,002 milhões de toneladas). Em Mato Grosso, a projeção de área teve aumento significativo de 2,06% em relação ao relatório de junho/2023, ficando em 1,186 milhão de hectares, 4% maior que a da safra 2021/2022. A produtividade no Estado deve ser de 1.792 Kg por hectare, queda de 0,78% frente aos dados anteriores, porém, alta de 15,7% frente à temporada passada. Com isso, a produção de Mato Grosso está projetada em 2,124 milhões de toneladas, aumento de 1,26% no comparativo mensal e elevação de 20,3% em relação à temporada 2021/2022. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.