15/Aug/2023
Mesmo com o aumento da concorrência dos sites chineses, o grupo Malwee tem registrado crescimento consistente nos últimos anos. A companhia, que faturou R$ 1,5 bilhão em 2022, dobrou de tamanho no pós-pandemia e deve manter o ritmo de crescimento na casa de dois dígitos em 2023. Em entrevista, o CEO da companhia, Guilherme Weege, cobrou isonomia para competir com os grupos estrangeiros no País, fazendo referência específica à decisão do governo de isentar de tributos federais as compras online de até US$ 50,00. Enquanto as empresas brasileiras pagam seus impostos, a isenção de tributos federais para compras online de até US$ 50,00 que entrou em vigência em agosto, poderá causar até 2,5 milhões de demissões no País. Segue a entrevista:
Como a entrada de players estrangeiros no País afeta o negócio do grupo Malwee hoje?
Guilherme Weege: Nessa questão, é muito importante destacar que muitos consumidores não conhecem o impacto ambiental e social que existe por trás daquela t-shirt de R$ 10 que ele encontrou em um site da China. Existe ali um alto consumo de água, energia, gás carbônico, baixa remuneração de mão de obra e diversos outros problemas. Precisamos falar mais sobre o assunto. Colocar luz sobre a indústria da moda, mostrar como ela funciona e os seus impactos. Acredito que o processo de abrir portas para empresas estrangeiras exige isonomia do mercado e da estrutura macroeconômica. É necessário garantir que todas as organizações - locais ou estrangeiras - sejam tratadas de forma justa e com condições iguais. Além disso, eu acredito que a concorrência leal nos faz melhores.
Uma empresa de 55 anos já passou por muitos momentos difíceis no País. Qual foi o mais desafiador?
Guilherme Weege: Os desafios são muitos, pois fazer uma moda ética, sustentável e de forma inovadora vai muito além do que as pessoas possam imaginar. É essa autenticidade que nos faz perceber que o mercado não questiona e nem reflete sobre situações de responsabilidade social e ambiental, o que indica que o ESG não está em seu propósito. Reforço, sempre que possível, que a sustentabilidade não pode começar pelo marketing. Nosso espírito pioneiro e o investimento em inovações nos permitiram alcançar a marca de 92% de peças produzidas com métodos e matérias-primas de menor impacto ambiental. Ainda nos destacamos como uma das empresas brasileiras que menos emitem carbono na produção de suas peças.
Como a empresa tem navegado nesse momento de juros altos e consumidor com renda comprometida?
Guilherme Weege: Há muitos obstáculos macroeconômicos e um ambiente desafiador tanto no digital quanto no offline. A questão fiscal, por exemplo, é um aspecto que pode comprometer o desempenho econômico do varejo e da indústria. Enquanto as empresas brasileiras pagam seus impostos, a isenção de tributos federais para compras online de até US$ 50, que entrou em vigência em agosto, poderá causar até 2,5 milhões de demissões, conforme apontaram a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV). Porém, mantemos nosso foco em eficiência, e continuamos analisando o mercado não a curto, mas a médio e longo prazos. Dessa forma, não deixamos de investir e de buscar inovações que nos permitam evoluir em nosso propósito de construir um mundo feito para durar. E, claro, havendo juros mais baixos no futuro, é possível termos um ciclo melhor para o varejo.
Nesse contexto, quais são os principais investimentos recentes da empresa?
Guilherme Weege: Temos um plano de expansão que começou em regiões estratégicas: São Paulo e Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, onde fica a sede da empresa. Dentro da expectativa atual de mercado, com esse movimento esperamos crescer acima de dois dígitos este ano.
A receita da companhia diminuiu nesse período de dificuldade? E o volume de vendas?
Guilherme Weege: Dobramos de tamanho desde o início da pandemia, enquanto investimos continuamente na ampliação do parque fabril e dos canais de distribuição. Atualmente, concentramos esforços na área de inovação. Em 2022, a nossa produção anual totalizou mais de 43 milhões de peças e nosso faturamento foi de R$ 1,5 bilhão, o que representa um crescimento de 17% (sobre 2021).
Fonte: Broadcast Agro.