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16/Aug/2023

Preço do algodão segue firme no mercado interno

Mesmo com os avanços da colheita e do beneficiamento da nova safra no Brasil, os preços internos do algodão estão firmes. A sustentação vem da alta nos valores externos e do dólar frente ao Real. No mercado internacional, as valorizações da pluma estão relacionadas ao preço do petróleo, que está em movimento de alta desde abril, e aos ajustes negativos nos estoques mundiais de passagens, tendo em vista o maior consumo e a menor oferta globais. No spot nacional, muitos vendedores estão afastados, e parte dos demandantes está mais ativa, mas o desacordo sobre os preços entre as partes limita os negócios. Os vendedores se capitalizam com o cumprimento de contratos a termos, enquanto os compradores com necessidades imediatas precisam elevar os valores de suas ofertas. Vale destacar que os contratos a termos estão mais remuneradores que os praticados atualmente no spot.

Comerciantes, por sua vez, realizam somente negociações “casadas” para não correr o risco de ficarem com algodão estocado e posterior dificuldade de repasse nos preços. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra alta de 2,55% nos últimos sete dias, cotado a R$ 4,06 por libra-peso, o maior valor desde o dia 13 de junho/2023 (R$ 4,07 por libra-peso). Na parcial de agosto, o Indicador registra alta de 2,92%. Ainda assim, a cotação interna está, em média, 1,9% inferior à paridade de exportação. A paridades de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,18 por libra-peso (84,14 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,19 por libra-peso (84,36 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos estão sendo influenciados pela elevação no valor do petróleo no mercado internacional, pelo desempenho das vendas norte-americanas e, principalmente, pelas reduções nas estimativas de produção e de estoque dos Estados Unidos.

O vencimento Outubro/2023 registra avanço de 1,47% nos últimos sete dias, a 87,65 centavos de dólar por libra-peso; o Dezembro/2023, 1,32%, a 86,47 centavos de dólar por libra-peso; o Março/2024, 1,01%, a 86,31 centavos de dólar por libra-peso; e o Maio/2024, 0,72%, a 86,21 centavos de dólar por libra-peso. Relatório divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 10 de agosto indicou que a área nacional de algodão na safra 2022/2023 deve somar 1,66 milhão de hectares, 3,6% maior que a da temporada 2021/2022 e leve queda de 0,01% frente ao relatório divulgado em julho/2023. A produtividade brasileira teve aumento de 0,77% frente ao relatório anterior e significativa alta de 14,5% se comparada à da safra passada, para 1.827 quilos por hectare, um recorde. Dessa forma, o volume colhido no Brasil teve reajuste positivo de 0,76% no comparativo mensal e elevação de 18,7% em relação à temporada 2021/2022, podendo chegar a 3,03 milhões de toneladas, também um recorde.

Em Mato Grosso, a área se manteve estável frente ao relatório de julho, em 1,186 milhão de hectares, 4% maior do que a safra 2021/2022. A produtividade no Estado deve ser de 1.810 Kg por hectare, aumento de 1,01% frente aos dados anteriores e 16,8% acima dos da temporada passada. Com isso, a produção está projetada em 2,146 milhões de toneladas, aumento de 1,01% no comparativo mensal e elevação de 21,5% em relação à temporada 2021/2022. Vale considerar que, na Bahia, a Conab também reajustou positivamente a produtividade de julho para agosto (+1,08%), a 1.913 Kg por hectare, levando a produção para 597,9 mil toneladas. No campo, dados Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) mostram que 52% da área brasileira da safra 2022/2023 havia sido colhida até o último dia 11 de agosto, sendo que 18% da produção esperada foi beneficiada.

Quanto à comercialização, para Mato Grosso, especificamente, dados divulgados no dia 7 de agosto pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicam que foram comercializados 72,24% do volume a ser produzido no Estado nesta safra 2022/2023, 5,65% abaixo do registrado no mesmo período de 2022 (de 77,89% referente à safra 2021/2022) e 7,83% inferior à média dos últimos cinco anos (de 80,07%). Dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 11 de agosto apontaram queda de 2,3% na produção mundial de algodão frente ao estimado em junho e retração de 3,5% em relação à safra 2022/2023, totalizando 24,846 milhões de toneladas na temporada 2023/2024. De julho para agosto, houve reajuste negativo, de expressivos 15,2%, na oferta dos Estados Unidos, para 3,046 milhões de toneladas. Com essas estimativas, a oferta mundial está 2,41% abaixo do consumo global, que está projetado em 25,46 milhões de toneladas, elevação mensal de apenas 0,4%, mas 5,8% acima da temporada passada.

As importações mundiais estão previstas em 9,554 milhões de toneladas, apenas 0,9% superior ao apontado no relatório de julho, mas alta de significativos 17,9% no comparativo com a safra 2022/2023. As exportações, por sua vez, estão projetadas em 9,548 milhões de toneladas na safra 2023/2024, avanços de 0,8% no comparativo mensal e de 18,4% frente à temporada anterior. O estoque final global está previsto em 19,943 milhões de toneladas na temporada 2023/24, retração de 3,1% frente ao estimado no mês anterior e baixa de 2,7% em relação à safra passada. Quanto aos preços, o valor médio pago ao produtor norte-americano pela safra 2023/2024 está em 79,00 centavos de dólar por libra-peso, alta de 3,95% se comparado ao valor de julho/2023 (76,00 centavos de dólar por libra-peso), mas baixa de 3,66% frente à temporada 2022/2023 (82,00 centavos de dólar por libra-peso). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.