06/Sep/2023
Apesar de a colheita e o beneficiamento da temporada 2022/2023 terem avançado ao longo de agosto, os valores do algodão em pluma acumularam alta no mês passado. Trata-se, inclusive, do terceiro avanço mensal consecutivo. Atentos ao campo e priorizando a entrega de contratos a termo, os produtores estiveram afastados do mercado spot. Os produtores ativos estiveram firmes nos preços pedidos nas novas negociações, fundamentados nas valorizações externas. Do lado da demanda, agentes de indústrias indicaram reação no desempenho das vendas ao longo da cadeia têxtil, o que já levou algumas fábricas a demandarem mais volumes de matéria-prima. Assim, os compradores com mais necessidade precisaram ceder e pagar os valores pedidos por vendedores, especialmente para a pluma de qualidade superior.
Vale ressaltar que, na última semana de agosto, as altas mais intensas na Bolsa de Nova York fizeram com que as tradings entrassem no mercado nacional na compra de volumes a preços mais atrativos, reforçando o movimento de alta. Nesse cenário, entre 31 de julho e 31 de agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, avançou 2,51%, fechando a R$ 4,08 por libra-peso no dia 31 de agosto. Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador apresenta alta de 0,99%, cotado a R$ 4,10 por libra-peso. Ainda assim, a cotação interna ficou, em média, 3% inferior à paridade de exportação em agosto. No campo, de acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), 88% da área 2022/2023 nacional havia sido colhida, com o beneficiamento alcançando 36% do total da produção até o dia 1º de setembro.
As negociações para exportação com embarques de agosto a dezembro de 2023 apresentam média de 86,46 centavos de dólar por libra-peso, considerando-se os valores FOB no Porto de Santos (SP). Os negócios envolvendo exclusivamente a pluma da safra 2022/2023 registram média de 87,70 centavos de dólar por libra-peso. Para 2023/2024, a média de negociação foi de 83,52 centavos de dólar por libra-peso em agosto/2023. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,21 por libra-peso (85,33 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,22 por libra-peso (85,54 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, entre 31 de julho e 31 de agosto, o vencimento Outubro/2023 teve aumento de 3,11%, a 89,61 centavos de dólar por libra-peso; o Dezembro/2023, 3,66%, a 89,95 centavos de dólar por libra-peso; o Março/2024, 3,52%, a 89,77 centavos de dólar por libra-peso; e o Maio/2024, 3,51%, a 89,70 centavos de dólar por libra-peso.
Dados divulgados no dia 1º de setembro pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) estimam a produção mundial da safra 2023/2024 em 25,065 milhões de toneladas, queda de 5,51% frente às informações de agosto/2023, mas ainda 1,8% maiores que as da temporada anterior. Vale considerar que China, Índia, Paquistão e Estados Unidos poderão enfrentar condições adversas no clima que podem prejudicar a produção. Por outro lado, o consumo mundial de algodão deve cair 1,01% frente à temporada 2022/2023, para 23,213 milhões de toneladas, reajuste mensal negativo, de 4,91%. Assim, o consumo pode ficar 7,39% inferior à oferta. Para a exportação mundial, projeta-se aumento de 10,86% frente à safra anterior, mas reajuste negativo de 6,11% em relação aos dados do mês anterior, para 8,942 milhões de toneladas na temporada 2023/2024.
Nesse cenário, o estoque final deve somar 22,98 milhões de toneladas, com elevação de 8,82% em relação à temporada 2022/2023 e reajuste positivo de 2,95% sobre os dados de agosto/2023. A média do Índice Cotlook A será de 84,00 centavos de dólar por libra-peso para a temporada 2023/2024, variando de 67,00 centavos de dólar por libra-peso a 106,00 centavos de dólar por libra-peso. Para o Brasil, especificamente, a produção na temporada 2023/2024 é estimada em 2,8 milhões de toneladas, baixa de 7,28% frente à safra anterior (de 3,02 milhões de toneladas, que é recorde). As exportações devem subir expressivos 41,01% no mesmo comparativo, chegando a 2,045 milhões de toneladas na safra 2023/2024. O consumo interno é esperado em 662 mil toneladas, 5% inferior ao da temporada anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.