13/Sep/2023
Apesar de manter o movimento de alta, o preço do algodão em pluma tem oscilado nestas primeiras semanas de setembro. A liquidez está baixa, já que compradores e vendedores estão divergentes quanto aos preços, e os poucos negócios são realizados para atender a necessidades imediatas e/ou repor estoque. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra avanço de 0,25% nos últimos sete dias, a R$ 4,11 por libra-peso. Na parcial de setembro, o Indicador acumula elevação de 1,65%. Os vendedores estão firmes nos preços pedidos, focados na finalização da colheita, no beneficiamento e priorizando a entrega de contratos a termo. Alguns estão preocupados com questões logísticas, tendo em vista o aumento nos valores dos fretes e as filas nos terminais portuários.
Do lado comprador, o interesse é para negócios envolvendo poucos volumes, visto que muitos ainda estão estocados e recebendo a matéria-prima de programações. Segundo dados de registros de negócios da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), os contratos a termo da safra 2022/2023 para o mercado interno já representam 62% da demanda total estimada para a indústria (690 mil toneladas). No campo, de acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), 94% da área 2022/2023 nacional havia sido colhida, com o beneficiamento alcançando 40% do total da produção até o dia 8 de setembro. Relatório divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 6 de setembro indicou que a área nacional de algodão na safra 2022/2023 deve somar 1,664 milhão de hectares, 4% maior que a temporada 2021/2022 e alta de 0,31% frente aos dados de agosto/2023.
A produtividade brasileira cresceu 3,62% frente ao relatório do mês anterior e significativos 18,6% em relação à safra passada, para 1.893 Kg por hectare, o que seria um recorde. Assim, a produção no Brasil teve reajuste positivo de 3,94% no comparativo mensal e elevação de 23,3% em relação à temporada de 2021/2022, podendo chegar a 3,15 milhões de toneladas, sendo o maior volume colhido na história. Considerando-se o estoque inicial, acrescido da produção e da importação, a disponibilidade interna deve somar 4,47 milhões de toneladas neste ano. Deste total, o consumo industrial deve ficar em 690 mil toneladas. Com isso, o Brasil terá o maior excedente histórico, chegando a 3,78 milhões de toneladas. Se as exportações do ano ficarem em apenas 1,7 milhão de toneladas, o Brasil também terá, em dezembro/2023, o maior estoque de passagem da história, acima de 2 milhões de toneladas.
Este é um fator de pressão sobre as cotações. Por outro lado, esse contexto deve permitir que o Brasil absorva parte do mercado internacional, que, por sua vez, deixará de ser atendido pelos Estados Unidos. Ou seja, ao longo de 2024 ou mesmo em 2025, o Brasil tem potencial para se tornar o maior exportador mundial de pluma de algodão. As oscilações nos preços do petróleo e as preocupações com demanda chinesa são fatores de pressão sobre os valores da pluma, mas a expectativa quanto à divulgação de novos dados de oferta e demanda mundial a ser realizada nesta terça-feira (12/09) pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), limita a baixa. Agentes esperam nova redução da estimativa para os Estados Unidos, uma vez que 41% das lavouras de algodão do país estão em condições ruins ou muito ruins, 30%, em condições médias e apenas 29%, em boas e excelentes, o pior cenário dos últimos cinco anos, pelo menos.
A colheita no país chegou a 8%. Assim, na Bolsa de Nova York, o vencimento Outubro/2023 apresenta desvalorização de 1,17%, a 86,97 centavos de dólar por libra-peso; o Dezembro/2023, 1,1%, a 87,78 centavos de dólar por libra-peso; o Março/2024, 0,83%, a 87,95 centavos de dólar por libra-peso; e o Maio/2024, 0,67%, a 88,01 centavos de dólar por libra-peso. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,11 por libra-peso (83,42 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,12 por libra-peso (83,64 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.