15/Sep/2023
A comercialização de algodão para exportação com entrega futura está avançando. Já as vendas para o mercado interno seguem lentas, com as indústrias retraídas na mesa de negócios. Do lado da oferta, os produtores estão voltados ao cumprimento dos contratos firmados anteriormente e ao beneficiamento da fibra. Neste cenário, os preços da pluma no spot vêm se mantendo praticamente inalterados. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias registra alta de 0,10% nos últimos sete dias, a R$ 4,06 por libra-peso. O maior interesse por novos acordos parte das tradings, sobretudo para lotes da safra 2022/2023, que está sendo colhida, com embarque no fim do ano e início de 2024. A movimentação para entrega futura de volumes maiores deve-se ao comprometimento dos line-ups já programados para este ano. Além das propostas firmes de compra, os exportadores têm apresentado valor superior ao ofertado no mercado interno, o que atrai os vendedores.
O Indicador Cepea está bem abaixo da paridade internacional, em virtude da demanda fraca, da safra robusta e ainda refletindo estoques de passagem elevados do ano anterior. Portanto, o valor pago pelas tradings remunera melhor o produtor do que o preço local. As propostas para exportação giram em torno de 400 pontos acima do contrato dezembro negociado na Bolsa de Nova York para lotes FOB Santos (SP) e referentes à safra 2022/2023. Em contrapartida, o apetite das fábricas domésticas é restrito e limitado para casos de necessidade de reposição de estoques. Apesar do baixo volume da safra nova no spot, o mercado interno está desequilibrado, com um quadro de oferta maior do que a demanda. Observa-se que praticamente todas as indústrias do setor têxtil nacional não estão operando com capacidade plena de produção. Este é o motivo que explica o fato de a demanda não estar muito forte. As poucas indústrias ativas propõem preços na base Cepea ou até mesmo abaixo do Indicador e somente para lotes pontuais.
Além disso, o interesse de produtores em se desfazer da pluma pelos preços atuais é baixo, à exceção dos casos de necessidade de capitalização imediata ou de escoamento rápido. O produtor está focado no beneficiamento, na classificação e entregando contratos. Ele não tem muita oferta para pronta entrega, salvo lotes que a qualidade não atende os contratos firmados antecipadamente. O mercado deve se aquecer mais próximo do fim do ano, quando o beneficiamento da pluma entra na reta final, havendo incremento significativo de oferta, e os contratos antecipados já estiverem entregues pelos produtores. Considerando as boas produtividades reportadas da safra no País, deve aparecer uma maior oferta no fim do ano. Os entraves logísticos de uma produção robusta de algodão já estão surgindo, com congestionamento de portos e fluxo tomado até meados de novembro e dezembro. O baixo ritmo do mercado é observado também pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Em Mato Grosso, maior produtor da pluma, as vendas da safra 2022/2023 seguem atrasadas em relação à média dos últimos cinco anos e na comparação com a temporada anterior. A comercialização do algodão 2022/2023 no Estado alcançou 74,35% no fim de agosto, contra 72,24% de julho e 81,39% de agosto do ano passado. O preço médio da pluma negociada em agosto ficou em R$ 132,84 por arroba. Alguns informantes relatam que estão aguardando preços mais atrativos para negociarem maiores volumes. Para a safra 2023/2024, os produtores do Estado comprometeram 40,13% da produção projetada até o fim de agosto, avanço de 5,12% em relação a julho, mas atraso de 7,21% na comparação anual. Há acordos antecipados ocorrendo para exportação, mas em volumes pouco expressivos. Há uma diferença razoável de base de preços da Bolsa de Nova York de 2023 para 2024, o que limita o interesse de venda por parte do produtor. O basis, por sua vez, está semelhante ao do nível de 2024, com propostas em torno de 350 a 400 pontos sobre o contrato para dezembro de 2024. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.