21/Sep/2023
A estimativa de maior volume de algodão em pluma produzido na safra 2023/2024 no Brasil deve exigir uma elevação no ritmo de exportação para escoar o excedente. Os embarques nacionais, por sua vez, podem ser favorecidos pelas reduções da oferta e do excedente exportável dos Estados Unidos, contribuindo para que o Brasil se confirme como o segundo maior exportador mundial, podendo até mesmo a chegar ao topo do ranking. Dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 12 de setembro apontam queda de 1,5% na produção global 2023/2024 de algodão frente ao estimado em agosto e retração de 5,3% em relação à safra 2022/2023, totalizando 24,471 milhões de toneladas. No Brasil, houve reajuste positivo de 4,2% de agosto para setembro na oferta da próxima temporada (2023/2024), para 3 milhões de toneladas, mas recuos para a Índia (-2%, para 5,44 milhões de toneladas) e os Estados Unidos (-6,1%, a 2,86 milhões de toneladas).
Assim, além de o Brasil ultrapassar os Estados Unidos pela primeira vez na história, passará a ocupar o terceiro lugar no ranking de maiores produtores mundiais. O USDA também reduziu o consumo mundial, para 25,23 milhões de toneladas, 0,9% abaixo da estimativa de agosto, mas ainda 4,5% superior ao da temporada 2022/2023. Dentre os maiores consumidores, foram indicados ajustes negativos para Índia, Bangladesh e Vietnã. Com isso, o USDA diminuiu em 1,4% as estimativas de importações mundiais em relação a agosto, mas que ainda devem se manter 16,5% superiores às da safra 2022/2023. Sobre as projeções anteriores, foram realizados ajustes negativos para Bangladesh, Vietnã e Índia. Do lado das exportações, foram revisadas para baixo as previsões dos maiores vendedores mundiais, com exceção do Brasil. O USDA indicou aumento de 4,9%, para 2,57 milhões de toneladas no período entre agosto de 2023 e julho de 2024 (para o USDA, a oferta de 2023 se refere ao ano-safra 2023/2024).
Vale considerar que os Estados Unidos terão o menor excedente exportável desde 2015/2016. A diferença entre oferta e demanda será de 2,39 milhões de toneladas. Quando se considera a disponibilidade total (estoque inicial + produção + importação) e se subtrai o consumo interno, o excedente exportável chega a 3,32 milhões de toneladas na temporada 2023/2024. Para o Brasil, a diferença entre produção e consumo prevista para a temporada 2023/2024 é menor que a de 2022/2023. Entretanto, quando se leva em conta a disponibilidade interna a partir dos dados do USDA (ano-safra de agosto a julho), o excedente exportável será o maior da história, chegando a 5,86 milhões de toneladas. Ao se avaliar os últimos 12 meses (de setembro/2022 a agosto/2023), o Brasil exportou 1,49 milhão de toneladas; já os Estados Unidos embarcaram 2,62 milhões de toneladas. Até o momento, o maior volume embarcado pelo Brasil foi de 2,41 milhões de toneladas, no período de julho/2020 a junho/2021. Os Estados Unidos chegaram a exportar 5,67 milhões de toneladas em 2020.
Nesse cenário, os agentes estão focados nos embarques dos contratos a termo, destinados tanto ao mercado interno quanto ao externo. O aumento no valor do frete e a baixa disponibilidade de caminhões, somados a filas nos terminais portuários, fazem com que a prioridade seja as entregas e não a realização de novos fechamentos. Vale considerar que a maioria dessas programações foi realizada a valores superiores aos praticados atualmente no spot. Mesmo assim, foi observado um aumento na liquidez nacional, devido à maior presença compradora, diante de certa melhora nas vendas ao longo da cadeia têxtil, segundo colaboradores do Cepea. No entanto, ainda há preocupação com os negócios ao consumidor final, que permanecem enfraquecidos. Do lado vendedor, há certa restrição quanto a novos negócios, mas a pressão sobre os valores prevalece, visto que compradores ofertam preços mais baixos. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra queda de 2,23% nos últimos sete dias, a R$ 4,02 por libra-peso. Na parcial de setembro, o Indicador acumula baixa de 0,62%.
A cotação interna está em média, 3,4% inferior à paridade de exportação na parcial do mês. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,15 por libra-peso (85,70 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,16 por libra-peso (85,92 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, o vencimento Outubro/2023 tem desvalorização de 1,64% nos últimos sete dias, a 85,54 centavos de dólar por libra-peso; o Dezembro/2023, 0,89%, a 87,00 centavos de dólar por libra-peso; o Março/2024, apenas 0,07%, a 87,89 centavos de dólar por libra-peso; enquanto o Maio/2024 apresenta alta de 0,45%, para 88,41 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.