22/Sep/2023
A exportação de algodão da safra 2022/2023, que está sendo colhida, segue movimentando o mercado brasileiro. Ao longo desta semana, tradings aceleraram o ritmo de retirada e embarque de contratos fechados antecipadamente com valores pagos ao produtor cerca de R$ 0,20 por libra-peso acima do proposto pelo mercado interno. A indústria doméstica segue em compasso de espera de uma eventual reação do varejo e com capacidade de produção ociosa. Não há aquecimento na venda do varejo na ponta final ao consumidor, com isso as malharias não vendem roupa, têxtil, tecido e as fiações não vendem fio. A indústria está mais preocupada em vender o fio que comprar algodão. A baixa liquidez no spot local pressiona os preços da pluma. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias registra recuo de 2,77% nos últimos sete dias, a R$ 3,95 por libra-peso. Em um mês, a queda acumulada é de 2,27%. Hoje, os vendedores destinam ao mercado disponível apenas lotes recusados pela exportação, ou seja, aqueles que ficaram com qualidade abaixo do comprometido na fixação.
Esses lotes giram até abaixo do indicador Cepea pelo padrão inferior ao que é comercializado. Em contrapartida, o ritmo da exportação está mais forte, após os embarques somarem 104 mil toneladas em agosto (ante 63 mil toneladas de agosto de 2022). Geralmente agosto é um mês mais fraco na exportação e foram cerca de 40 mil toneladas a mais embarcadas, um bom volume, o que indica a movimentação das tradings no mercado e o apetite atual. Até a segunda semana de setembro, o Brasil exportou 63,5 mil toneladas de algodão. A média diária de embarque supera em 44% em comparação com setembro de 2022. Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), o Brasil vai exportar 2 milhões de toneladas na temporada 2022/2023, acima do estimado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de 1,685 milhão de toneladas. Com a queda na produção dos outros países, o Brasil em princípio vai suprir a Ásia na safra inteira. A maioria dos contratos que rodam para exportação é de lotes fechados previamente. Poucos acordos novos são fechados.
A fibra que está sendo embarcada foi travada em torno de 85,00 centavos de dólar por libra-peso FOB Porto de Santos (SP). Hoje, para novos contratos, trading estaria disposta a pagar 200 pontos acima do contrato dezembro da Bolsa de Nova York FOB Santos (SP). Este valor seria equivalente a R$ 4,15 por libra-peso ante base Cepea/Esalq de R$ 3,95 por libra-peso. Essa disparidade entre exportação e mercado interno deve-se ao mercado interno mais fraco e ao fato de estarem disponíveis apenas lotes recusados para exportação. A paridade de exportação ficou 1% superior ao índice nacional até 18 de setembro, em virtude do aumento das cotações externas e da desvalorização do dólar frente ao Real. A estimativa de maior volume de algodão em pluma produzido na safra 2023/2024 no Brasil deve exigir uma elevação no ritmo de exportação para escoar o excedente.
Os embarques nacionais, por sua vez, podem ser favorecidos pelas reduções da oferta e do excedente exportável dos Estados Unidos, contribuindo para que o Brasil se confirme como o segundo maior exportador mundial, podendo até mesmo chegar ao topo do ranking. Do lado da oferta, os vendedores continuam voltados ao cumprimento de contratos fechados antecipadamente. O produtor só coloca no mercado interno lote recusado para exportação. A indústria quer pagar R$ 4,05 por libra-peso em algodão bom, o que daria 81,00 centavos de dólar por libra-peso, quando comparado aos atuais 87,00 centavos de dólar por libra-peso da Bolsa de Nova York ou 85,00 centavos de dólar por libra-peso fixado pelo produtor. O produtor prefere entregar os antecipados. A indústria está acreditando que, com safra de 3 milhões de toneladas, vai sobrar algodão para comprarem lá na frente. A Conab estima que 98% da safra 2022/2023 já está colhida. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), dos 98% colhidos, 46% já foram beneficiados.
Para a safra 2023/2024, que será semeada em meados de janeiro de 2024, a Conab prevê produção de 2,99 milhões de toneladas (-5% ante 2022/2023) e exportação de 2,35 milhões de toneladas (+35% contra 2022/2023). Entre 20% e 30% da produção estimada para 2023/2024 já foi comercializada antecipadamente. No momento, as vendas para a próxima safra estão ainda mais devagar que o spot, com baixo interesse do produtor na comercialização. O custo de produção, tirando o frete que está caro, deve diminuir um pouco. Com isso, a área da próxima safra deve pelo menos ser mantida, mas o produtor não está animado em vender neste momento. Ele quer vender logo o que tem em mãos da safra 2022/2023 e pensar na próxima safra mais para frente. As atuais propostas de compra das tradings para a próxima safra apontam deságio de 300 a 400 pontos sobre o contrato de dezembro de 2024, negociado na Bolsa de Nova York. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.