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26/Sep/2023

Brasil deve ultrapassar EUA na produção de algodão

Depois de ser devastada por uma praga chamada bicudo, a produção de algodão no Brasil passou por grandes transformações nos últimos anos. Até os anos 1980, por exemplo, o Brasil era exportador de algodão. A fibra era produzida em São Paulo e no Paraná em pequenas propriedades e colhida manualmente. Na época, a praga acabou com a produção e o País passou a ser importador de algodão nos anos 1990, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). A volta às exportações ocorreu com o cultivo do algodão na Região Centro-Oeste, em grandes propriedades, com colheita mecanizada. A partir dos anos 2000, os agricultores do Centro-Oeste começaram a plantar algodão como 2ª safra, em rotação com o milho.

Em Mato Grosso, que é o maior produtor, 80% do algodão hoje é plantado em 2ª safra. Na produção, o Brasil vai passar os Estados Unidos no ano safra 2023/2024, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A produtividade do algodão brasileiro é hoje de 1.900 quilos por hectare, mais que o dobro da dos Estados Unidos (900 quilos por hectare). Na próxima safra, o Brasil deve ter incremento de área de algodão, pois os preços estão altos, a produtividade é excelente e o milho está hoje com margem negativa. No entanto, ultrapassar os Estados Unidos nas exportações e se tornar líder nas vendas externas é uma possibilidade, se, de fato, a quebra da safra no Estado norte-americano do Texas for maior do que o esperado. Um obstáculo para romper essa barreira é que o consumo interno de algodão no Brasil é grande (cerca de 700 mil toneladas) e supera o dos Estados Unidos, que é de 468 mil toneladas.

O excedente exportável norte-americano é maior do que o brasileiro. De toda forma, além dos ganhos de produtividade, o setor tem investido em qualidade e na sustentabilidade da fibra, uma das exigências dos compradores internacionais. Faz três anos que a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e a Anea iniciaram um programa chamado Cotton Brazil para promover o produto brasileiro no exterior. O programa tem um escritório em Singapura e foram realizadas sete missões internacionais, que trouxeram representantes de 150 indústrias para conhecer como o algodão brasileiro é produzido, isto é, seguindo os critérios de sustentabilidade e qualidade. O algodão brasileiro está ‘trabalhando em silêncio’. A commodity já está repetindo o efeito que a soja provocou no agronegócio brasileiro. Passar os Estados Unidos é um detalhe. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.