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05/Oct/2023

Grifes de moda dos anos 80 e 90 tentam se reinventar

Em recuperação judicial, a M.Officer não é a única grife de vestuário dos anos 80 e 90 que perdeu mercado e prestígio nos últimos anos. Símbolos de status 30 anos atrás, marcas como Triton, Forum, Colcci, Ellus e Dzarm, entre outras etiquetas cobiçadas, são menos reconhecidas no mercado da moda, ainda que algumas continuem em situação financeira confortável. Voltadas ao público A e B, essas marcas (com algumas que já não existem, como Zoomp e Zapping) cresceram em um período em que a economia brasileira era fechada e poucos brasileiros viajavam ao exterior ou tinham acesso às tendências internacionais. Os estilistas dessas grifes se tornaram, assim, referência não só de moda, mas de estilo de vida. Nessa mesma época, conforme o mercado brasileiro se abriu, e marcas de fora começaram a chegar e perdeu força a demanda pelas grifes de luxo locais.

Segundo a Varese Retail, as marcas brasileiras ficaram muito pressionadas em um ambiente mais competitivo, sendo que o consumidor nacional via no produto importado apelo e valor aspiracional maior. Elas também tiveram dificuldade para se reinventar. A consolidação do mercado de moda, nos anos 2000, também pesou sobre essas empresas. Muitas delas, que ditavam as tendências no País, ainda foram compradas, e seus estilistas e criadores, afastados dos negócios. Movimento que fez com que as grifes perdessem a identidade. A consolidação era necessária para a profissionalização do mercado, e trouxe racionalização às operações. Mas, por outro lado, seus criadores eram a alma das marcas. A primeira dessas aquisições foi a da Colcci pelo grupo AMC, o mesmo que, posteriormente, comprou Forum, Triton e Tufi Duek. Na mesma época, Zoomp, Zapping e Fause Haten foram incorporadas à holding I’M - Identidade Moda.

Apesar da perda de espaço, algumas dessas marcas passaram a fazer parte de empresas financeiramente saudáveis. Destaque para o caso do grupo AMC, que tem uma posição sólida. O Grupo Soma, dono da Dzarm, é outro que ostenta resultados positivos. A companhia teve lucro de R$ 85,4 milhões no período do segundo trimestre. O Grupo Soma afirmou que a Dzarm é uma marca versátil, cool e atemporal, que vem acompanhando a evolução da moda e dos comportamentos de consumo por meio do investimento em linhas de moda responsável. A grife teve, em 2022, o maior faturamento de sua história: R$ 261 milhões. O AMC afirmou que o número de peças vendidas das marcas Colcci, Forum e Triton cresceu 76% entre 2019 e 2022. Sobre a Colcci, é destaque a volta da icônica modelo brasileira Gisele Bundchen, sinalizando um novo capítulo para a marca.

Com uma expansão que abrange mais de 3 mil lojas multimarcas e planos de abrir 35 franquias até o fim do ano, a influência do AMC Têxtil na indústria da moda é inegável. Para a ESPM, além da abertura do País nos anos 90 os avanços tecnológicos também afetaram a relevância de grifes que décadas atrás atraíam legiões de fãs. Com a chegada da internet e das redes sociais, muitas marcas não conseguiram “surfar no espírito do momento”, o que deixou essas etiquetas com uma cara mais “datada” em relação a grifes estrangeiras. Sofreram porque não tinham uma estratégia de produto bem desenvolvida, com qualidade e identidade visual. Assim, a memória e o DNA dessas empresas de moda foram se perdendo. Outro fator que abalou o prestígio das marcas foi o avanço do “fast fashion”. Segundo os especialistas, empresas como Zara e Mango (que deixou o Brasil, mas retornou depois) chegaram no início dos anos 2000 tomando espaço das grifes locais.

Apesar de se posicionarem no segmento de “fast fashion”, essas redes chegaram com preços mais altos do que a média em outros países em que operam, ficando como concorrentes diretas das grifes nacionais. A Zara chegou com calça, vestido e blusa. Um guarda-roupa inteiro. Aí as marcas enfrentam dificuldades para competir. E perderam musculatura porque não souberam adaptar os negócios. A Troiano Branding afirma que as etiquetas que mobilizavam os jovens há 30 anos não conseguiram transportar o desejo pelas marcas para o mundo atual. É difícil, no ritmo feroz da moda, estar sempre se renovando e acompanhando as mudanças. As marcas que têm essa capacidade de chegar ao fundo da nossa alma ficam relevantes para a eternidade. O número de marcas que viraram clássicas é bem pequeno. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.