19/Oct/2023
Desajustes em relação a preços ou à qualidade do algodão em pluma limitam a liquidez no mercado spot de algodão nos últimos dias. Os preços internos registram leve recuo, com negociações pontuais para necessidades imediatas e/ou reposição de estoques. Além disso, os players continuam focados no cumprimento dos contratos a termo. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias está cotado a R$ 4,05 por libra-peso. Em um mês, a queda é de 0,55%. Na última semana, porém, em um movimento atípico ao longo do ano, as tradings exportadoras reverteram suas vendas da fibra para o mercado interno. A fibra foi destinada à indústria têxtil interna, que estava bem abastecida, mas agora queimou os estoques e está precisando repô-los, aquecendo a comercialização. Desde janeiro não se observava esse movimento. Porém, a participação das tradings nas vendas para o mercado interno, que alcançou 60% no ano passado, este ano não deve passar de 20%, já que a demanda exportadora segue firme.
Nesta semana, as tradings estão ofertando R$ 4,38 por libra-peso CIF Região Nordeste. Há registro de negócios a R$ 4,23 por libra-peso no mercado spot para a indústria têxtil da Região Sul, valor abaixo da semana passada. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) informou que Mato Grosso deve exportar, na safra 2022/2023 de algodão, 1,72 milhão de toneladas, volume 79,4% maior do que o da temporada 2021/2022. A projeção leva em conta a perspectiva de recuperação na demanda mundial pela pluma nesta safra e o bom ritmo dos embarques desde o início do ciclo (agosto/2023). Em setembro, o volume de algodão exportado por Mato Grosso foi recorde, com 98,08 mil toneladas de pluma, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o que soma 147,72 mil toneladas no acumulado da safra 2022/2023 (agosto a setembro), ou 24,87% mais que nos dois meses da safra 2021/2022.
A China tem demonstrado uma melhora na demanda pela pluma e foi responsável por 52,51% dos envios do acumulado da fibra de Mato Grosso, importando 77,33 mil toneladas, sendo este o maior volume já adquirido no período pelo país. O Ministério da Agricultura informou que o algodão dará uma contribuição negativa para o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) deste ano. O setor vai contribuir com R$ 30,7 trilhões em 2023, valor 6,7% inferior ao registrado em 2022. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que 25% da safra de algodão do país havia sido colhida até o dia 15 de outubro, ante 28% na data correspondente do ano passado e 24% na média de cinco anos. Além disso, 32% da safra norte-americana tinha condição boa ou excelente, aumento de 2% na semana. Um ano antes, essa parcela era de 30%. O relatório mensal de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 12 de outubro, apontou reajuste positivo de 0,2% na produção global 2023/2024 de algodão frente ao estimado em setembro, mas retração de 3,1% em relação à safra 2022/2023, totalizando 24,517 milhões de toneladas.
No Brasil, entre setembro e outubro, houve reajuste positivo de 5,5% no volume da temporada 2023/2024, para 3,17 milhões de toneladas, mas recuos para os Estados Unidos (-2,4%, para 2,791 milhões de toneladas) e a Austrália (-5,6%, a 1,11 milhão de toneladas). Os futuros de algodão negociados na Bolsa de Nova York fecharam em alta nesta quarta-feira (18/10). O vencimento dezembro da pluma, o mais líquido, subiu 101 pontos (1,21%), para 84,24 centavos de dólar por libra-peso. Os preços foram impulsionados pelo fortalecimento do petróleo, que diminui a competitividade de fibras sintéticas e pode estimular a demanda por algodão. Os contratos na ICE registraram queda nos últimos sete dias, pressionados especialmente pela queda do preço do petróleo no mercado internacional, o que tende a melhorar a competitividade da fibra sintética. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.