01/Nov/2023
Os preços do algodão em pluma oscilaram ao longo de outubro no mercado spot nacional. Esse cenário esteve atrelado ao desacordo entre agentes quanto aos valores de negociação e à qualidade dos lotes disponibilizados. Assim, as cotações ora foram pressionadas pela posição firme de compradores, ora sustentadas pelos reajustes pedidos por vendedores. Apesar do maior interesse em novas aquisições, os compradores ofertaram valores inferiores e/ou indicaram não encontrar a pluma dentro das características desejadas. Dessa forma, as aquisições foram pontuais ao longo do mês passado, para repor estoque e/ou para uso imediato. Relatos de agentes indicam que as vendas ao longo da cadeia têxtil apresentaram reação ainda tímida para esta época do ano. Do lado vendedor, parte dos produtores seguiu firme em suas posições, especialmente para a pluma de qualidade superior.
Alguns players se mostraram capitalizados, com boa parte da safra 2022/2023 já comprometida, e, agora, estes vendedores aguardam melhores oportunidades para retornar ao spot. Outra parcela de vendedores esteve flexível, devido à necessidade de caixa e ou de liquidar lotes. Ressalta-se também a atuação de tradings, que entraram no mercado doméstico adquirindo lotes e pagando valores maiores pelo produto, o que influenciou os momentos de alta nos preços. No geral, a liquidez esteve baixa em outubro. Além do desacordo entre agentes, muitos enfrentaram gargalos logísticas, como altos valores de fretes, dificuldade em encontrar caminhão e porto congestionado. No campo, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) indica que o beneficiamento somava 74% da produção nacional até o dia 26 de outubro.
Em Mato Grosso, a atividade chega a 68% da produção, e na Bahia, a 90%. Comerciantes, por sua vez, seguiram realizando negócios “casados” e/ou adquirindo a pluma para atender a programações. Entre 29 de setembro e 30 de outubro, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, recuou 1,4%, fechando a R$ 4,01 por libra-peso no dia 30 de outubro. No entanto, nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador registra alta de 1,05%. A média do Indicador na parcial do mês de outubro, de R$ 4,03 por libra-peso, esteve apenas 0,25% maior que a média de setembro/2023, mas 18,46% inferior à de um ano atrás, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de setembro/2023). A média mensal de outubro também foi 4,6% inferior à paridade de exportação. Em relação às negociações futuras, contratos seguem sendo firmados para entrega nos próximos meses e em 2024, envolvendo produtos das duas temporadas (2022/2023 e 2023/2024) e que devem ser destinados aos mercados doméstico e internacional.
Mesmo com o bom volume esperado de produção, as indústrias já buscam garantir parte de sua matéria-prima na entressafra, especialmente aquelas que precisam de qualidade específica. Os preços destes contratos são pré-fixados e/ou baseados no Indicador e na Bolsa de Nova York. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), em outubro, foi de R$ 4,16 por libra-peso (82,66 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,17 por libra-peso (82,87 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, entre 29 de setembro e 30 de outubro, o vencimento Dezembro/2023 se desvalorizou 4,87%, a 82,91 centavos de dólar por libra-peso; o Março/2023, 3,46%, a 84,88 centavos de dólar por libra-peso; Maio/2024, 3,03%, a 85,82 centavos de dólar por libra-peso; e o Julho/2024, 2,4%, para 86,11 centavos de dólar por libra-peso.
Relatório divulgado no dia 27 de outubro pelo Cotton Outlook indica que a produção mundial da safra 2023/2024 foi estimada em 24,603 milhões de toneladas, 4,85% menor que o volume esperado para 2022/2023 (25,857 milhões de toneladas) e retração de 0,38% frente ao projetado no mês anterior. Quanto ao consumo mundial, houve aumento de 1,93% no mesmo comparativo, indo para 23,816 milhões de toneladas na temporada 2023/2024, com reajuste positivo de 2,36% frente ao estimado em setembro/2023. Logo, a oferta global está 3,3% acima da demanda. Para o Brasil, especificamente, a produção pode chegar a 3,05 milhões de toneladas na temporada 2023/2024, sendo 3,8% inferior à anterior (3,17 milhões de toneladas), enquanto o consumo pode aumentar 3,7%, indo para 700 mil toneladas na safra 2023/2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.