08/Nov/2023
Os preços do algodão em pluma, que atingiram a casa dos R$ 4,00 por libra-peso no encerramento de outubro, voltaram a cair neste começo de novembro. A pressão vem das baixas nos valores externos e da paridade de exportação. Além disso, os vendedores nacionais estão um pouco mais flexíveis nos valores de negociação. A queda no preço interno, contudo, é limitada pela posição firme de uma parcela dos vendedores, especialmente produtores. Do lado da demanda, parte das indústrias se abastece com a matéria-prima de contratos a termo, enquanto outras empresas estão ativas no spot, adquirindo o produto tanto para entrega imediata como realizando algumas novas programações. Ainda assim, a liquidez é baixa e restringida pela dificuldade entre agentes em acordar preço e/ou qualidade da pluma no spot.
Nesse cenário, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuo de 0,42% nos últimos sete dias, a R$ 3,99 por libra-peso. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), é de R$ 3,90 por libra-peso (79,77 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,91 por libra-peso (79,98 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos registram queda, pressionados pelo enfraquecimento no valor do petróleo no mercado internacional e pela elevação do dólar frente a importantes moedas. Esse cenário tende a desestimular a demanda pela fibra natural dos Estados Unidos.
Assim, o vencimento Dezembro/2023 tem desvalorização de 5,92% nos últimos sete dias, a 78,00 centavos de dólar por libra-peso; Março/2023, 4,67%, a 80,92 centavos de dólar por libra-peso; Maio/2024, 4,45%, a 82,00 centavos de dólar por libra-peso; e Julho/2024, 4,01%, para 82,66 centavos de dólar por libra-peso. Dados divulgados no dia 2 de novembro pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) estimam a produção mundial da safra 2023/2024 em 25,141 milhões de toneladas, aumentos de 0,64% frente às informações do início de outubro/2023 e de 2,1% se comparadas às da temporada anterior. O consumo mundial de algodão, por sua vez, deve cair 0,43% frente à temporada 2022/2023, para 23,351 milhões de toneladas, reajuste mensal positivo de apenas 0,16%. Assim, o consumo pode ficar 7,12% inferior à oferta.
Para a exportação mundial, projeta-se aumento de 14,75% frente à safra anterior e estabilidade em relação aos dados do mês anterior, para 9,428 milhões de toneladas na temporada 2023/2024. Nesse cenário, o estoque final deve somar 23,32 milhões de toneladas, com elevação de 9,79% em relação à temporada 2022/2023, mas reajuste positivo de 1,73% sobre os dados de outubro/2023, sendo a segunda safra com aumento significativos e o maior já registrado em toda história do Icac. Dessa forma, espera-se que a relação estoque/consumo global fique próximo de 1, ou seja, aproximadamente 12 meses de consumo. Assim, é provável que o Índice Cotlook A continue entre 85,00 e 95,00 centavos de dólar por libra-peso durante o restante da temporada 2023/2024. Vale considerar que o Icac projeta que o estoque da China deve aumentar 8,63% na safra 2023/2024, para 9,16 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.