23/Nov/2023
A comercialização de algodão no spot nacional se desacelerou na última semana, já entrando no ritmo de fim de ano. A indústria está relativamente comprada para este ano e o produtor, por sua vez, prefere segurar lotes e vender a partir de janeiro, para "fugir" de taxações do Imposto de Renda ainda em 2023. A disparidade de preços entre o que a indústria propõe e o que querem vendedores também trava acordos volumosos com a fibra. O produtor já pagou grande parte das contas que precisava, como financiamento de safra, e não está com pressa de se desfazer de mais lotes. A indústria, por sua vez, compra apenas o que necessita, e assim, com a baixa liquidez, o preço fica estável. As propostas da indústria têm girado em torno de R$ 3,80 por libra-peso, enquanto produtor pedia pelo menos R$ 3,88 por libra-peso, o valor Esalq. Como a comercialização ficou bastante travada ao longo do ano em função da queda de preços da fibra no primeiro semestre, ainda há pelo menos 20% a 25% da safra 2022/2023 disponível. A demanda da indústria tem ocorrido para embarques a partir de janeiro de 2024, período de entressafra da fibra, entre dezembro e julho, e quando fiações têm mais dificuldade de encontrar lotes de qualidade.
A indústria está bem compradora de janeiro em diante, tanto para safra 2022/2023 quanto para safra futura, de 2023/2024. Ainda quanto à safra futura, o mercado já precificou a possibilidade de aumento de área plantada, sobretudo em Mato Grosso, por causa da redução das lavouras de milho 2ª safra de 2024 no Estado que, por sua vez, foram afetadas pelo atraso na semeadura de soja, que acabou encurtando a janela ideal de plantio do cereal. O que se espera é aumento de área de algodão, mas não necessariamente de produtividade. Há preocupação no setor com os efeitos dos fenômenos climáticos El Niño e La Niña sobre o regime de chuvas em Mato Grosso. Então, há expectativa inclusive de queda na produtividade. Sob este aspecto, a Agroconsult confirmou que a expectativa de redução da área plantada de milho deve favorecer o plantio de algodão. Segundo a consultoria, a previsão para a semeadura com a fibra em 2023/2024 deve ser de 1,94 milhão de hectares. Com a área recorde, a estimativa de produção da Agroconsult para a pluma é de 3,7 milhões de toneladas na próxima safra.
No ciclo atual (2022/2023) a produção é estimada em 3,2 milhões de toneladas. É um desafio enorme do ponto de vista de abertura de mercados, da logística, e da competição internacional. O algodão foi uma cultura agrícola que não teve a mesma derrocada de preços, como a soja e o milho, ao longo do ano. Os preços chegaram a ceder com o início do conflito entre Israel e Hamas, mas a expectativa é trabalhar em níveis de 82,00 e 83,00 centavos de dólar por libra-peso na safra 2023/2024. A manutenção do preço, atrelada à redução significativa do custo de produção, que chegou a alcançar R$ 18 mil por hectare e agora voltou ao nível de R$ 12 mil a R$ 14 mil por hectare, permitirá uma rentabilidade muito boa para a pluma na safra 2023/2024. O crescimento da área plantada é resultado disso. Diante dessa expectativa, os produtores terão de esticar o tempo de uso das algodoeiras. O algodão vai chegar no limite da capacidade de beneficiamento. O País poderá ter de importar máquinas dos Estados Unidos para abastecer o crescimento de área da próxima safra.
O Brasil deverá superar os Estados Unidos nas exportações de algodão. No ciclo atual, o País ultrapassou os norte-americanos em produção (3,2 milhões de toneladas em comparação com 2,9 milhões de toneladas dos Estados Unidos). O preço só não está caindo para a safra futura porque, além da perspectiva de menor produtividade, há previsão de retomada do consumo global de algodão, com melhora na economia dos Estados Unidos e da Europa, principalmente. No Brasil também se espera melhora dos dados econômicos, o que favorece o consumo de algodão. Tudo isso, incluindo a queda de juros nos Estados Unidos e no Brasil, além da melhora da economia chinesa, favorecem a demanda das fiações. As exportações de algodão apresentam na parcial de novembro. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a atual média diária de exportação está em 15.383 toneladas, contra 13.430 toneladas em novembro/2022 (+14,54%). Se esse ritmo de escoamento se mantiver até o encerramento deste mês, as exportações de pluma em novembro (safra 2022/2023) podem superar as 300 mil toneladas, o que seria o maior volume em quase três anos.
Nos primeiros 11 dias úteis de novembro, os embarques brasileiros de algodão em pluma somaram 169,21 mil toneladas, ainda 25% abaixo de todo o volume embarcado em outubro/2023 e 37% inferior ao escoado em novembro/2022 (de 268,59 mil toneladas). Quanto aos preços, o valor médio da pluma exportada estava em,87,42 centavos de dólar por libra-peso na parcial de novembro/2023, baixa de apenas 0,2% no comparativo mensal (87,55 centavos de dólar por libra-peso) e retração de 1,6% no anual (88,84 centavos de dólar por libra-peso). Em moeda nacional, o preço da exportação tem média de R$ 4,89 por libra-peso, 9,66% acima da praticada no mercado interno (Indicador Cepea/Esalq), de R$ 3,90 por libra-peso na parcial de novembro. Na parcial de novembro, o Indicador registra baixa de 4,03%. Apesar disso, a cotação interna está, em média, 1,1% superior à paridade de exportação, considerando-se a média da parcial do mês. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.