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05/Dec/2023

Shein: início dos procedimentos para IPO nos EUA

A Shein, um dos maiores nomes de fast fashion no mundo, iniciou os trabalhos para a sua tão aguardada abertura de capital. A empresa acaba de apresentar um pedido confidencial para uma oferta pública inicial de ações (IPO) junto aos reguladores norte-americanos, numa transação com potencial de ser uma das maiores de Wall Street em 2024, após dois anos de baixa no maior mercado de IPOs no mundo. No Brasil, por exemplo, não há ofertas iniciais desde agosto de 2021. Avaliada em US$ 66 bilhões em maio, em sua última rodada de captação, a companhia fundada na China, mas com sede em Singapura, deve buscar um valor de mercado que pode chegar a US$ 90 bilhões. Para chegar lá, a Shein escalou um trio de pesos pesados de Wall Street: Goldman Sachs, JPMorgan Chase e o Morgan Stanley. Para conseguir se listar em Wall Street, a Shein, que tem entre seus investidores nomes como a gestora General Atlantic, o Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, e a Sequoia Capital, do Vale do Silício, terá desafios importantes à frente.

Dentre eles, comprovar boas práticas de trabalho em suas linhas de produção e na confecção de suas peças, garantindo que não viola leis trabalhistas nem rouba ideias de costureiros independentes. Em meio à piora da relação entre Estados Unidos e China, seus laços com a China também vão ser monitorados com lupa. Reportagem recente da CNBC mostra que a empresa não faz referências à China em seu site norte-americano, apenas se limitando a dizer que foi criada lá, mas agora é internacional e tem sede em Singapura. Com operação em 150 países, sendo os Estados Unidos o seu maior mercado, a empresa busca um IPO para expandir o seu alcance global. No universo do fast fashion, a Shein já ultrapassou nomes consolidados como Zara e H&M e teve receitas de US$ 23 bilhões no ano passado, com lucro líquido de US$ 800 milhões. Segundo o The Wall Street Journal, a empresa disse a investidores que nos três primeiros trimestres de 2023 teve receita e lucro ainda maiores. Para ajudá-la a ganhar o mundo, a Shein nomeou o executivo Marcelo Claure, com ampla experiência nos Estados Unidos e na América Latina, ao trabalhar no gigante japonês SoftBank, como o número dois de sua operação.

Ele foi o responsável por trazer a marca para o Brasil e para a América Latina, onde conseguiu ganhar o gosto dos consumidores assim como fez com o público norte-americano. Claure está otimista com a região. Se conseguir ter sucesso no Brasil, que é um país considerado complicado, do ponto de vista tributário, do ponto de vista logístico, do ponto de vista regulatório, haverá sucesso em qualquer outro mercado. O Brasil é o segundo país do mundo onde a Shein tem fábricas locais. A empresa se comprometeu a ter 2 mil parceiros de manufatura em até 3 anos diante da intenção do governo brasileiro de taxar produtos importados de valores de até US$ 50,00. Em apenas quatro meses, a Shein já abriu mais de 330 fábricas e soma hoje mais de 45 milhões de clientes que baixaram o seu aplicativo. Depois de dois anos de baixa em Wall Street, a expectativa é grande em torno do IPO da Shein, que pode ser o maior de 2024 e na história recente. Neste ano, o título ficou com a empresa de chips britânica Arm Holdings, controlada pelo Softbank, avaliada em US$ 55 bilhões em setembro.

Até então, o maior IPO havia sido em 2021, da Rivian Automotive, que foi avaliada em US$ 77 bilhões na época. Banqueiros de investimento nos Estados Unidos têm demonstrado mais otimismo com a retomada do mercado de IPOs em 2024, ancorados nas ofertas realizadas nos últimos meses. Ainda assim, algumas operações foram impactadas, com acionistas tendo de baixar o preço de suas ações para convencer os investidores. A guerra no Oriente Médio adicionou mais incertezas em um cenário que começava a desanuviar. Assim, algumas das empresas que recentemente abriram o capital viram o preço de suas ações cair abaixo dos níveis do IPO. Apesar disso, o Goldman Sachs afirmou que está encorajado com a reabertura do mercado de capitais norte-americano. Se as condições continuarem favoráveis, é esperada a continuação da recuperação tanto para os mercados de capitais como para a atividade estratégica. O volume financeiro de IPOs nos Estados Unidos deve mais que dobrar neste ano frente a 2022, quando movimentou US$ 8,6 bilhões, conforme a Dealogic.

O montante está, contudo, bem abaixo das gordas cifras vistas em Wall Street no passado. Em 2021, os Estados Unidos foram palco de quase 400 IPOs, com um volume total de US$ 154 bilhões, segundo a Dealogic. No Brasil, são dois anos e meio sem nenhum IPO, a maior ressaca em mais de 20 anos. O sucesso de operações como a da Shein vai ser determinante para ver o apetite dos investidores por novas ações, no mercado local e no exterior. Os IPOs nos Estados Unidos e no resto do mundo, só vão ganhar tração quando ficar mais claro os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) para os juros no país. Ainda não está totalmente claro, por exemplo, se será preciso nova alta das taxas embora o mercado tenha precificado o fim dos aumentos nas últimas semanas. Pela frente, se a sinalização for de que os juros vão começar a cair em meados de 2024, as ofertas de ações voltam a acontecer e ajudam também a destravar o mercado brasileiro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.