06/Mar/2025
As novas tarifas da China sobre o algodão dos Estados Unidos adicionam mais um fator de incerteza ao mercado global da pluma, potencialmente favorecendo o Brasil como fornecedor alternativo. No entanto, o impacto positivo pode ser limitado pela fraca demanda chinesa e pela pressão baixista sobre os preços internacionais. O governo chinês anunciou tarifas adicionais de 10% sobre o algodão norte-americano, em resposta às barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos. O movimento reacende o que foi observado na guerra comercial de 2018-2019, quando a China redirecionou parte das compras de soja para o Brasil, resultando em um descolamento entre os prêmios internos e as cotações da Bolsa de Chicago. Segundo a StoneX, a diferença agora é que, ao contrário da soja, o algodão depende diretamente dos ciclos econômicos.
A China tem comprado menos algodão no agregado e enfrenta desafios econômicos internos. Então, embora o Brasil possa ganhar espaço, o volume total absorvido pela China pode ser menor. A China importou 760 mil toneladas de algodão dos Estados Unidos em 2024, abaixo dos picos superiores a 1,2 milhão de toneladas registrados em anos anteriores. Com as tarifas, a tendência é de retração nas compras norte-americanas, o que pode afetar ainda mais os preços da pluma na Bolsa de Nova York. Os futuros do algodão na Bolsa de Nova York operam sob forte volatilidade. Nesta quarta-feira (05/03), o vencimento maio/2925 recuou 32 pontos (0,51%), para 62,92 centavos de dólar por libra-peso. O mercado tem sido pressionado pela queda do petróleo, que reduz a competitividade do algodão em relação às fibras sintéticas. No entanto, a desvalorização do dólar ante outras moedas ajuda a limitar as perdas.
O algodão norte-americano já estava em um patamar depreciado, próximo de níveis observados apenas em momentos críticos, como a pandemia. A nova rodada de tarifas deve reforçar a tendência baixista para Bolsa de Nova York. No Brasil, o mercado doméstico mostra maior estabilidade. O Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, fechou o dia 28 de fevereiro a R$ 4,17 por libra-peso, acumulando alta de 1,55% no mês passado. O desempenho reflete uma postura cautelosa dos vendedores e a volatilidade externa. Além das tarifas, a China também anunciou um amplo plano para reforçar sua segurança alimentar e reduzir a dependência de importações agrícolas, com a destinação de US$ 18 bilhões para estoques estratégicos de grãos, óleos comestíveis e insumos agrícolas. O pacote inclui algodão, mas não detalha volumes, o que gera dúvidas sobre o apetite de compra chinês nos próximos meses. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.