06/Mar/2025
Os preços médios mensais do algodão em pluma estão estáveis no mercado interno desde o início deste ano. Agora, com acirramento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, a demanda externa pela pluma do Brasil tende a se aquecer, o que, por sua vez, pode ajudar a enxugar os elevados excedentes e, consequentemente, dar sustentação às cotações domésticas. No spot nacional, as negociações foram limitadas ao longo de fevereiro pela divergência quanto aos preços acirrada entre os agentes. A dificuldade em aprovar os lotes disponibilizados fez com que alguns players muitas vezes evitassem até mesmo discutir os valores. Isso levou os vendedores a darem maior atenção ao mercado externo. Lotes não aceitos por indústrias domésticas foram redirecionados às exportações.
Os produtores também estiveram focados nas atividades de campo e no cumprimento dos contratos a termo, prevalecendo a posição firme especialmente para lotes com qualidade superior. Segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a semeadura já está praticamente encerrada, com 99,87% da área da safra 2024/2025 até o dia 27 de fevereiro. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra alta de 1,55% nos últimos sete dias, a R$ 4,17 por libra-peso. A média de fevereiro, de R$ 4,14 por libra-peso, ficou 5,7% acima da paridade de exportação, a maior vantagem para a cotação interna desde março/2023, quando o Indicador ficou, em média, 12,1% acima da paridade. A média mensal de fevereiro ficou 0,3% abaixo da de janeiro/2025 e 7,22% inferior à de fevereiro/2024, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de janeiro/2025).
Em dólar, no mês passado, a média do Indicador à vista foi de 71,69 centavos de dólar por libra-peso, 8,2% superior à do primeiro vencimento na Bolsa de Nova York, de 66,25 centavos de dólar por libra-peso, mas 8,1% inferior à média do Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente, de 78,03 centavos de dólar por libra-peso. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 3,97 por libra-peso (67,37 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,98 por libra-peso (67,55 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Na Bolsa de Nova York, os primeiros contratos se enfraqueceram em fevereiro. Entre 31 de janeiro e 28 de fevereiro, o vencimento Março/2025 se desvalorizou 3,04%, a 63,88 centavos de dólar por libra-peso no dia 28 de fevereiro; o contrato Maio/2025 recuou 2,67%, a 65,25 centavos de dólar por libra-peso; para Julho/2025, houve baixa de 2,7%, a 66,39 centavos de dólar por libra-peso, e, para o Outubro/2025, de 1,41%, a 68,02 centavos de dólar por libra-peso. A primeira estimativa de intenção de cultivo na temporada 2025/2026 nos Estados Unidos, divulgada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 27 de fevereiro, aponta redução expressiva de 11% na área destinada ao algodão, para 4,05 milhões de hectares, com área colhida na casa de 3,5 milhões de hectares.
O USDA aponta que a diminuição é resultado dos baixos preços absolutos e relativos com culturas concorrentes em área, o que desestimula os produtores. Mesmo assim, a oferta poderá ficar em linha com a da temporada 2024/2025, diante de recuperação da produtividade. As exportações norte-americanas devem crescer, mas não o suficiente para superar os volumes embarcados pelo Brasil, que deverá se manter como principal exportador mundial. Dados divulgados no dia 3 de março pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) indicam a produção mundial da safra 2024/2025 em 25,688 milhões de toneladas, reajuste positivo de 0,55% frente ao relatório de fevereiro e 6,52% superior à de 2023/2024.
O consumo mundial de algodão, por sua vez, aumentou 0,41% de um mês para o outro, podendo chegar em 25,527 milhões de toneladas, com elevação de 2,27% frente ao da safra 2023/2024 e somente 0,63% abaixo da oferta. No entanto, a exportação mundial teve crescimento de 2,6% no comparativo mensal, mas ainda registra recuo de 0,26% frente à temporada anterior, devendo somar 9,858 milhões de toneladas na safra 2024/2025. O estoque final foi projetado em 18,775 milhões de toneladas, altas de 0,86% em relação à safra 2023/2024 e de 0,47% frente aos dados de fevereiro/2025. Quanto ao preço da temporada 2024/2025, o Icac aponta média do Índice Cotlook A inalterada, por mais um mês, em 94,00 centavos de dólar por libra-peso, variando de 92,00 centavos de dólar por libra-peso a 97,00 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.