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13/Mar/2025

Preços do algodão com tendência de alta no Brasil

Os preços do algodão brasileiro mantêm-se em faixa estreita de oscilação, mas com tendência de alta, atingindo os maiores valores em um ano, mesmo diante de um cenário global de pressão sobre as cotações. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) elevou sua projeção para as exportações brasileiras em 2024/2025 para 2,83 milhões de toneladas, aumento de 1,6%, refletindo o forte ritmo de embarques do País. Segundo o Itaú BBA, o Brasil está com prêmio em relação à Bolsa de Nova York, o que tem a ver com o período de entressafra e não por aquecimento da demanda. No limite, esse prêmio acaba favorecendo a exportação e não deixa o preço interno cair mais. No mercado físico, o Indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea)/Esalq para o algodão em pluma, com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 4,21 por libra-peso. Em dólar, o Indicador está cotado a 72,43 centavos de dólar por libra-peso. Nas últimas cinco sessões, o preço oscilou entre R$ 4,20 e R$ 4,23 por libra-peso, mostrando a estreita faixa de negociação atual.

A guerra comercial entre Estados Unidos e China tem influenciado diretamente o mercado. Na segunda-feira (10/03), entrou em vigor a tarifa chinesa de 15% sobre o algodão norte-americano, uma retaliação à tarifa de 20% imposta pelo governo de Donald Trump sobre produtos chineses. Esse movimento influencia os contratos futuros de algodão na Bolsa de Nova York. Os dados mais recentes da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que o Brasil exportou 274,63 mil toneladas de algodão em fevereiro, um recorde para o mês, embora 33,9% inferior ao volume de janeiro. No acumulado de 12 meses (março/2024 a fevereiro/2025), os embarques ultrapassaram 2,9 milhões de toneladas, um avanço de 17% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Os principais destinos da pluma brasileira são China (22%), Vietnã (20%), Paquistão (17%), Bangladesh (13%), Turquia (9%), Índia (6%) e Indonésia (6%), que juntos absorvem 93% do volume exportado. Com isso, o USDA reduziu sua projeção para os estoques brasileiros, agora estimados em 832 mil toneladas, uma queda de 5% em relação ao mês anterior.

O relatório mensal de oferta e demanda do USDA trouxe poucas mudanças no quadro geral da commodity. A produção global foi estimada em 26,336 milhões de toneladas, aumento de 0,4% em relação à previsão anterior. A expectativa para os embarques mundiais subiu 0,5%, para 9,298 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, a estimativa de produção foi mantida em 3,138 milhões de toneladas, com estoques finais de 1,067 milhão de toneladas. A única alteração relevante foi a redução do preço médio estimado, de 63,50 centavos de dólar por libra-peso para 63,00 centavos de dólar por libra-peso. Na China, a produção foi revisada para cima e deve alcançar 6,913 milhões de toneladas, alta de 2,4%. Esse aumento na China e a redução nas importações não devem mudar o movimento na Bolsa de Nova York no curto prazo. O mercado segue pressionado e depende mais de impulsos econômicos do que da oferta. Até que o impacto do conflito comercial seja absorvido pelo mercado, os preços devem continuar sem sinais de valorização expressiva no curto prazo.

O setor industrial brasileiro mostra sinais de recuperação, com aumento da demanda por manufaturados. Dados do IBGE apontam crescimento de 1,4% na fabricação de produtos têxteis entre dezembro/2024 e janeiro/2025 e um avanço de 17,5% na comparação anual. O segmento de tecelagem, exceto vestuário cresceu 42% no mesmo intervalo, enquanto o de "fabricação de tecidos de malha" registrou alta de 15,7%. Para os próximos meses, o mercado observa o impacto da redução de área plantada nos Estados Unidos. O Outlook Forum indicou um corte de 500 mil hectares na área norte-americana para a safra seguinte. Se isso se confirmar, pode haver alguma movimentação nos preços, mas no curto prazo o efeito é limitado. Sobre um possível benefício ao Brasil com a guerra tarifária, o impacto é restrito. O Brasil já está a caminho de renovar o recorde de exportação. O fato de a China estar afastada do mercado norte-americano pode favorecer o Brasil, mas não significativamente, já que o país já ocupa espaço em outros destinos, principalmente na Ásia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.